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Aplicação de nitrato de cálcio em rede de esgotamento sanitário na mitigação de odores

Resumo

A presença de sulfeto de hidrogênio (H2S) em sistemas de esgotamento sanitário é responsável pela geração de odor e corrosão. Diversas estratégias vêm sendo empregadas para minimizar os problemas ocasionados pelo H2S, dentre elas a aplicação de nitrato de cálcio CaNO3- , que atua por meio do favorecimento a bactérias redutoras de nitrato em detrimento das sulfo-redutoras e pela oxidação de sulfetos, assim, reduzindo a formação e emissão de H2S. Os objetivos do estudo foram avaliar e otimizar a eficiência da aplicação de CaNO3- na mitigação da formação e oxidação de H2S em redes de esgotamento sanitário. A dosagem de CaNO3- foi avaliada por 120 dias e não influenciou significativamente o pH e N total do esgoto, uma vez que apresentaram médias semelhantes entre os tratamentos e, ainda, não apresentaram diferença estatística significativa. Já os menores teores de sulfetos no meio líquido e H2S evidenciaram que provavelmente o nitrato de cálcio possui uma ação efetiva em favorecer a atividade de bactérias redutoras de nitrato. A dosagem otimizada obtida para nesta situação foi de 125 mL de CaNO3- /m3 de esgoto e apresentou 97% na redução de H2S na fase gasosa.

Introdução

Sob condições anaeróbias, os microrganismos não tem o oxigênio dissolvido necessário para respiração, logo durante a digestão anaeróbia ocorre a etapa de sulfetogênese, processo no qual há a produção de sulfetos, onde sulfato e outros compostos à base de enxofre são utilizados como fonte de oxigênio para respiração por bactérias sulforedutoras. Entretanto, os sulfetos em meio liquido são facilmente liberados na forma de H2S para a atmosfera em função de turbilhonamento, concentração do gás, condições de clima, entre outros (ZHANG et al., 2013; CHERNICHARO, 2007).

O H2S começa a ser perceptível pelo homem em concentrações acima de 0,0001 ppm. Além de conferir um cheiro desagradável o H2S pode provocar danos à saúde humana. Quando a concentração é superior a 10 ppm irritações e náuseas podem ser percebidas; concentrações maiores que 50 ppm podem gerar lesões oculares e respiratórias e ameaça à vida; já teores acima de 700 ppm podem ser fatais (PARK et al., 2014).

Diversas estratégias operacionais vêm sendo empregadas para minimizar os problemas de maus odores ocasionados pelo H2S. Tal diversidade envolve desde simples estratégias, como por exemplo, limpeza de equipamentos , plantio de espécies arbóreas, até a aplicação combinada de produtos químicos, como nitrato, oxigênio, sais metálicos (ferro e zinco), álcalis cloro, ozônio e peróxido de hidrogênio (MOHANAKRISHNAN et al., 2009)

A presença de NO3- no esgoto favorece a atividade de bactérias redutoras do íon, que fazem uso do NO3- como receptor final de elétrons (PARK et al., 2014). Ainda, as bactérias redutoras de SO4- preferem o NO3-como fonte de O2. Além disso, a adição de NO3-em esgoto sanitário oxida o S2- dissolvido via desnitrificação autotrófica (MATHIOUDAKIS et al., 2006) , conforme pode ser observado na equação 1.

(…)

Autores: Fernanda Janaína Oliveira Gomes da Costa; Bárbara Zanicotti Leite Ross; Ana Caroline de Paula e Charles Carneiro.

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