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Estudo de caso sobre a implantação de sistema de reuso urbano não potável em estações de tratamento de esgoto

Resumo

No contexto mundial, aproximadamente 50% da população é afetada pela escassez de água, e no Brasil, pelo menos 12 áreas federais apresentam situação de emergência por motivo de estiagem e seca. Estes dados levam à necessidade de racionamento de água e à procura por formas alternativas de obtenção e utilização da água disponível. O reuso controlado de água reduz o consumo de água potável e minimiza a captação nos mananciais, sendo uma opção ambientalmente sustentável. Atenta ao cenário de escassez, em outubro de 2015 a Companhia Espírito Santense de Saneamento iniciou o projeto de implantação de sistema de fornecimento de água de reuso em Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs). Tais sistemas constituem-se no polimento em filtro de areia e desinfecção por cloro do efluente final da ETE e envio para reservatórios, de onde serão distribuídos para o atendimento à demanda dos clientes. O investimento nos sistemas de reuso foi de R$ 57.000,00 e gerou uma receita total de R$ 74.140,60 em 2017, com a comercialização de 67.634 m³ de água de reuso.

Introdução

Em 2016, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Brasil reconheceu a situação de emergência de 12 áreas federais por motivo de estiagem e seca. No contexto mundial, aproximadamente 50% da população é afetada pela escassez de água, segundo a edição de 2018 do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos. Esses dados levam à necessidade de racionamento de água e procura por formas alternativas de obtenção e utilização da água disponível.

O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas propôs em 1958 que “a não ser que exista grande disponibilidade, nenhuma água de boa qualidade deve ser utilizada para usos que toleram águas de qualidade inferior”. Por águas de qualidade inferior entende-se: efluentes de estações de tratamento de água e esgoto, efluentes industriais, esgotos domésticos, drenagem agrícola, etc. Quando essas águas são utilizadas para outros fins que não apenas o despejo no corpo receptor (reciclagem de águas residuárias) são chamadas de águas de reuso.

Água de reuso pode ser utilizada para diversos fins potáveis e não potáveis. Quando há demanda de uma elevada qualidade dessa água, o sistema de tratamento e o controle deste devem ser muito eficientes, entretanto, deve-se garantir a viabilidade técnica, econômica e financeira do produto. O estudo de viabilidade deve ser feito para todas as possibilidades de uso, sendo eles potáveis ou não. Porém, quando as estações de tratamento de efluentes se encontram próximas de áreas urbanas e/ou industriais, o custo unitário de tratamento e transporte tende a diminuir.

Pensando no uso urbano não potável do efluente tratado de esgoto sanitário, alguns exemplos de aplicação dessa água são: irrigação de parques e áreas gramadas, lavagem de veículos e pisos, reserva de proteção contra incêndio, descarga sanitária, etc. Para uso industrial são citados: limpeza de redes de tubulações de esgoto, compactação de solo, lavagem de gases, torres de resfriamento e desodorização, entre outros. A água de reuso quando utilizada na indústria passa a se chamar “água de utilidade” (Hespanhol, 2002).

Assim, o reuso controlado reduz o consumo de água potável e minimiza a captação de água nos mananciais, sendo uma opção ambientalmente sustentável.

Autores: Victor Correia Faustini; Cinthia Gabriela Freitas Ribeiro Vieira Reis; Juliana Guasti Lozer; Nadja Lima Gorza e Pollyana Bastos de Brito.

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