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Aplicação de campo magnético na remoção de turbidez de água de manancial superficial, destinada ao consumo humano

Resumo

Os novos métodos que não requerem extensão de plantas existentes ou construção de reatores muito caros são ainda buscados. Este artigo busca apresentar uma contribuição prática para o avanço do conhecimento no tratamento das águas. É apresentado um estudo em escala piloto sobre a remoção de turbidez sob influência dos efeitos de um campo magnético. O sistema de tratamento das águas elaborado na pesquisa possui as características de filtração direta, sendo composto pelas etapas de coagulação e filtração. Uma bobina para geração de campo magnético foi construída e instalada para magnetizar a água antes do ponto de aplicação de coagulante. Alcançou-se valores inferiores de turbidez final quando foi aplicado campo magnético. A diferença percentual nos valores de turbidez entre os cenários com e sem magnetização chegou a mais de 60%.

Introdução

Praticamente toda água que se encontra na natureza, principalmente em corpos de água superficiais, demanda tratamento para ser utilizada no abastecimento público. Isso se deve à grande variedade e volume de contaminantes liberados pelas atividades antrópicas, e, por vezes, processos naturais (RICHTER & AZEVEDO NETTO, 1991). A água consumida pelo ser humano deve obedecer a critérios de qualidade definidos por normas nacionais ou internacionais (DI BERNARDO et al., 1999). A obediência a esses critérios determina que a seleção da tecnologia de tratamento a ser adotada considere, além de qualidade da água a ser tratada, a própria característica da comunidade a ser beneficiada. Do ponto de vista tecnológico, água de qualquer qualidade pode ser, em princípio, transformada em água potável (DI BERNARDO et al., 1999).

Entretanto, analisando o aumento na degradação e poluição do meio ambiente e recursos hídricos, se faz necessário o aperfeiçoamento das técnicas e o domínio de novos conhecimentos na gestão do saneamento. As águas superficiais utilizadas como fonte para abastecimento estão sujeitas cada vez mais a poluentes e contaminantes, demandando tratamentos mais elaborados. Neste sentido, o aumento do uso de produtos químicos no tratamento das águas, como por exemplo os coagulantes à base de sais de alumínio, é um aspecto preocupante, tanto no ponto de vista econômico quanto na saúde humana. Os primeiros estudos que demonstram a neurotoxicidade do alumínio ao homem datam de mais de 100 anos.

Com isto, busca-se meios que aumentem a segurança, a eficiência do tratamento e a qualidade das águas relacionando o avanço tecnológico e econômico, como por exemplo a diminuição do consumo de produtos químicos. Paralelamente, têm-se discutido a aplicação de campos magnéticos para assistirem os processos de tratamento das águas de forma potencialmente eficaz (ZAIDI et al., 2014). Através do magnetismo podemos afetar as propriedades físicas dos contaminantes na água de forma a facilitar sua manipulação e, consequentemente, eliminação.

Segundo Zaidi et al. (2014), a aplicação de campo magnético no tratamento das águas tem a capacidade de melhorar o desempenho físico em termos de separação sólido-líquido, principalmente através da coagulação das partículas coloidais. Na presença de um campo magnético as partículas sofrem um alinhamento que facilita a sua agregação (VICK, 1991).

Uma das vantagens da implantação de campos magnéticos em sistemas de tratamento de águas é que se trata de uma tecnologia verde. No caso do uso de ímãs permanentes, não há necessidade de reposição e compra de materiais e gastos com eletricidade. O emprego e a instalação de dispositivos para geração de campo magnético são considerados simples e econômicos (ZAIDI et al., 2014). É uma tecnologia que não gera resíduos na água e o efeito da magnetização é dissipado de acordo com a memória magnética.

Por tais razões, buscou-se neste trabalho aplicar campo magnético de forma auxiliar a etapa de coagulação. O objetivo é evidenciar a capacidade da magnetização em ajudar a remover a turbidez das águas.

Autores: Matheus Pinheiro Massaut e Ramon Lucas Dalsasso.

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