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Avaliação da presença de Ciprofloxacino, Sulfametoxazol e Cafeína em água de esgoto de Foz do Iguaçu e Matelândia/PR

Resumo

O descarte indevido de medicamentos é consequência de uma série de fatores, entre eles o fácil acesso a medicamentos, falta de fiscalização sanitária, leis fracas e falta de conhecimento da população sobre os riscos envolvendo os contaminantes ambientais contidos em formulas farmacêuticas. O sistema fraco de regulamentação e normas de orientação ao comercio e aos consumidores são insuficientes para minimizar os riscos eprejuízos decorrentes do descarte incorreto em lixo comum ou nas redes de esgotamento sanitário, criando assim um problema ambiental decorrente dos contaminantes oriundos destes resíduosa falha no sistema. Por esses motivos o projeto apresentado teve como objetivo a análise de amostras de esgotos coletados na cidade de foz do Iguaçu, e Matelândia, PR. para alertar sobre o uso descontrolado e o descarte incorreto de medicamentos em redes de esgotos domésticos discutindo sobre os danos e problemas que incidem devido à contaminação das águas e da biodiversidade aquática. Metodologia:As amostras foram analisadas por meio de cromatografia para verificar se havia resíduos dos fármacos ciprofloxacino, sulfametoxazol, cafeína. Resultados:Os resultados confirmaram presença de Ciprofloxacino, Sulfametoxazol e Cafeína em todas as amostras de água, sendo que a eminência maior de contaminação foi na amostra 1 com incidência maior de Ciprofloxacino.Conclusão:As concentrações encontradas para Ciprofloxacino variam entre 0,0046 μg mL-1 e 0,0192 μg mL-1, de Cafeína varia entre <LQ e 0,0046 μg mL-1. Já para Sulfametoxazol as concentrações encontradas variam entre 0,05 μg mL-1 até 0,084 μg mL.

Introdução

As evoluçõestecnológicas no século passado levaram ao desenvolvimento das indústrias, proporcionado avanço na indústria farmacêutica e a síntese de novos compostos para diversas utilidades, a expansão no mercado, um arsenal de novos produtos e modificações importantes na utilização dos medicamentos de todo o mundo (MARGONATO et al., 2008). Com o crescimento do mercado farmacêutico surgiram novos equipamentos, materiais e medicamentos fez com que os preços subissem e assim surgiu a impossibilidade do acesso universal aos recursos e tecnologia moderna disponíveis (Crozara, 2001).

Nos dias de hoje os avanços da ciência na área da saúde e as pesquisas de novos tratamentos trouxeram benefícios incontestáveis à saúde da população, o que também proporcionou um aumento considerável na fabricação de novas fórmulas e na quantidade de medicamentos disponíveis para comercialização e consumo gerando competição de preços deixam assim mais fácil o acesso ao medicamento (PINTO et al., 2014).

Com isso a automedicação e a fácil aquisição de produtos usados para tratamento medico, acabaram por gerar nas residências as chamadas “farmácias caseiras’’, das quais são muito comum nos lares de brasileiros, assim como no mundo todo, estas chamadas farmácias caseiras são geralmente formadas por formulas de fáceis acesso reservadas para as emergências obtendo medicamentos analgésico, antigripal, antitérmicos, pomadas para feridas e cortes entre outras formulas vendidas sem receita medica.(BUENO; WEBER; OLIVEIRA, 2009). O País apresenta alta prevalência de consumo de medicamentos e baixa adesão da população à prescrição, conforme a orientação dos serviços. Este problema é agravado pelo processo da automedicação, muito presente na dinâmica social do Brasil (LEITE; VIEIRA; VEBER,2008).

Uma expressiva quantidade de medicamentos tem sido utilizada de modo crescente no mundo, sendo cerca de 4.000 medicamentos empregados em 10.000 finalidades distintas (ARAUJO et al., 2010). A ANVISA estima que cerca de 30 mil toneladas de remédios sãojogadas fora pelos consumidores a cada ano no Brasil (CARNEIRO, 2011).

O Brasil esta entre as dez nações nas quais se compram mais medicamentos no mundo, calcula-se que pelo menos 20% do que é adquirido é descartado de maneira incorreta na rede de esgotamento sanitário ou no lixo comum. (FALQUETO, 2012).

Uma das discussões mais atuais está relacionada ao descarte de medicamentos e seu impacto ambiental decorrente da contaminação do meio ambiente (ALVARENGA; NICOLETTI, 2010).

Ao acomodar incorretamente esses resíduos no meio ambienteou jogá-losem aterros comuns ou despachá-los pela rede de esgoto, podem ocasionar contaminação do solo e lençóis freáticos(UEDA et al., 2009). Ademais, podem atingir a fauna e flora e novamente interferir no organismo humano de modo negativo provocando reação contrária à da sua formulação, (Carvalho et al, 2021).

O descarte no lixo doméstico causa problemas ambientais pois os aterros sanitários não conseguem eliminar resíduos de medicamentos que tenham sido jogados no lixo comum, os compostos químicos presentes nosmedicamentos vão sendo absorvidos para os meios receptores do solo. Podendo ter um conjunto de efeitos lesivos em seres humanos ou animais que venham a entrar em contato com o solo contaminado (VAZ; FREITAS; CIRQUEIRA, 2011).

Os fármacos são criados para serem persistentes, preservando sua natureza química o suficiente para servir a sua finalidade terapêutica. Porem, cerca de 50% a 90% da dosagem do fármaco é eliminado de forma inalterada, chegando assim ao meio ambiente pois além do descarte incorreto, acontaminação pode ocorrer pela excreção humana e animal, excretado pela urina ou pelas fezes. (UEDA et al., 2009).Estes compostos, uma vez no ambiente, podem comprometer a qualidade dos recursos hídricos, interferindo na biodiversidade e no equilíbrio deecossistemas aquáticos (MASSARO, 2011).

Quando Essas substâncias químicas são expostas condições adversas de temperatura, umidade e luz tendem transformar-se em substâncias tóxicas, podendo afetar o equilíbrio do meio ambiente, interferindo nas e cadeias alimentares, como por exemplo, os antibióticos que, quando descartados inadequadamente, favorecem o surgimento de bactérias resistentes, e os hormônios utilizados para reposição ou presentes em anticoncepcionais que afetam o sistema reprodutivo de organismos aquáticos, provocando, por exemplo, a feminização de peixes machos (EICKHOFF; HEINECK; SEIXAS, 2009).

O progresso das técnicas analíticas, no que se refere principalmente à sensibilidade, tem permitido a detecção de resíduos nos ambientes aquáticos em concentrações cada vez mais baixas. Técnicas poderosas como a cromatografia liquida acoplada à espectrometria de massas (CLAE-EM), CLAE com detecção de fluorescência (CLAE-FL) e cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) (BACALONI et al., 2005; ZUCCATO et al., 2006; GONZÁLEZ; BARCELÓ; PETROVIC, 2007; VAICUNAS et al., 2013; ZHANG et al. 2013a; CARLSON et al., 2013),são usadas para detectar contaminantes no meio orgânico do ambiente.

Por esses motivos o projeto apresentado teve como objetivo a analise de amostras coletadas de esgoto na cidade de foz do Iguaçu, e Matelândia, PR. para alertar sobre o uso descontrolado e o descarte incorreto de medicamentos em redes de esgotos domésticos discutindo sobre os danos e problemas que incidem devido à contaminação das águas e da biodiversidade aquática.

Autores: Andressa Paulino Batista; Gabrielle de Cassia Marchetti; Sarah Lyssa Martins Reis; Jéssica Assumpção; Ismael Laurindo Costa Junior e Jean Colacite.

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