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Aplicação de um filtro lento com retrolavagem automática em uma escola municipal e custos envolvidos

Resumo

Um filtro lento com limpeza automática (retrolavagem) foi instalado em uma escola de ensino infaltil e primária para o fornecimento de água potável. Filtros lentos são tecnologias simples de tratamento de água e a retrolavagem automatizada facilita a manutenção do sistema pelos utilizadores da tecnologia. A escola Leandro dos Santos em Ituporanga, Santa Catarina, foi escolhida para a implantação do filtro por receber água da rede sem nenhum tipo de tratamento, após captação por meio de sistemas Caxambu. Um filtro foi instalado em parceria entre a comunidade, os pesquisadores e o fabricante do sistema, com capacidade para produzir até 3840 L/d, suficiente para utilização nas instalações. Também foi instalado um sistema para cloração da água filtrada. Após a instalação do filtro e o clorador, o sistema passou a ser operado pelos funcionários da escola que também monitoram a dosagem de cloro. O custo total foi de aproximadamente R$22600,00, que foi considerado elevado, por isso é recomendado a locais com capacidade de investimento onde a qualidade de água é necessária, como estabelecimentos públicos ou agroindústrias familiares.

Introdução

A água tratada pelos sistemas de abastecimento nem sempre é acessível, sendo a população em pequenas comunidades ou rural a mais afetada no Brasil, onde apenas 33,2% dos domicílios estão ligados à rede de abastecimento (FUNASA, 2012).

Nesses locais, tecnologias simples podem ser empregadas para o tratamento de água. A filtração lenta é uma dessas tecnologias, apresentando a vantagem de ser simples em sua construção e manutenção. Filtros lentos podem ser construídos com recursos locais e não precisam de dosagem de químicos em sua operação, facilitando a sua operação e manutenção pelos próprios utilizadores (GIMBEL; GRAHAN; COLLINS, 2006). Por isso, filtros lentos são excelentes alternativas para o abastecimento de água em áreas rurais em escala domiciliar ou para pequenas comunidades (LOGSDON; KOHNE; ABEL, 2002).

Estudos recentes mostram a retrolavagem como uma técnica eficiente para a limpeza dos filtros lentos. Bons resultados foram atingidos em termos de qualidade de água e operação quando aplicados em filtros em pequenas escalas (MICHELAN, 2010; PIZZOLATTI, 2010, 2014; SOARES, 2010; DE SOUZA, 2015). A retrolavagem nesses casos é uma operação simples e chama atenção para sistemas com filtração lenta que poderiam ser facilmente automatizados em sistemas maiores ou, em escala domiciliar, poderia ser facilmente operado pelo usuário.

Nesse contexto foi aplicado um filtro lento com retrolavagem automática (FLRA) para o abastecimento para um número reduzido de pessoas. O local escolhido foi a escola Leandro dos Santos, na comunidade de Rio Bonito, distrito do município de Ituporanga, SC. Na escola circulam diariamente em torno de 130 pessoas, dentre elas, cerca de 120 alunos e 10 funcionários.

A escola recebe água de uma rede instalada pela Companhia Catarinense de Saneamento (CASAN) e mantida pela associação de moradores local. A água não passa por nenhum tipo de tratamento, porém é de boa qualidade (baixa turbidez e ausência de coliformes). A instalação do filtro no local foi uma garantia no abastecimento de uma água de qualidade para a escola, com a garantia de um sistema de cloração, operado pelos funcionários da escola com apoio da vigilância sanitária local.

Autores: Fernando Hymnô de Souza; Maurício Luiz Sens e Bruno Segalla Pizzolatti.

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