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Modelo gerencial para estações de tratamento de água em SC – Estudo de caso

Resumo

Operar bem é não ter falta de água. Essa máxima ainda é adotada em muitas empresas de saneamento, enganadas pelo simples desconhecimento do que é operar sistemas. Operar, mais do que não ter o problema falta de água, é parte da gestão operacional, que integra: modelo de operação, planejamento da operação, execução da operação e controle e qualidade operacional. Neste trabalho, realizado nas estações de tratamento de água da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento/SC, demonstramos a experiência da criação de um modelo gerencial para as ETA, contemplando as fases de implantação das ferramentas adotadas, as melhorias do controle operacional e o aumento da transparência e acesso de informações operacionais das ETA para tomada de decisões. A partir da padronização de todo o controle operacional das ETA, foram elaborados os relatórios gerenciais mensais para cada uma das unidades, que contém informações sobre a qualidade da água, o processo do tratamento, os custos e indicadores elencados. De posse desta ferramenta (relatório gerencial), os dados registrados pelos operadores das ETA se converteram em informações que subsidiam a tomada de decisões operacionais, possibilitando a avaliação e comparação de desempenho de cada unidade de forma objetiva, a definição de metas de melhoria operacional, e por fim, superar a fase de operar para controlar os sistemas de tratamento de água.

Introdução

A situação do saneamento básico no Brasil é preocupante devido a carência dessa infraestrutura que afeta vários setores da sociedade, desde saúde, economia e principalmente o meio ambiente. Apesar da necessidade de vultuosos investimentos no setor de saneamento em diversos estados brasileiros, as estruturas existentes de abastecimento de água e esgotamento sanitário carecem de operação e controle qualificados, objetivando a qualidade na prestação do serviço das empresas com a concessão nos municípios concedentes.

Tradicionalmente, as companhias de saneamento e as prestadoras de serviço que atuam nas áreas de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto sanitário previam exclusivamente o fornecimento de serviços com quantidade e qualidade adequadas. Tal visão encontra-se em progressiva substituição, haja visto que inúmeras iniciativas têm estudado e desenvolvido metodologias de avaliação do desempenho da utilização dos recursos naturais, voltadas, principalmente, para a gestão racional e para a sustentabilidade (VIEIRA et al., 2006; SILVA, 2008).

Nas empresas de saneamento em geral, pública, parceria público privada ou privada, historicamente, as ferramentas de gestão ou métodos de gerenciamento são implantados na alta administração, como os setores administrativos e financeiros, de forma a permitir um controle mais efetivo destas importantes áreas das companhias.

No âmbito da área operacional, onde estão os grandes contingentes humanos, os maiores custos e onde ocorre a maior proximidade empresa-cliente, as ferramentas de gestão são escassas ou até mesmo inexistentes, tornando a operação limitada quanto ao controle das unidades que compõe os sistemas de água e esgoto. Neste sentido, a implementação de indicadores de desempenho (ID), torna-se indispensável para a garantia da qualidade, sustentabilidade, atendimento dos interesses dos consumidores e rentabilidade financeira do sistema de abastecimento de água (GALVÃO JUNIOR & SILVA, 2006; ALEGRE et al., 2006).

No tocante as estações de tratamento de água, objeto de estudo deste trabalho, as ferramentas de gestão que auxiliem nas tomadas de decisões se tornam cada vez mais importantes e necessárias. Estas unidades de tratamento precisam de controles rigorosos quanto a qualidade da água, uso de produtos químicos, processo dos filtros e decantadores, macromedição, energia elétrica, custos diversos, entre outros.

As estações de tratamento de água são indústrias nas quais a água bruta (matéria prima) deve ser transformada em água potável (produto final) através da aplicação de produtos em operações e processos. Esta indústria é uma das poucas à qual todos os seres humanos fazem uso do seu produto (PARSEKIAN, 1998).

No estado de Santa Catarina, a empresa estadual de saneamento é a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento – CASAN que presta serviço em 196 municípios catarinenses e 1 no estado do Paraná, responsável por 231 sistemas abastecimento de água e 35 de sistemas de esgotamento sanitário (CASAN, 2015). Dentro do organograma da empresa há um setor denominado Setor de Operação e Manutenção de Água – SOMAG, responsável pela operação e manutenção de estações de tratamento de água de cada superintendência regional, compreendida por 4 (quatro) superintendências no total.

(…)

Autores: Bruno Kossatz; Felipe Gustavo Trennepohl; Rafael Luiz Prim; Guilherme Cardoso Vieira e Lucas Barros Arruda.

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