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Efeitos ambientais no solo e na água advindos da precipitação de nuvens através de produtos químicos

Resumo

A discussão a respeito da constante escassez de chuva no território brasileiro, tem instigado a procura de processos e métodos para a precipitação das nuvens de forma artificial. Entre estes métodos há a pulverização de produtos químicos nas nuvens. Porém, esta prática pode causar efeitos ambientais no solo, ar e água, devido ao arraste destes compostos químicos provocados pela chuva artificial. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo verificar os efeitos ambientais de produtos químicos no solo ocasionados pela precipitação de nuvens, com o intuito de selecionar o composto químico mais propício a ser lançado na atmosfera, com base nas questões ambientais. O projeto foi desenvolvido entre agosto de 2015 a julho de 2016, no Laboratório de Solos do Instituto Federal de Goiás, Campus Goiânia, em uma caixa de material acrílico transparente, de 22,5 litros de capacidade, com a base superior perfurada para permitir a coleta da água drenada. Foram coletadas amostras de solo para serem utilizadas no trabalho. Os elementos químicos selecionados a serem pulverizados manualmente no solo, foram: 1) iodeto de prata; 2) iodeto de potássio; 3) cloreto de sódio e; 4) cloreto de potássio. Cada substância química foi testada individualmente, sendo o solo trocado a cada ensaio. Foram pulverizadas seis gramas ao total de cada produto químico no solo, para posterior simulação da chuva. Foram coletadas as amostras de água percoladas, e amostras de solo para análises químicas. Com base nos resultados obtidos os mesmos foram confrontados com a Resolução do CONAMA n°420, porém não existem valores orientadores na Resolução citada para os parâmetros analisados no referido trabalho, com exceção do elemento prata. De acordo com os resultados das análises físicas do solo, verificou-se que o solo utilizado no trabalho é pertencente à classe textural franco argilo arenosa. Diante das análises realizadas, concluiu-se que o elemento que aparenta ter menor potencial de degradação ambiental para solo e água é o iodeto de prata, pois apresentou menores concentrações residuais na água percolada. Entretanto, devido à complexidade das condições ambientais de aplicação desses elementos químicos, mais estudos devem ser desenvolvidos a fim de complementar as observações feitas com este primeiro trabalho exploratório.

Introdução

A escassez de chuva no território brasileiro tem incentivado a busca de soluções tecnológicas para a produção de chuvas artificiais. Para isto, utiliza-se, principalmente, de produtos químicos que aceleram o processo de precipitação das nuvens.

No Brasil, atualmente este tipo de tecnologia não é muito difundido, sendo que as maiores inovações e informações sobre este ramo encontram-se no exterior, como exemplo disso tem-se os Estados Unidos da América.

O sistema de pulverização de nuvens consiste em liberar algum produto nas nuvens a fim de densificar suas moléculas até que estas causem a chuva. Atualmente existem diferentes métodos e materiais para se pulverizar uma nuvem, um deles é através do uso de iodeto de prata, que só é eficaz em nuvens que concentram muitos cristais de gelo. Essas nuvens só ocorrem em alguns estados da região Sul do Brasil. Sem os cristais de gelo, a utilização de iodeto é ineficiente (IMAI et al., 2007).

Outro método de pulverização é através do uso do cloreto de sódio, o popular sal de cozinha. Em contato com o vapor d’água da nuvem, as partículas de sal atraem minúsculas gotas, iniciando a criação dos pingos de chuva. Entretanto, esse artifício só faz chover em nuvens que já tenham vapor d’água em quantidade suficiente. Isso quer dizer que ele não produz chuva, no máximo, pode acelerar uma (informação verbal)1.

As partículas microscópicas dos reagentes químicos, quando lançados em nuvens, comportam como gotas coletoras artificiais que colidirão com as gotículas das nuvens, e havendo a coalescência (ou seja, o agrupamento), precipitarão em forma de chuva.

Porém, a utilização de reagentes químicos para a formação de chuvas artificiais pode ocasionar uma contaminação proveniente das reações destes produtos com o ar e consequentemente com o solo. Desta forma, deve-se observar os efeitos das chuvas artificiais perante o solo, conseguindo verificar nesse processo artificial, qual reagente químico é mais propício para ser lançado na atmosfera de forma a encontrar um produto mais eficiente e menos poluente ao solo.

Elevadas concentrações de poluentes nos solos das regiões urbanas podem trazer sérios impactos ao meio ambiente, sendo que quando não ocorre uma interação estável do poluente com o solo, pode haver migração do poluente, resultando na contaminação da agua de lençóis ou da superfície (LADEIRA et al. 2002; DINIZ et al., 2009). Também, podem ser absorvidos pelas plantas e, assim, serem incorporados às cadeias tróficas (SEGURA-MUÑOZ, 2002).

Segundo Alloway (1995), a maior parte dos solos foi poluída, ao menos em alguma extensão, por poluentes depositados da atmosfera, fertilizantes, agroquímicos e estercos. Em comparação com o ar e a água, o solo é de composição mais complexa e de difícil investigação, agindo, desse modo, como coletor, filtro e difusor de poluentes para o meio ambiente. Neste contexto, a poluição do solo, associada a outros tipos de degradação como o desmatamento, a erosão e a urbanização desordenada representam uma ameaça à sustentabilidade deste recurso precioso.

É imprescindível compreender o solo enquanto corpo dinâmico, resultante da ação conjunta e ativa do clima, dos organismos vivos sobre a rocha, além dos outros fatores como: o relevo e o tempo, sendo assim necessário classificá-los e analisá-los em suas características físicas, químicas e biológicas, procedimentos indispensáveis à realização de um manejo adequado. Um exemplo da natureza física caracteriza-se pela estrutura e textura do solo, dentre os fatores químicos se destacam a composição mineralógica, a reação do solo quanto ao pH, o teor de matéria orgânica, a disponibilidade de nutrientes, dentre outros fatores (SOUZA et al., 2012).

Devido a escassez de informações científicas no Brasil sobre os produtos químicos a serem empregados e sobre os efeitos ambientais dos mesmos no solo e na água durante a pulverização de nuvens, existe a necessidade de pesquisa nesta área. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo selecionar o composto químico mais propício a ser lançado na atmosfera para a precipitação de nuvens, com base nas questões ambientais.

Autores: Michelle da Silva Honório; Jardel de Castro Lauro; Rosana Gonçalves Barros; Rosângela Mendanha da Veiga e Viniciu Fagundes Bárbara.

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