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Nutrição do cafeeiro sob fertirrigação com água residuária de origem urbana

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da fertirrigação com água residuária de origem urbana bruta, aplicada via gotejamento e sem adubação química, sobre a nutrição do café arábica (Coffea arabica.); comparado com a irrigação com água doce mais adubação convencional, o experimento foi conduzido na Unidade Piloto de Tratamento de Água Residuária e Agricultura Irrigada, no campus da UFV, durante 18 meses. Cinco foram os tratamentos fertirrigados (MR’s) com cinco lâminas de água residuária (406, 515, 798, 924 e 1071 mm) e um irrigado com água doce mais adubação e calagem (MC). Avaliaram-se os teores de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) nas folhas do cafeeiro, ao longo do tempo, em seis análises trimestrais. Os resultados demonstraram que: O MR apresentou maior teor de Mg que o MC, durante todo o período avaliado e de Ca e P durante os primeiros 12 meses; os teores de N e S não diferiram entre os tratamentos, e o teor de K no MC foi sempre superior ao do MR.

Introdução

A água é um recurso natural finito e essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social. Embora o Brasil possua água em abundância, esta se encontra mal distribuída, com os maiores volumes ocupando as regiões de baixa densidade demográfica. Além disso, há comprometimento da sua qualidade, principalmente nas regiões próximas aos grandes centros.

No Brasil, as políticas públicas de saneamento básico priorizaram a construção dos sistemas de coleta, relegando ao segundo plano, talvez devido ao custo elevado, o tratamento dos resíduos coletados. 41,6% dos municípios brasileiros coletam esgoto, mas apenas 14,1% tratam os esgotos coletados (IBGE, 2000). O restante despeja os resíduos não tratados diretamente nos corpos hídricos.

A irrigação, por ser uma técnica de alto custo, só é possível em lavouras altamente produtivas. Entre os insumos importantes para a produtividade, estão os fertilizantes. Os processos de tratamento de água residuária naturais, dentre eles o método denominado disposição de água no solo (DAS), apresentam a vantagem de utilizarem o sistema solo-planta-microrganismos e a radiação solar como reatores para depuração dos resíduos, com baixo custo, além da possibilidade de ganhos econômicos pela utilização da água residuária também como fertilizante orgânico.

Segundo van der Hoek et al. (2002), as maiores vantagens do aproveitamento da água residuária, são: conservação da água disponível, sua grande disponibilidade, possibilitar o aporte e a reciclagem de nutrientes (reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos) e concorrer para preservação do meio ambiente. Al-Nakshabandi et al. (1997) constataram aumento nas concentrações de nitrogênio, fósforo, potássio, sódio, cálcio e magnésio, nas folhas e nos frutos de berinjela, em razão da fertirrigação com esgoto sanitário tratado.

Apesar das vantagens do uso da água residuária na agricultura, sua utilização de maneira inadequada pode trazer alguns riscos às plantas, como desfolhação e queimaduras nas folhas de culturas sensíveis, devido à aplicação de águas com elevados teores de sódio e cloreto, via aspersão (Ayers & Westcot, 1991).

Sendo assim, há necessidade de se investigar mais a respeito das consequências do uso da água residuária na agricultura sobre o sistema solo-planta-microrganismos e sobre o meio ambiente, de forma que se possa estabelecer critérios de manejo que visem à sustentabilidade técnica e ambiental desta tecnologia.

Neste sentido, o trabalho objetivou investigar o efeito da fertirrigação com água residuária de origem urbana, filtrada, sobre o estado nutricional do cafeeiro, além de comparar os resultados com aqueles obtidos com o manejo com irrigação com água doce e adubação convencional.

Autores: José A. A. de Souza; Salomão de S. Medeiros; Antônio A. Soares; Márcio M. Ramos; Júlio C. L. Neves & José A. de Souza.

 

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