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Filtração angular em sedimento de praia como pré-tratamento a osmose inversa

Resumo

É crescente a preocupação mundial com relação à carência dos recursos hídricos em função da poluição por processos antrópicos e do crescimento populacional desenfreado. A água doce em sua forma potável é um recurso encontrado em situação de escassez em algumas regiões. Dessa maneira, como forma de restaurar o equilíbrio entre demanda e oferta, a água dos oceanos é uma opção viável a falta de água doce. Entretanto, para tornar-se própria ao consumo humano, a água dos oceanos necessita sofrer o processo de dessalinização. A dessalinização é uma técnica que utiliza processos não convencionais para o tratamento da água salgada. Entre os processos utilizados para a remoção dos sais destaca-se a Osmose Inversa (OI), técnica a qual utiliza membranas com permeabilidade seletiva para fazer a retenção de sais e outros contaminantes existentes na água bruta. Mas para se realizar o tratamento por membranas de OI de forma correta faz-se necessário à utilização de um pré-tratamento. Entre os pré-tratamentos utilizados destaca-se a filtração em sedimento de praia. O presente trabalho teve por objetivo analisar um sistema de captação angular em sedimento de praia localizado na Barra da Lagoa, Município de Florianópolis, SC, por meio de parâmetros físico-químicos.

Introdução

Considerando a crescente preocupação mundial sobre a carência dos recursos hídricos em virtude da poluição por processos antrópicos e o crescimento populacional desenfreado, a água doce passível de potabilização por técnicas convencionais vem ao longo do tempo sendo um recurso cada vez mais escasso. Dessa forma, fontes alternativas como a água dos oceanos (salinidade superior a 30 ‰) são opções a falta de água doce (salinidade inferior a 0,5 ‰) (Brasil, 2005).

Para tornar-se própria ao consumo humano, a água dos oceanos necessita sofrer o processo de dessalinização. Entre as técnicas de dessalinização mais utilizadas na produção de água própria ao consumo humano destacase a Osmose Reversa (OR), técnica a qual apresentou diversos avanços e melhorias nos últimos anos. Para se utilizar a técnica de OR de maneira adequada, a água de entrada nas membranas deve apresentar valores de qualidade pré-determinados para que a técnica apresente um desempenho adequado e seja economicamente viável.

Entretanto, devido a deterioração da qualidade das águas dos oceanos, um dos principais problemas referente à utilização da técnica ocorre devido a um fenômeno denominado de fouling. Este fenômeno é o principal responsável pela deterioração das membranas de OR, e consequentemente na redução de sua vida útil e desempenho. Os contaminantes presentes na água de alimentação responsáveis pelo fouling são: materiais particulados, sais inorgânicos precipitados, metais oxidados e matéria orgânica dissolvida. Dessa forma, faz-se necessário a utilização de pré-tratamentos que adequam a qualidade da água bruta dos oceanos a passagem pelas membranas.

Dentro deste contexto, entre as tecnologias de pré-tratamento empregadas, destaca-se a filtração em sedimento do mar, técnica semelhante a filtração em margem na qual se utilizam poços coletores construídos próximos ao mar que podem apresentar diferentes configurações, dependendo das condições hidrogeológicas do local. A utilização dos poços coletores apresenta como vantagem a filtração contínua sem a ocorrência de colmatação do meio filtrante, uma vez que a movimentação constante das massas de água (ondas) no local impede que esse fenômeno aconteça, além de proporcionar a dissipação dos coloides retidos no oceano.

Os principais mecanismos de remoção dos contaminantes ocorrem por meio de processos naturais, tais como: filtração (coagem), dispersão, adsorção, biodegradação, precipitação química e diluição. Assim, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência, por meio de parâmetros físicos e químicos, de um sistema de filtração em sedimento de praia com configuração angular dentro do município de Florianópolis, Santa Catarina durante os meses de agosto e setembro de 2016.

Autores: Tiago Burgardt; Bruno Segalla Pizzolatti; Luíza Kaschny Borges e Maurício Luis Sens.

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