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Análise de ETE’s que operam com reatores UASB nos municípios de Fortaleza e Maracanaú, com relação ao atendimento de descarte em corpos d’água

Resumo

O impacto do lançamento de efluentes de estações de tratamento de esgotos em corpos d’água é motivo de grande preocupação e uma série de legislações ambientais, critérios, políticas e revisões procuram influir tanto na seleção dos locais de descarga quanto no nível de tratamento exigido para garantir que os impactos ambientais provocados pela disposição destes efluentes tratados sejam aceitáveis. Este trabalho objetivou avaliar a qualidade do efluente final de quatros ETE’s que operam com reatores anaeróbios do tipo UASB, sem e com pós-tratamento, com vista às normas vigentes para lançamento de efluentes tratados nos corpos receptores do estado do Ceará. Das ETEs estudadas, duas apresentam apenas um reator UASB seguido de cloração e as outras duas são compostas por reator UASB seguido de filtro submerso aerado. Os resultados apresentados referem-se ao monitoramento durante os anos de 2013 a 2016. Dentre os resultados, destaca-se que a ETE TCM (UASB + FSA) apresentou os maiores percentuais de atendimento aos padrões da SEMACE. O desempenho da ETE Pajuçara (UASB + FSA) não foi o esperado para o tipo de sistema, e tal comportamento pode ser devido a falha no projeto, sobrecarga orgânica, sobrecarga hidráulica, ou mesmo em virtude de falhas operacionais. Finalmente, observou-se baixíssimos níveis de atendimento das ETEs compostas apenas por reator UASB, ratificando a real necessidade de uma etapa de pós-tratamento para que atendam aos padrões de lançamento nos corpos receptores.

Introdução

O impacto do lançamento de efluentes originados de estações de tratamento de esgotos em corpos d’água é motivo de grande preocupação para a maioria dos países. Uma série de legislações ambientais, critérios, políticas e revisões procuram influir tanto na seleção dos locais de descarga quanto no nível de tratamento exigido para garantir que os impactos ambientais provocados pela disposição destes efluentes tratados sejam aceitáveis (OLIVEIRA e von SPERLING, 2005).

No âmbito federal, a Resolução CONAMA nº 430/11 define os padrões para lançamento de efluentes e a Resolução COEMA nº 02/17 trata da disposição de efluentes no estado do Ceará, revogando a Portaria SEMACE nº 154/02 que vigorava à época que os dados foram gerados. A nova legislação estadual trouxe o parâmetro DBO como padrão de lançamento, como já fazia a legislação federal, substituindo a DQO, utilizada na Portaria SEMACE nº 154/02 para reatores anaeróbios. Já o limite de sólidos suspensos totais tornou-se mais  flexível na Resolução COEMA nº02/17. Além deste, os coliformes termotolerantes não são contemplados na legislação federal e permaneceu inalterado na Resolução estadual.

Em relação ao tratamento de esgotos domésticos, tem-se verificado um enorme incremento na utilização da tecnologia anaeróbia, notadamente através dos reatores tipo UASB. Isto é devido as características favoráveis da tecnologia anaeróbia, como: baixa produção de sólidos, baixo consumo de energia, baixos custos de implantação e operação, tolerância a elevadas cargas orgânicas, baixo tempo de detenção hidráulica. O uso dessa tecnologia no Brasil é ainda favorecido pelas condições climáticas. Como desvantagens, devem ser consideradas: remoção insatisfatórias de patógenos e nutrientes, demanda química de oxigênio (DQO) no efluente ser ainda elevada para atender os limites preconizados na legislação ambiental (CHERNICHARO, 2007).

Por limitação da tecnologia, os reatores anaeróbios dificilmente produzem efluentes que atendem aos padrões estabelecidos pela legislação. Dessa forma, é de extrema importância o pós-tratamento dos efluentes dos reatores anaeróbios para a adequação do efluente tratado nos requisitos da legislação ambiental. O principal papel do pós-tratamento é o de completar a remoção da matéria orgânica e proporcionar a remoção de nutrientes e patógenos que são pouco afetados pelo tratamento anaeróbio.

Assim, este trabalho objetiva avaliar a qualidade do efluente final de ETE’s que operam com reatores anaeróbios do tipo UASB, sem e com pós-tratamento, com vista às normas vigentes para lançamento de efluentes tratados nos corpos receptores do estado do Ceará.

Autores: Camylla Rachelle Aguiar Araújo Dantas; Ana Gláucia Magalhães Silveira; Jéssyca de Freitas Lima; Marcos Erick Rodrigues da Silva e André Bezerra dos Santos.

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