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Avaliação de reuso na estação de tratamento de água (ETA), com ênfase na utilização da lavagem de filtros

Resumo

Estação de tratamento de rejeitos Gerados (ETRG) na estação de tratamento de água (ETA) do município de Várzea Alegre/CE visa o tratamento das águas provenientes da descarga e da lavagem dos filtros da estação de tratamento. A prática de reuso deve ser considerada parte de uma atividade mais abrangente que é o uso racional da água, o qual inclui também, o controle de perdas, redução do consumo de água e a minimização da geração de efluentes. Assim, o presente estudo tem como objetivo, caracterizar através de análises físico-químicas e microbiológicas a água de lavagem dos filtros da estação de tratamento de água do tipo convencional de fluxo ascendente (ETA), com intuito de propor uma tecnologia eficiente visando o retorno dessa água ao processo inicial na produção. A viabilidade desse sistema proporciona grandes ganhos ambientais com redução de lançamentos de rejeitos no manancial sem tratamento e possibilidade de reuso da água. Portanto, o estudo, tem por objeto propor e demonstrar a prática de reuso das águas de lavagens dos filtros e descarga de fundo da estação de tratamento de água – ETA no município de Várzea Alegre – CE.

Introdução

A pesquisa foi realizada na estação de tratamento de água do município de Várzea Alegre/CE. O município localizado na região centro-sul do estado, município distante 467 km de Fortaleza, com área aproximadamente 811,20 km² e uma população de 40 255 habitantes de estimativa IBGE 2016 (IBGE, 2016).

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O gerenciamento de todos os resíduos sólidos e líquidos que são produzidos em estações de tratamento de água (ETA) tem sido objeto de inúmeros estudos, onde a disposição inadequada e sem controle constitui um problema ambiental que merece atenção. Dentre os resíduos gerados destaca-se a água empregada nos processos de limpezas dos filtros e descarga de lavagem que, inúmeras vezes, é lançada sem tratamento diretamente no ambiente.

Este sistema de tratamento visa proporcionar recuperação dos efluentes gerados nas etapas de lavagem dos filtros propiciando sua recirculação ao tratamento de água. Além de realizar uma reuso sustentável dos efluentes que estará acondicionando adequadamente o lodo gerado no processo. O efluente a ser recuperado é clarificado e tratado, sendo reciclado para montante do primeiro tanque de contato iniciando novamente o reciclo e tratamento da água.

Sobre a fase sólida, o lodo sedimentado é adensado e desidratado no sistema de tratamento de lodos da ETA, formado por leitos de drenagem, que serão utilizados alternadamente. Os leitos terão o fundo construído com mantas geotêxteis assentadas sobre camada de brita e terão altura suficiente para que o lodo se sedimente durante os intervalos entre as lavagens.

As águas de lavagem dos filtros e das descargas de fundo dos filtros ascendentes serão encaminhadas para os leitos de drenagem por gravidade, através de tubulação. A vazão de dimensionamento do canal e tubulação será igual a vazão necessária para a lavagem de um filtro. Posteriormente os lodos são acondicionados e descartados em contêiner para coleta e disposição adequada.

A proposta foi composta por uma estação de tratamento de água – ETA: filtração direta ascendente, composta por 05 (cinco) filtros em fibra de vidro e desinfecção, com aplicação dos seguintes produtos químicos: cloro gasoso, aplicação de PAC-23 e polímero catiônico. O manancial superficial que abastece a cidade de Várzea Alegre é o açude Deputado Otacílio Correia conhecido como olho d’água.

Esse processo de reaproveitamento de praticamente de 100% da água de lavagem dos filtros e das descargas de fundo dos filtros permitem reduzir os custos operacionais, perdas de águas no processo da ETA, práticas de gestão dos recursos hídricos, além de produzir uma torta de lodo que será disposto adequadamente no meio ambiente.

O beneficiamento e direcionamento adequado dos resíduos de ETAs representam um assunto preocupante que deve ser questionado e estudado, principalmente pelas concessionárias de prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, na qual necessita preservar a qualidade da água dos seus mananciais, que acaba sofrendo influência do lançamento inadequado desses resíduos.

Além disso, os aspectos econômicos necessitam também estar bem definidos quando da implantação de reuso. Essa tecnologia deve evitar a oneração de custos para a Empresa e propor práticas sustentáveis na gestão dos Recursos Hídricos.

Devido à escassez crescente de mananciais em condições adequadas para utilização de sua água, há interesse na clarificação da água de lavagem dos filtros para futuro reaproveitamento do sobrenadante e disposição correta do sedimento. Von Sperling (2005) destaca que a decisão quanto ao processo a ser adotado para o tratamento e disposição do lodo de ETA deve ser derivada fundamentalmente de um balanceamento entre critérios técnicos e econômicos, com a apreciação dos méritos quantitativos e qualitativos de cada alternativa.

Na maioria das ETA’s convencionais, geralmente são lavados uma a duas vezes por dia, depende das características físico – químicas do manancial.

A água bruta passa por tratamento completo em ETA convencional, em que são dotados dos seguintes processos: floculação, decantação, filtração, correção de pH, desinfecção (cloração) e fluoretação.

Com a lavagem dos filtros haverá um grande descarte de resíduos gerados, que poderá ser disposto em mananciais ou no meio ambiente sem nenhum tratamento causando prejuízos irreparáveis para a flora e fauna impactada.

Para que tenha um funcionamento adequado nas ETA, o sistema depende da lavagem de filtros, realizadas devidamente quando o filtro estiver colmatado (sujo). Em função da quantidade excessiva de água presente nesses rejeitos, a remoção desta é imperativa na solução do problema. (CORDEIRO, 2001).

Em uma estação de ciclo completo, a lavagem dos filtros e descarga de fundo são os maiores produtores em quantidade dos resíduos em termos volumétricos. A Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997 – “Política Nacional de Recursos Hídricos”, que relata sobre as condições que deverão ter uma mudança de postura dos responsáveis pelos sistemas de tratamento de águas diante da produção dos resíduos gerados e respectivas disposições adequada no meio, deve alterar também uma mudança de paradigma em relação a postura dos órgãos de fiscalização diante do problema.

No entanto, com o crescimento da consciência ecológica e o surgimento das leis reguladoras dos destinos adequados de resíduos, surgem as oportunidades para implementação de novas tecnologias de tratamento, desidratação e secagem do lodo das ETA’s. Nesta linha de estudo, estão os efluentes originários da ETA no município de Várzea Alegre – CE.

Autores: Cicera Cilene Bezerra Moreira; Lindamar Bezerra da Silva; Alyne Gessic Pinheiro da Silva Lima; Paulo da Costa Medeiros.

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