BIBLIOTECA

Como estamos solucionando a contaminação por compostos perfluorados?

Em muitos aspectos, a questão atual da contaminação de compostos perfluorados (PFCs) em fontes de água potável, imita a da crise de contaminação por chumbo, originado em 2015.

As preocupações com a contaminação por PFC inicialmente, fizeram as principais manchetes quando os moradores de Hoosick Falls, em Nova York, foram informados para não consumir sua água potável pela US EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos), porque verificou-se altos níveis de ácido perfluorooctanóico (PFOA). Desde então, as comunidades de todo o país descobriram que sua própria água potável era insegura, devido à contaminação por PFC, bem como os alertas vermelhos que foram levantadas nos EUA, após a revelação de que a água em Flint, Michigan, teria sido contaminada por chumbo devido a desatualização das linhas de serviços.

 

contaminacao-compostos-perfluorados

Fonte: Rockford Dam

 

A fim de cortar custos, as autoridades optaram pelo desligamento do sistema hídrico de Detroit e passaram temporariamente a utilizar agua do Rio Flint para abastecer a cidade, até que um novo reservatório ficasse pronto. Acontece que a água do rio era altamente corrosiva, o que levou as antigas tubulações da cidade a se desfazerem, liberando quantidades toxicas de chumbo.

A Resposta do Governo Federal

Mas enquanto a solução a longo prazo, da contaminação por chumbo pareça ser uma revisão fundamental da infraestrutura sepultada no país, um esforço que poderia custar mais de US$ 275 bilhões segundo estimativas, a questão da contaminação por compostos perfluorados (PFC) parece mais fácil de ser enfrentada.

Embora predomine nas áreas afetadas, a contaminação por PFC parece existir apenas em partes isoladas do país onde operações militares ou industriais lixiviaram os produtos químicos para as fontes de água. E, ao contrário do chumbo que vem de pipelines de água potável, os PFC são tratáveis ​​em plantas de água potável antes que as fontes contaminadas cheguem às residências.

Em um aceno para resolver esse problema, a EPA anunciou recentemente um “esforço interinstitucional” para abordar as substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas (PFAS). O anúncio indicou a confiança da EPA, que poderia identificar ações a curto prazo a tomar em comunidades locais afetadas por PFCs, coordenar informações e ferramentas com agências locais e aumentar os esforços em pesquisa para uma solução.

“Proteger a saúde pública e garantir que todos os americanos tenham água potável segura e limpa é uma das principais prioridades da EPA”, disse à Agência Water Online em comunicado. “Em dezembro de 2017, a EPA reafirmou o seu compromisso de apoiar os estados e a sociedade para enfrentar as PFAS e continua com o esforço interinstitucional para garantir que as comunidades de todo o país, tenham as ferramentas necessárias para combater esses produtos químicos”.

Trabalho local

Mas pode ser imprudente para as comunidades que atualmente lidam com a contaminação confirmada do PFC, ou aqueles que suspeitam, esperar pela ajuda federal. Um porta-voz da EPA se recusou a elaborar o que exatamente seria o “esforço institucional”. Eles também se recusaram a comentar sobre as ações que a agência poderia tomar para intensificar seus padrões de água potável para PFCs, que atualmente permanecem como avisos de saúde inaplicáveis para as PFAS.

A EPA estabeleceu níveis de alerta de saúde em 70 partes por trilhão (ppt) tanto para ácido perfluorooctanóico (PFOA) quanto para ácido perfluorooctanessulfônico (PFOS). Mas muitos reguladores locais, nas áreas onde os cidadãos podem estar bebendo PFC sob este nível de concentração, acreditam que são necessários limites mais rígidos.

“Os produtos químicos PFAS são perigosos para a saúde humana e podem causar cânceres, defeitos congênitos, doenças da tireoide e do fígado e outras condições graves”, disse Winnie Brinks, democrata do Michigan, que propôs um limite para as PFAS de 5 ppt em seu estado, que seria o menor do país. “O estado tem a obrigação constitucional de proteger e promover a saúde pública em Michigan e isso inclui garantir que nossa água potável esteja limpa”.

Os esforços de Brinks são sem dúvida, inspirados pelo fato de seu estado estar lidando com uma das instâncias de maior contaminação por PFC. No ano passado, uma planta de Rockford em Michigan, causou contaminação que levou o PFOA e PFOS em 400 vezes recomendado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), na captação de origem. Os fatos ocorridos no estado de Michigan, em Flint, estão influenciando a ação agressiva contra os PFCs.

“Durante anos, nosso estado tem sido manchete nacional devido à contaminação da água em Flint”, disse Brinks. “Michigan é o lar do maior suprimento mundial de água doce. Devemos proteger esse abastecimento de água e o estado precisa proativamente proteger a saúde de sua população. Espero que o estado tenha aprendido com os seus erros no manuseio da crise da água em Flint e que essas lições sejam aplicadas efetivamente para resolver os danos causados pela contaminação pelas PFAS. ”

Mas Michigan não é o único estado que está considerando as questões de contaminação por PFC. Vermont estabeleceu seu limite de PFOA e PFOS em 20 ppt. New Jersey estabeleceu um limite de PFOA em14 ppt. Os limites de Minnesota são cerca de metade dos valores recomendados pela Agência de Proteção Ambiental (EPA).”

“Michigan não é o único, nem o primeiro estado que vem trabalhando para resolver a contaminação por PFAS”, disse Brinks. “Vermont, Nova Jersey e Minnesota tomaram alguma ação para limitar o PFAS na água potável. Eu antecipo que muitos outros estados estão, ou estarão em breve, verificando as respostas a esse contaminante e seu impacto na saúde e no meio ambiente “.

A Abordagem Holística

Embora os estados continuem apresentando seus próprios limites de PFC, mais rígidos em vez da ação reguladora federal, a EPA parece fazer avanços na promessa de mais ações.

Em Rockford, por exemplo, a agência está ajudando o Departamento de Qualidade Ambiental, do Estado de Michigan a determinar a amplitude da contaminação por PFC causada pelo fabricante de calçados Wolverine World Wide, o que, em última análise, deve ajudar o Estado na reação do problema. Também está apoiando os esforços na Carolina do Norte, onde a fabricação de Teflon resultou em contaminação.

“A EPA está apoiando a resposta do Departamento de Qualidade Ambiental, do Estado de Michigan à contaminação por PFAS de poços residenciais das várias operações da Wolverine World Wide Inc. na área de Rockford, Michigan”, disse o porta-voz da EPA. “A agência também está fornecendo suporte técnico ao Estado da Carolina do Norte e ajudando a determinar as medidas apropriadas para abordar a presença de substâncias químicas na água potável”.

A contaminação por PFC pode ser resolvida com o fim da sua produção e limites mais rigorosos da sua presença em fontes de água potável. Embora esses limites constituam um ônus adicional para as operações de tratamento de água potável, eles serão o primeiro passo na obtenção de uma melhor tecnologia de tratamento e na tomada de mais ações para proteger os consumidores. Como a EPA avalia a sua necessidade de pressionar os limites federais e intervém em casos individuais, entretanto, cabe aos consumidores pressionar a mudança e os líderes locais para fazê-lo.

“Embora eu acredite que Michigan deva assumir um papel de liderança ao abordar as PFAS, eu não diria que outros estados estão atrasados nesta luta”, disse Brinks. “Enquanto as PFAS existem há décadas, as informações que temos sobre os sérios danos causados por esses produtos químicos é relativamente nova. Quanto mais cedo tomarmos medidas para tirar esses produtos químicos prejudiciais da água, melhor”.

 

Fonte: Water Online, Peter Chawaga, adaptado por Portal Tratamento de Água

Traduzido por Gheorge Patrick Iwaki

ÚLTIMOS ARTIGOS: