Resumo
O maior consumo de área, e provavelmente o maior custo de investimento, em estações de tratamento de esgotos convencionais ocorre na etapa de sedimentação secundária. De fato, valores de literatura recomendam valores de até 28 m³/m²/d como taxa de aplicação superficial para decantação secundária de lodos ativados. Uma tentativa para redução da área empregada na clarificação é a utilização de decantação lamelar – tecnologia que foi incluída na última revisão da norma ABNT NBR 12.209/2011, sem citar, no entanto, valores de dimensionamento. Sendo assim, o presente trabalho vem relatar resultados de um estudo piloto de decantação lamelar para lodos ativados, na tentativa de identificar e avaliar as principais variáveis da sedimentação em regime lamelar para lodos ativados. Essas variáveis incluem taxa de aplicação superficial e taxa de retorno de lodo. As taxas de aplicação adotadas foram 52, 62 e 94 m³/m²/d e taxas de retorno de lodo de 100 e 200%. Os estudos pilotos realizados demonstram uma qualidade no efluente clarificado similar à clarificação convencional (médias de 20 a 43 mg/L de sólidos suspensos totais, para as taxas de aplicação de 52 e 62 m³/m²/dia). Não houve melhora na clarificação elevando a taxa de retorno de lodo de 100 para 200%.
Introdução
Normalmente, em estações de tratamento de esgotos (ETE), o maior consumo de área e, consequentemente, maior custo de investimento, ocorre na fase de sedimentação dos materiais suspenso e sedimentável. Para o funcionamento correto do processo de tratamento de esgoto, é fundamental que a etapa de separação de sólidos ocorra de forma eficiente, condicionada também por outros parâmetros de controle do processo.
Em valores de literatura, o dimensionamento da área superficial de um sedimentador secundário convencional tem como base a taxa de até 28 m³/m²/d (ABNT, 2011; Bonomo, 2008). Através desse valor observa-se que a sedimentação secundária é a unidade com grande, senão maior, emprego de superfície. Uma possibilidade para redução do emprego de área e, consequentemente, diminuição dos custos de investimento, a exemplo do que normal e difusamente realizado em ETAs, é a aplicação de sedimentadores lamelares para lodos ativados (com taxas de aplicação superiores ao sistema convencional).
A própria nova norma ABNT NBR 12.209 de 24 de novembro de 2011 recomenda, no item 6.6.38.2, que os valores dos parâmetros utilizados no dimensionamento do decantador secundário do tipo lamelar ou tubular para sistema de lodo ativado deverão ser tecnicamente justificados. Observa-se facilmente o conflito existente para determinação de critérios de dimensionamento para sedimentadores secundários lamelares.
O objetivo foi determinar parâmetros de dimensionamento para sedimentadores lamelares secundários precedidos de lodos ativados em estações de tratamento de esgoto. O conhecimento desses parâmetros permite delinear e determinar parâmetros e valores de dimensionamento para efeitos de projeto e futura recomendação em normas específicas de projeto de estações de tratamento de esgotos.
Autores: Bruno Piotto Hespanhol e Sidney Seckler Ferreira Filho.
