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Remoção de cor e turbidez utilizando ciclo completo com flotação: estudo em escala de bancada

Resumo

Esta pesquisa avaliou a remoção de turbidez e cor aparente de amostras de água de abastecimento utilizando a tecnologia de ciclo completo com flotação (coagulação, floculação, flotação e filtração) em escala de bancada, empregando o cloreto de polialumínio – PAC como coagulante. A água de estudo apresentava, aproximadamente, 50 uT de turbidez e 80 uH de cor verdadeira. O aumento da turbidez aconteceu pela adição de caulinita (Caolim, Pheur – Sigma-Aldrich® – Fluka-60609) e a presença de cor verdadeira pela adição de ácido húmico (Sal Sódico, Grau Técnico SigmaAldrich® – H16752). A dosagem de PAC definida foi de 25 mg.L-1 e foram estabelecidos os seguintes valores de tratabilidade: Gmr = 700s-1, Tmr = 10s, Gml = 60s-1, Tml = 4min, Tf = 10mim e Rec = 5%. A dosagem de PAC utilizada foi eficiente na remoção dos parâmetros presentes na água de estudo e o tratamento de ciclo completo com flotação e filtração utilizado obteve valores na água final que atenderam ao padrão de potabilidade (Portaria MS nº 2914/2011).

Introdução

A tecnologia de ciclo completo é mais utilizada no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2010), entre os municípios que possuem tratamento de água, 54% utilizam esse tipo de tratamento. Porém, em termos de volume, tal tecnologia responde por cerca de 70% da água tratada no país. Esta tecnologia consiste em um conjunto de processos e operações (coagulação, floculação, decantação ou flotação e filtração). Posteriormente à filtração, também são realizados os processos de desinfecção e ajuste do pH.

Atualmente, existem diversas alternativas de tratamento de água, entre elas, o ciclo completo com flotação se destaca, pois possui grande capacidade de remoção de cor verdadeira, muitas vezes associada à presença de algas nos mananciais. Com o aumento da eutrofização dos corpos d’ água, pode-se supor a tendência de maior utilização dessa tecnologia.

O tratamento por flotação pode ser simulado através de ensaios em escala de bancada, assim é possível obter de forma mais rápida e econômica alguns parâmetros de projeto. O aparelho floteste pode ser utilizado para tal fim, sendo constituído por câmara de pressurização, jarros, conjuntos de dosagem e de coleta e motor agitador. Em alguns casos o floteste permite a instalação de filtros de laboratório visando simular o tratamento completo, da coagulação até a filtração.

A utilização do PAC normalmente elimina o uso de alcalinizante ou acidificante, reduzindo os custos (SILVA et al., 2009). Caetano e Lopes (2009) ressaltam a possibilidade de o PAC apresentar uma menor capacidade de produção de lodo quando comparado aos coagulantes tradicionalmente empregados no tratamento de águas de abastecimento.

A correta disposição dos resíduos gerados nas estações de tratamento de água – ETA apresenta um grande desafio para as instituições que gerenciam tais sistemas, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo. A NBR 10004 (ABNT, 2004) diz que os resíduos de ETA, mesmo contendo mais de 95% de água na maioria dos casos, são considerados como “resíduos sólidos”, portanto, não podem ser lançados nos cursos hídricos. Mesmo com essas proibições, 67% dos municípios brasileiros que geram lodo no tratamento de água despejam esses resíduos nos rios (IBGE, 2010).

Autores: Fernando César Andreoli; Dayane Mendes Boni e Lyda Patricia Sabogal-Paz.

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