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Estudo da clarificação da água usada para abastecimento humano, através de testes em escala de bancada

Resumo

A água é de suma importância para a vida humana, tendo como um dos principais usos, o abastecimento humano. No Brasil, a água de abastecimento humano deve atender os requisitos de qualidade da água impostos pela portaria de nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde, o que, na maioria das vezes, requer o tratamento da mesma por diferentes processos. O presente trabalho teve como objetivo geral, pesquisar a influência da coagulação com sulfato de alumínio e a coagulação utilizando o sulfato de alumínio combinado com auxiliar de coagulação, polieletrólito catiônico Floerger, na clarificação da água da barragem da cidade de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. A pesquisa avaliou a remoção de turbidez e cor aparente a partir de ensaios em escala de laboratório, utilizando equipamento tipo jarteste. Os ensaios foram realizados em quatro etapas nas quais foram fixadas em todos os testes as condições de mistura rápida, de floculação e de sedimentação. Na primeira etapa dos testes, foi pesquisada a melhor dosagem de sulfato de alumínio, ficando este com valor fixo nos demais testes. A segunda etapa buscou a melhor condição de pH de coagulação, cuja variação foi obtida pela adição de soluções de ácido sulfúrico e de carbonato de sódio. Na terceira etapa, o polieletrólito catiônico Floerger teve sua dosagem variável em cada jarro, mantendo fixa a melhor condição observada na segunda etapa. Na última etapa, fixou-se uma dosagem de polieletrólito em cada uma de suas seis fases resultando em 36 jarros. Os resultados obtidos evidenciaram a importância da realização de testes em escala de bancada visando melhores resultados de remoção de cor aparente e turbidez em função de distintos valores de dosagem de coagulante e respectivo pH de coagulação, assim como auxiliar de coagulação. Para a água estudada e as condições testadas em escala de bancada, observou-se que a coagulação com dosagem de 45 mg/L de sulfato de alumínio combinada com polieletrólito catiônico Floerger em uma dosagem de 3 mg/L favoreceu a remoção de cor aparente e turbidez, em relação aos resultados obtidos sem o auxiliar de coagulação.

Introdução

Os serviços públicos de abastecimento devem sempre fornecer água de adequada qualidade e, no Brasil, atender ao disposto na portaria n° 2.914 de 2011 do Ministério as Saúde (BRASIL, 2011). Esta dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade para substâncias químicas, cianotoxinas, radioatividade, organoléptico entre outros.

Definem-se como padrões de potabilidade os limites de tolerância das substâncias presentes na água de modo a garantir-lhe as características de água potável, ou seja, inofensiva à saúde do homem, agradável aos sentidos e adequada aos usos domésticos. De forma geral, os padrões são físicos (cor, turbidez, odor e sabor), químicos (presença de substâncias químicas) e bacteriológicos (presença de microrganismos vivos). Normalmente as legislações específicas de cada região ou país, regem-se pelas recomendações da Organização Mundial de Saúde (MEDEIROS FILHO, 2009).

De acordo com Santos (2004), no Brasil, ainda é comum estações de tratamento de água (ETAs) serem construídas sem se fazer um estudo prévio da água bruta, o qual visa estabelecer a tecnologia de tratamento mais adequada. Estudos de tratabilidade podem proporcionar maior eficácia do tratamento, além de contribuir para a redução dos custos de implantação e de operação de uma ETA, sem comprometer o atendimento ao padrão de potabilidade da água.

Ainda de acordo com Santos (2004), o ideal é que esses estudos sejam preliminares à construção da ETA, mas também podem contribuir para corrigir eventuais problemas existentes em ETAs já construídas. Tais estudos podem caracterizar a água por meio de parâmetros físicos, químicos e biológicos através de ensaios em bancada para seleção das dosagens e dos tipos de coagulantes mais adequados e definir o tipo de tratamento e os parâmetros hidráulicos adequados. A escolha da tecnologia de tratamento depende basicamente da qualidade da água bruta e da qualidade desejada para o efluente final (DI BERNARDO, 2003). O projeto de uma ETAS deve ter como base, dados de laboratório obtidos em reatores estáticos ou, de preferência, em instalações pilotos com escoamento contínuo (DI BERNARDO; SABOGAL PAZ, 2008). Para estes autores, mesmo conhecendo a qualidade da água bruta, o projetista pode incorrer em erros graves quando seleciona a tecnologia de tratamento ou quando adota parâmetros de projeto.

Entre as características avaliadas em estudo de tratabilidade são a turbidez e a cor aparente. A turbidez representa o grau de interferência (maior ou menor) da passagem de luz através da água. Deve-se à presença de partículas em suspensão. Há uma relação entre a turbidez e o tratamento da água, quanto menor o valor de turbidez alcançado por meio do tratamento mais eficiente será sua desinfecção. A cor resulta principalmente da dissolução de sólidos na água, os quais podem ter origem antropogênica ou natural (decomposição da matéria orgânica animal e vegetal). A cor pode ser diferenciada entre aparente e real (ou verdadeira). Na cor aparente está inserida uma parcela devida à turbidez da água, enquanto na cor verdadeira, a turbidez é removida ficando os sólidos dissolvidos que propiciam a cor verdadeira (SANTOS, 2004). O padrão organoléptico especificado pela portaria n° 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde apresenta 15 uH (unidades Hazen) como valor máximo aceitável de cor aparente e para a turbidez é de 5 uT.

Este trabalho objetivou estudar a influência do coagulante sulfato de alumínio em conjunto com o auxiliar de coagulação polieletrólito catiônico floerger na clarificação da água usada para abastecimento humano da cidade de Pau dos Ferros, RN, através da realização de ensaios em escala de laboratório, simulando parte da tecnologia de tratamento convencional.

Autores: Juliana Almeida de Lira e Solange Aparecida Goularte Dombroski.

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