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Efeito do pH sobre a rejeição de bisfenol-a utilizando membrana comercial de nanofiltração aplicada ao tratamento de água

Resumo

O desenvolvimento de centros urbanos implica no aumento da demanda por água, enquanto se intensifica a poluição dos corpos hídricos. São exigidas então tecnologias de tratamento cada vez mais sofisticadas para a utilização sanitariamente segura da água de mananciais contaminados. Dentre os contaminantes encontrados nos mananciais urbanizados, estão os fármacos ativos e os perturbadores endócrinos, com concentrações variando de ng/L a μg/L, não havendo ainda normas regulatórias ou conhecimento para determinar exatamente seus efeitos sobre o ambiente ou saúde humana. No presente estudo foi utilizada uma instalação de bancada de fluxo tangencial, composta basicamente por reservatório confeccionado em aço inox, célula de filtração (GE Osmonics SEPA-CFII), tubulações em aço inox, acessórios e sistema de resfriamento do reservatório. O sistema foi operado em circuito fechado, com recirculação total do permeado e concentrado, com água deionizada como matriz para o contaminante. As análises de quantificação do BFA no permeado e concentrado foram realizadas em equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência. Foram avaliados dois valores de pH, um próximo à neutralidade (6,5) e outro pouco acima da constante de dissociação ácida (pKa) do BFA (10,5). Para o valor de pH de 10,5 foram obtidos fluxos permeados em média 20% superiores, com significância estatística, aos obtidos com o pH de 6,5. Em relação à rejeição de BFA, o valor de pH 10,5 apresentou valores variando entre 90 e 80% durante as 8 horas estudadas, enquanto para o valor de pH 6,5 o valor de rejeição ficou entre 70 e 60% ao longo das 8 horas avaliadas; tal elevação na rejeição também apresentou significância estatística. Não é consenso na literatura que valores mais elevados de pH proporcionem maiores fluxos permeados em membranas densas, devendo o resultado obtido nesse estudo ser posteriormente reavaliado. De outra forma, outros estudos já relataram o aumento da rejeição por membranas densas para valores de pH acima do pKa dos solutos estudados. Deve-se, no entanto, avaliar se esse resultado se sustentaria em períodos de operação mais longos, já que apresentou leve declínio ao longo das 8 horas avaliadas.

Introdução

O desenvolvimento de centros urbanos implica no aumento da demanda por água, enquanto se intensifica a poluição dos corpos hídricos. Dessa forma, são necessárias tecnologias de tratamento cada vez mais sofisticadas para a utilização segura da água de mananciais contaminados. Dentre os contaminantes encontrados nos mananciais urbanizados, estão os fármacos ativos e os perturbadores endócrinos, com concentrações variando de ng/L a μg/L, não havendo ainda normas regulatórias ou conhecimento para determinar exatamente seus efeitos sobre o ambiente ou saúde humana. Podem ser encontrados indícios na literatura de que os perturbadores endócrinos, mesmo que nas baixas concentrações ambientais, podem interferir no funcionamento do corpo humano (ANSES, 2011; EFSA, 2011).

Os sistemas convencionais de tratamento não se mostram eficientes para o tratamento de águas contendo tais contaminantes, e visando contornar essa deficiência, podem-se utilizar tratamentos avançados de águas para consumo humano, a exemplo dos processos de separação por membranas. Esses processos têm se mostrado como alternativa promissora, sendo a nanofiltração aplicada quando se deseja remover compostos orgânicos de baixo peso molecular. Por utilizar geralmente membranas densas, a nanofiltração pode ser fortemente influenciada por interações eletrostáticas entre soluto e superfície da membrana (Nghiem et al., 2005), sendo o nível de potencial elétrico de ambos governado pelos valores de pH da solução. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de dois valores de pH distintos sobre a rejeição de bisfenol-A em matriz de água deionizada, utilizando-se um modelo de membrana comercial de nanofiltração (GE DESAL-DK).

Autores: Arthur Tavares Schleicher e Cristina Celia Silveira Brandão.

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