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Monitoramento microbiológico em sistema inovador e sustentável de tratamento de água destinada à hemodiálise

Resumo

A disponibilidade de água em volumes expressivos e em qualidade incomparável são requisitos básicos para a operação e pleno funcionamento de unidades de hemodiálise. O presente trabalho avaliou a qualidade microbiológica em diferentes pontos de um sistema inovador de tratamento de água destinada a hemodiálise e que prioriza seu reuso, refletindo em importantes ganhos sob o ponto de vista ambiental assim como na racionalização de gastos em um Hospital filantrópico do interior de Minas Gerais. Os resultados confirmam excelência na qualidade microbiológica da água destinada a diálise atendendo aos requisitos e valores máximos permitidos estabelecidos pela legislação específica vigente (Portaria MS 2914/11 e RDC 11/2014).

Introdução

A água é elemento indispensável à manutenção da vida, precioso recurso de natureza finita com distribuição heterogênea e irregular. Variados fatores influenciam na disponibilidade hídrica e contribuem marcadamente para sua redução: aumento da concentração populacional, incremento das atividades produtivas, degradação dos corpos hídricos, efeitos das mudanças climáticas e uso irracional associado a desperdícios, todos associados a sensação de recurso natural infinito (ANA, 2016).

Diante dessa realidade, a busca por racionalizar seu uso por meio de práticas sustentáveis representa um dos principais pilares para a garantia de disponibilidade em volume e qualidade que atendam às necessidades. Porém, o grande aumento por sua demanda, causado pelo consumo crescente, associado à capacidade limitada de resiliência dos sistemas, cria desequilíbrios e cenários de escassez cada vez mais comuns e sem precedentes em diversas regiões do país e do globo. Tendo em vista estes fatos e buscando alcançar real desenvolvimento sustentável, o volume consumido deve ser repensado e práticas de reuso urgentemente adotadas. Tal reuso pode contemplar ao mesmo tempo importantes aspectos que se inter-relacionam: diminuição do consumo com racionalização de gastos e redução na geração de efluentes (METCALF E EDDY, 2003).

No que se refere a sua qualidade, a água utilizada para consumo humano, seja ela proveniente de reuso ou não, requer, primordialmente, o conhecimento de sua condição microbiológica e físico-química com vistas a garantir aos usuários a certeza de que aquele recurso hídrico atende aos pré-requisitos estabelecidos para o fim a que se destina (BRASIL, 2011).Notadamente, no que se refere ao destino no âmbito da saúde, seus parâmetros qualitativos devem ser rigorosamente observados, tendo em vista a particularidade dos usuários envolvidos. Em sistemas de hemodiálise, especialmente, a disponibilidade hídrica em volume considerável e qualidade indiscutível é requisito fundamental para um bom funcionamento do sistema e imprescindível para a garantia de sucesso no tratamento dispensado aos portadores de insuficiência renal. Estima-se um consumo médio anual de água tratada por paciente em unidades de hemodiálise em torno de 43.000 L, dos quais aproximadamente 40% é descartada como efluente, embora, frequentemente, com qualidade superior àquela que entra no sistema (ILHE et al., 1982).

Organismos como bactérias, cianobactérias, vírus, fungos, protozoários e algas, assim como íons e sais de natureza diversa, podem estar presentes na água usada na preparação da solução de diálise, afetando sua qualidade microbiológica e físicoquímica e podendo trazer sérios prejuízos aos pacientes submetidos ao tratamento (CAPELLI et al., 2003; DE FILIPPIS, et al., 2007). Além disso, é importante considerar os efeitos adversos da formação eventual de biofilmes microbianos ao longo das superfícies internas das tubulações, o que pode promover episódios de contaminações recorrentes, aumento da densidade populacional de microrganismos e prejuízos que podem ser irreparáveis aos pacientes em tratamento (MONTANARI et al., 2009).

Com base nestas considerações, o presente trabalho foi desenvolvido com o intuito principal de monitorar a qualidade microbiológica da água destinada à hemodiálise proveniente de um sistema inovador de tratamento. Tal sistema foi desenhado com vistas a privilegiar o reuso de volumes de água, a partir do refluxo de efluentes gerados pós- osmose reversa, configurando-se em um sistema fechado, o que levanta a hipótese de que haveria maior tendência a formação de biofilmes em seu interior propiciando contaminação microbiológica recorrente.

Autores: Adriano Guimarães Parreira; Fenando Vieira de Sousa; André Prado Rocha e Thiago Moreira Souza.

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