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Diagnóstico temporal da qualidade da água e do uso e cobertura do solo da bacia hidrográfica do Rio Tibagi

Resumo

O desenvolvimento de atividades antrópicas está intimamente relacionado ao uso e cobertura do solo da bacia hidrográfica e impacta diretamente nos aspectos quali-quantitativos da água, podendo atribuir características que inviabilizem seu uso para determinados fins. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água e as alterações no uso e cobertura do solo da bacia hidrográfica do rio Tibagi para os anos de 2006 e 2016. Para diagnóstico temporal da qualidade da água do Rio Tibagi foram obtidos dados de monitoramento de estações fluviométricas, localizadas à montante e à jusante da UHE Mauá e que apresentassem dados de qualidade de água suficientes para o cálculo do índice de qualidade das águas – IQA nos anos de 2006 e 2016. Para a classificação do uso e cobertura do solo foi utilizado o programa ArcGIS e imagens do satélite LANDSAT 5 e 8, distinguindo-se as classes temáticas: área urbana, água, vegetação densa, solo exposto e vegetação rasteira. Em geral, a qualidade da água pelo IQA obteve classificação boa e os mapas de uso e cobertura apresentaram aumento consistente da classe urbana e redução da classe vegetação rasteira entre os anos analisados. Os resultados dos índices de qualidade da água e dos mapas de uso e cobertura forneceram subsídios importantes para auxiliar a gestão da bacia hidrográfica do rio Tibagi.

Introdução

O desenvolvimento urbano aliado ao aumento da densidade demográfica tem causado problemas de demanda de água sob os aspectos qualitativo e quantitativo,exigindo investimentos cada vez mais significativos aos sistemas de abastecimento.

A Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecida na Lei Nº 9.433 prevê como diretriz de ação “a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo” (Brasil, 1997). Esta diretriz é fundamentada no fato de que o homem transforma os espaços da bacia por meio de desmatamentos, da implantação de pastagens e cultivos, da construção de obras civis, represamento e canalização de cursos d’água, da implantação de indústrias e áreas urbanas, gerando grande quantidade de rejeitos, cujo destino final frequentemente é o ambiente aquático.

Assim, a qualidade da água está diretamente relacionada ao uso que se faz do ambiente. No caso do meio hídrico, a poluição das águas pode ser conceituada como a ocorrência de fenômenos que resultam na adição de substâncias ou de formas de energia que direta ou indiretamente alteram suas características e que inviabilizem seu uso para fins específicos(SPERLING, 2005).

As imagens obtidas por satélite de sensoriamento remoto vêm sendo utilizadas de forma crescente para aquisição de dados, monitoramento das mudanças da superfície terrestre, estudos ambientais, agrícolas, cartográficos, urbanos, entre outros. As técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento possibilitam identificar áreas de risco ou áreas que já foram intensamente degradas, bem como distinguir variações ocorridas devido às modificações naturais da paisagem e às provocadas pelo homem.Por isso, estas técnicas sãoconsideradas ferramentas estratégicas potenciais para o monitoramento ambiental em escalas locais e globais, devido à rapidez, eficiência, periodicidade e abrangência.

Desta forma, a associação/correlação destas com informações pontuais obtidas in loco possibilita realizar inferências importantes sobre a superfície, potencializando a contribuição, uso e aplicação das tecnologias de sensoriamento remoto e geoprocessamento nas mais diversas áreas das ciências aplicadas, em especial no planejamento e gestão dos recursos hídricos.

Mais especificamente, considerando a intervenção ocorrida em 2012 na bacia hidrográfica do rio Tibagi – BHT, com o represamento do rio entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira para a instalação da Usina Hidrelétrica Mauá – UHE Mauá – e sua relevância, uma vez que abrange uma área correspondente a 13% do território do estado e abastece 49 municípios do Paraná, o presente trabalho teve como objetivo realizar o diagnóstico temporal da qualidade da água utilizando dados de séries históricas e do uso e cobertura do solo da Bacia Hidrográfica do rio Tibagi – BHT com imagens de sensoriamento remoto,a fim de subsidiar futuras tomadas de decisão em questões importantes para promoção do bem-estar da sociedade e proteção ambiental.

Autores: Emily Giany Assunção; Mariane Libório Cardoso; Adriana Castreghini de Freitas Pereira e Emília Kiyomi Kuroda.

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