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Avalição das alternativas de aproveitamento do lodo gerado pelas estações de tratamento de esgoto (ETE’s) e estações de tratamento de água (ETA’s) de Palmas-TO na construção civil

Resumo

Universalizar os sistemas de saneamento básico é um desafio a ser vencido no país, Palmas – TO já conseguiu atingir essa meta, disponibilizando água tratada e rede de coleta e tratamento de esgoto a quase toda a população. Atrelado a esse êxito está a geração de resíduos sólidos, tanto nas estações de tratamento de esgoto quanto nas estações de tratamento de água. Trata-se de um problema mundial, quanto mais se avança no oferecimento de serviços de saneamento mais se gera o dito Lodo de ETA e de ETE. A constituição desses materiais varia muito, tanto de uma cidade para outra, como na mesma cidade em diferentes épocas do ano, o tipo de tecnologia adotada também gera produtos completamente diferentes. Na ETA 006, a principal de Palmas, está instalada uma estação de ciclo completo com captação no Ribeirão Taquarussu e no Lago da Usina Hidroelétrica Luís Eduardo Magalhães. Na ETE Norte utiliza-se reatores UASB seguido de lagoas de lodos ativados e um decantador secundário. Nas duas estações o lodo é destinado a bags de geotêxteis para adensamento e redução da umidade, o processo só é finalizado após a estabilização do lodo para posterior deposição final. O limitante para a utilização desses materiais é, principalmente, a constituição rica em matéria orgânica, e o risco a saúde atribuída sobretudo ao lodo da ETE, como também problemas relativos aos impactos negativos causados nas construções por seus usos. O presente trabalho fez um levantamento bibliográfico das produções realizadas sobre os resíduos da cidade, como também dos experimentos feitos com matéria-prima de outras cidades. O objetivo foi reunir o máximo de informações para então se ter um direcionamento de quais linhas de pesquisas já demonstraram efetividade para destinação final desse material dentro da engenharia civil. Os estudos encontrados já testaram a aplicação em diversos campos, principalmente em cerâmica vermelha, concreto e pavimentação, com aplicação em diversas formas, in natura, seco ou incinerado. Contudo, não é possível encontrar uma solução que seja adotada em todos os locais, cada caso exige uma análise específica e profunda. Portanto, para se ter uma composição de Palmas serão necessários mais estudos a fim de determinar o uso que seja ambiental e financeiramente executável.

Introdução

Atrelado aos processos de transformação das atividades humanas, surge, dentre outros, a produção de resíduos sólidos. Em início, devido à baixa densidade populacional das cidades, a resiliência da natureza foi capaz de absorver esses resíduos por meio de processos espontâneos. Contudo, essa capacidade de autodepuração foi, em muito, superada frente ao crescimento da população e ao avanço industrial. Nesse contexto, a necessidade de adequar o processamento e a destinação final dos resíduos torna-se sine qua non para a manutenção do equilíbrio ambiental (ENGENHARIA SANITÁRIA, 1977; SORG, 1970; ANDREOLI, 1999 apud GEYER, 2001).

Uma forma de contribuição positiva para o meio ambiente, é o saneamento, cujo objetivo é manter dentro do aceitável as variáveis que afetam direta ou indiretamente, de maneira nociva, o ambiente físico, ocasionam danos à saúde e desaceleram o desenvolvimento humano (CARVALHO; OLIVEIRA, 2003 apud MACIEL; MACHADO, 2015). Entre as atribuições do saneamento está a de assegurar o fornecimento de água potável e em quantidade adequada para o consumo humano, coleta, tratamento e destinação final ambientalmente adequada, de águas residuárias e resíduos sólidos, garantindo condições higiênicas e sanitárias, além de conservar os recursos hídricos (RIBEIRO; ROOKE, 2010).

A disposição dos resíduos produzidos durante as etapas de tratamento, tanto de água quanto de esgoto é um problema mundial. Apesar de grande parte dos países desenvolvidos possuírem sistemas adequados de gerenciamento desses resíduos, muitas ETA’s, principalmente em países em processo de desenvolvimento, ainda fazem o descarte desse material em cursos d’água. Este processo, se realizado em desconformidade com os padrões ambientais acaba por gerar o que a Lei n° 6.938/81 entende como degradação da qualidade ambiental, que consiste na “alteração adversa das características do meio ambiente”. Em relação as ETE’s, estas também geram grandes volumes de resíduo sólido, denominado lodo de esgoto. Assim como o lodo proveniente das ETA’s, este resíduo exige uma destinação final adequada. Nos países desenvolvidos, essa destinação se dá principalmente em aterros sanitários, aplicação moderada no solo e reciclagem (ANDREOLI, 2001; BRASIL, 1981).

De acordo com os estudos de Iwaki (2017), estima-se que, diariamente para cada ser humano sejam produzidos 120g de sólidos secos dispostos nas redes de esgoto. Quando não há o descarte de resíduos industriais na rede, o lodo é composto em sua maioria por água com 99,87%, 0,04% de sólidos sedimentáveis, 0,02% de sólidos não sedimentáveis e 0,07% de outras substâncias dissolvidas.

No Brasil, com o crescimento da população e o avanço urbano acelerado, houve um acréscimo do número de conexões nas redes e surgiu então a necessidade da construção de novas estações de tratamento. Com isso a geração de lodo proveniente das ETA’s e ETE´s aumentou significativamente (GODOY, 2013). Em 2010, estudos apontavam que, no Brasil, seriam produzidos de 150 a 220 mil toneladas de lodo seco por ano, considerando que apenas 30% da população urbana dispunha de tratamento de esgoto, o qual, se fosse tratado integralmente resultaria uma produção de 325 a 473 mil toneladas ao ano (IWAKI, 2017; ANDREOLI, 2001).

O lodo produzido pelas ETA’s é composto sobretudo, pelas substâncias utilizadas nos processos de coagulação, clarificação e floculação, pelas partículas sólidas sedimentadas, areia, organismos, bactérias, sólidos em suspensão e pela água utilizada na lavagem dos filtros (JORDÃO; PÊSSOA, 2005).

Já na maioria das ETE’s o tratamento é realizado através de processos biológicos, que têm por objetivo coagular e remover coloides que não sedimentam e fazer sua degradação parcial ou estabilização. O material orgânico restante no esgoto após o tratamento é modificado através do metabolismo celular. Em sistemas convencionais de tratamento de esgoto, este passa por um decantador primário, tanque de aeração e decantador secundário, respectivamente, onde ocorre a formação de lodo primário e lodo secundário. As tecnologias mais recentes, no Brasil, usam reatores anaeróbios de fluxo ascendente do tipo Upflow Anaerobic Sludge Blanket (UASB), que retêm o lodo por até três meses, e realiza assim a sua estabilização (MELO, 2000; FERNANDES, 2000; MIKI et al., 2001; SOBRINHO, 2001 apud SANTOS, 2009).

Levando esse contexto para um nível regional, tem-se a cidade de Palmas, capital do estado do Tocantins, que possui 99% da população urbana atendida com abastecimento de água com padrões de qualidade satisfatórios (PALMAS, 2014). Em relação ao esgoto, a cidade completou em 2016, 80% de construção e interligação da rede coletora e de tratamento de esgoto. Sendo este feito, consagrado com o primeiro selo de universalização da rede de saneamento básico para uma capital brasileira. Todo o esgoto coletado em Palmas é tratado, para isso, foram construídas estações de tratamento e mais de 290 km de redes coletoras de esgoto, com capacidade de tratar até 400l/s e atender mais de 210 mil habitantes (PALMAS, 2016).

O Sistema de Abastecimento de Água (SAA) da capital está integrado majoritariamente à ETA 006, que é responsável pelo abastecimento da região central da cidade (Plano Diretor) e da região sul (Aureny’s, Taquaralto e Taquari). Outros sistemas de menor porte integram as vazões necessárias ao abastecimento do município, os distritos de Taquaruçu e Buritirana dispõem de sistemas de produção e distribuição independentes (PALMAS, 2014). Com relação ao Sistema de Esgotamento Sanitário, apenas a região Taquaruçu e Buritirana não contam com atendimento.

Um dos resultados negativos da melhora do sistema de abastecimento de água e da coleta de esgoto de Palmas é a produção de grande quantidade de lodo. A destinação final desse rejeito torna-se uma de questão grande relevância, nesse sentido, este artigo visa buscar alternativas viáveis com base em estudos anteriores, de outras estações de tratamento de esgoto como também de levantamentos produzidos sobre as ETA’s e ETE’s de Palmas.

Autores: Lucas Diego Costa Oliveira; Lucas Do Ó Oliveira; Marianna Carvalho Sousa; Tâmara Lorrane Melo Martins e Tatiana Ferreira Wanderley.

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