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Aplicabilidade da tecnologia de ultrafiltração em comunidade de pequeno porte com gestão unicomunitária

Resumo

A autogestão é uma solução para algumas populações, normalmente localidades isoladas e de pequeno porte, nas quais a arrecadação é limitada e inferior aos investimentos aportados no sistema. O sucesso de um modelo de gestão comunitária implantado advém da capacidade de gerenciar o sistema para garantir seu funcionamento adequado de forma continuada, sendo seu sucesso relacionado à boa articulação e organização da comunidade. O presente estudo objetivou analisar o projeto piloto implantado na localidade de Limoeiro, município de Castelo, no interior do Espírito Santo, que contempla a utilização de uma estação de tratamento de água compacta de ultrafiltração com capacidade de tratamento de 3,0 l/s, visando análise de uma alternativa de tratamento que proporcionaria disponibilização à comunidade de água tratada, em um sistema com facilidade operacional e baixo custo de operação. O desafio do tratamento de água contempla restrições de áreas disponíveis para instalação dos sistemas, degradação da qualidade dos mananciais disponíveis, além de condições operacionais adequadas, visando assim diminuição no custo operacional e perenidade do sistema implantado.

Diante do estudo foi possível identificar peculiaridades que devem ser analisadas e consideradas na fase de estudos e elaboração dos projetos como: definição da casa de operação com arquitetura adequada para receber a unidade de tratamento; previsão de equipamentos de laboratório essenciais para a operação; atenção à pressão mínima de entrada necessária ao pleno funcionamento hidráulico do conjunto; previsão de reuso do efluente de retrolavagem; prévia composição de custos de manutenção incluindo os tempos de substituição dos elementos filtrantes, visando haver caixa disponível para tal, a comunidade deve ser ativa e manter contínua a gestão do sistema. Como pontos de melhorias faz-se necessário o controle do volume de água gasto na retrolavagem e assepsia das membranas, bem como de controle de vazão de entrada e saída da ETA. Além disso, é importante que a comunidade tenha um número de ligações compatível com a arrecadação necessária para manter a operação e substituição de elementos de forma preventiva e periódica.

Introdução

A carência no acesso à água potável implica em situações de riscos à população, como a utilização de mananciais sem qualidade sanitária e, por esse motivo, as comunidades necessitam de instalações adequadas de abastecimento de água. O desafio do tratamento de água contempla ainda, as restrições de áreas disponíveis para instalação dos sistemas, degradação da qualidade dos mananciais disponíveis, além de condições operacionais adequadas, visando assim a diminuição no custo operacional e perenidade do sistema implantado (FERREIRA et al, 2015; MIERZWA et al, 2008; DARONCO et al, 2015).

Lermontov et al (2015) dissertam sobre a dificuldade da aplicação de inovações no tratamento de água por serem consideradas onerosas, tanto na implantação quanto na operação, se comparado às tecnologias convencionais. Entretanto, com o rigor nos parâmetros impostos pela Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde faz-se necessária a busca por novas tecnologias de tratamento que atendam aos requisitos normativos. Schneider e Tsutya (2001) descrevem a capacidade de atender às novas rigorosas metas da legislação, o esgotamento de mananciais de água potável próximo aos núcleos urbanos e a redução no custo de operação, como diferenciais que impulsionam a adoção da tecnologia de membranas para tratamento de água. Já States et al (2000) põe como desvantagem a necessidade de pressões específicas para funcionamento do sistema de membranas e o tempo de troca dos materiais filtrantes, fatores que podem onerar a operação do sistema, seja com custos de energia elétrica ou com aquisição periódica de materiais.

O Modelo de Gestão Unicomunitário, é entendido como aquele arranjo de gestão para operação e manutenção do sistema de abastecimento e tratamento de água de uma única comunidade (SÉRIE ÁGUA BRASIL, 2016). A autogestão é uma solução para algumas populações, mas nessas localidades isoladas e de pequeno porte, a arrecadação é limitada e inferior aos investimentos aportados no sistema. O sucesso de um modelo implantado advém da capacidade de gerenciar o sistema para garantir seu funcionamento adequado de forma continuada, sendo seu sucesso relacionado à boa articulação e organização comunitária. Assim, como em grandes sistemas, a composição da tarifa a ser paga pela população deve prever inadimplência, custos de manutenção, quantidade de água consumida e condições econômicas dos usuários (GONTIJO, 2016; ATAÍDE et al, 2012).

Diante disso, o presente trabalho objetiva demonstrar a aplicabilidade da tecnologia de ultrafiltração em localidades de pequeno porte com gestão unicomunitária, e para tal apresenta-se o projeto piloto em Limoeiro, município de Castelo, interior do Estado do Espírito Santo. A referida comunidade possui gestão unicomunitária/autogestão, com carências específicas que limitam a definição da tecnologia de tratamento, seja por simplicidade operacional ou por baixa arrecadação para manutenção e operação de um sistema de abastecimento de água.

Autores: Érica Andrade Rebouças e Márcia Maria Parreira Alves de Azevedo.

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