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Condições sanitárias dos sistemas alternativos de abastecimento de água da região de duas bocas em Cariacica (ES)

Resumo

As dificuldades de acesso a qualquer fonte de água potável ainda se constitui como desafio e uma realidade para milhares de famílias localizadas em áreas rurais, em especial aquelas de baixa renda. Esta pesquisa teve como objetivo analisar as condições sanitárias dos Sistemas Alternativos de Abastecimento de Água na região rural do município de Cariacica – Duas Bocas – ES, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das famílias abastecidas por esses sistemas. Foram realizadas visitas a 17 propriedades rurais com a aplicação de questionários. Buscou-se informações sobre o tipo de abastecimento de água e características relativas à localização, estrutura física, tipo de captação, armazenamento, manuseio, tipo de tratamento, condições das canalizações. Também foram levantadas percepções de moradores dessas propriedades em relação à qualidade da água consumida e às medidas adotadas para melhorar ou preservar a qualidade da água consumida. Foram identificados 7 sistemas alternativos de água. Foram coletadas amostras de água desses Sistemas para análise dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos (pH, cor e turbidez, coliformes totais e termotolerantes). As amostras foram colhidas diretamente das fontes e encaminhadas para a Companhia Espírito Santense de Saneamento para análise (microbiológicas e físico-químicas). Os resultados das amostras de água obtidos foram comparados à legislação brasileira vigente de potabilidade da água do Ministério da Saúde, e mostraram positividade tanto para Coliformes Totais quanto para Escherichia coli. A presença de coliformes totais em 100% das amostras de água indica que as mesmas são inadequadas ao consumo humano. Ainda mais preocupante é a presença de E.coli em 85,71% das amostras de água, indicando a possibilidade da presença de outras bactérias patogênicas, bem como vírus, protozoários e fungos provenientes de contato com material fecal. A água utilizada na propriedade rural foi considerada um importante fator de risco à saúde dos moradores que a utilizam. A adoção de medidas preventivas, visando à preservação das fontes de água, são as ferramentas necessárias para evitar consideravelmente o risco de ocorrência de enfermidades de veiculação hídrica.

Introdução 

A garantia de uma água de boa qualidade e em quantidade suficiente é requisito essencial para a proteção da saúde pública. Assim, evitar a contaminação em todo sistema de abastecimento de água, com medidas educativas e de segurança deve ser assegurado por meio de políticas públicas.

As dificuldades de acesso a qualquer fonte de água potável ainda se constitui desafio e uma realidade para milhares de famílias localizadas em áreas rurais, em especial aquelas de baixa renda (GONÇALVES; LIMA, 2011). Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD (IBGE, 2010), apenas 33,2% dos domicílios nas áreas rurais estão ligados a redes de abastecimento de água com ou sem canalização interna. No restante dos domicílios rurais 66,8%, a população capta água de chafarizes e poços protegidos ou não, diretamente de cursos de água sem nenhum tratamento ou de outras fontes alternativas geralmente inadequadas para o consumo humano.

Tendo em vista a situação relatada, esse cenário contribui diretamente para o aparecimento de doenças de veiculação hídrica, parasitoses intestinais e diarreias, as quais são responsáveis para a elevação da taxa de mortalidade infantil, que persistem pela negligência existente com a população rural, no que diz respeito às condições de captação e uso da água, quando comparada com as residências nos centros urbanos (ROCHA et al., 2006). Marinho e Santos (2011) afirmam que a água é veículo de transmissão de diversas doenças, sendo responsável por altos índices de mortalidade infantil em regiões onde sua acessibilidade é difícil, quando a disponibilidade também é precária ou quando manuseada sem os cuidados de higiene, ou ainda quando se encontra em estado de contaminação.

Autores: Jeferson Monteiro do Nascimento; Jeferson Monteiro do Nascimento e Marluce Martins de Aguiar.

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