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Análise temporal da qualidade da água do córrego dos campos em Ribeirão Preto/SP

Resumo

O monitoramento de recursos hídricos corresponde a um conjunto de atividades que permitem o conhecimento da situação da qualidade das águas. São coletadas amostras que fornecem os indicativos do funcionamento dos recursos hídricos através de análises laboratoriais. Esses dados são transformados em informação especializada para que assim possa ser feito um planejamento ambiental e também uma comunicação social. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é analisar os resultados de registros do monitoramento e da qualidade da água através de análises físico-químicas e microbiológicas, desde sua nascente até sua foz, durante o período de 2014 a 2017, identificando as principais interferências e as possíveis medidas mitigadoras. O córrego dos Campos está localizado na região noroeste do município de Ribeirão Preto, em um a área intensamente urbanizada e com grande fragilidade ambiental. Classificado como Classe 2 podendo ser destinado ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional, à irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas e à recreação de contato. Entretanto, o que se observa na região, além do uso indevido da água pela população desinformada, é o descaso do poder público com o recurso hídrico que está poluído. As análises foram realizadas de 2 a 3 vezes ao ano a cada 3 meses, contemplando períodos de seca e de chuva. Os resultados indicam que o córrego dos Campos apresenta despejo irregular de esgotos domésticos provenientes de bairros que não interceptaram seus efluentes no emissário para que ocorra o tratamento do esgoto. Assim, as concentrações de oxigênio estão abaixo dos valores preconizados pela legislação nos pontos próximos à foz, além de elevadas contagens de coliformes termotolerantes, deteriorando a qualidade da água. Neste sentido, o monitoramento dos recursos hídricos urbanos permite um diagnóstico da qualidade da água e, de acordo com os resultados, será possível a utilização para a melhor tomada de decisão quanto à gestão do recurso e os riscos ambientais e de saúde pública.

Introdução

Devido ao aumento populacional, o espaço urbano cresce desordenadamente e consequentemente aumenta a geração de resíduos sólidos, despejo de esgoto doméstico, a atividade industrial e a poluição. Com isso, a deterioração dos recursos hídricos fica mais intensa e evidente, já que parte do efluente gerado é destinado ao leito do rio, por falhas nas obras de saneamento dos bairros ou por negligência da população, como, por exemplo, devido ao descarte indevido dos resíduos sólidos, ligações de esgotos clandestinas e acúmulo de “lixo” nas cidades, que por conta da chuva, carreia-os também para o corpo d’água.

A qualidade das águas é resultante das características físicas da bacia, como tipo de solos, relevo, declividades, composição química das rochas e tipo de vegetação do local, aponta Finotti et al (2009). Além disso, ele aponta que o outro fator que influencia na qualidade das águas é o tipo de ocupação da bacia hidrográfica ou uso de solo. Essas atividades vão determinar os impactos sobre os recursos hídricos e sua qualidade, como já observado por Lopes e Tomazelli (2009) no município de Ribeirão Preto.

Em função da crescente utilização da água e da intensa urbanização, o monitoramento de recursos hídricos corresponde a um conjunto de atividades que permitem o conhecimento da situação da qualidade das águas. São coletadas amostras que fornecem os indicativos do funcionamento dos recursos hídricos através de análises laboratoriais. Esses dados são transformados em informação especializada para que assim possa ser feito um planejamento ambiental e também uma comunicação social.

A poluição das águas pode ser monitorada pela identificação de micro-organismos indicadores presentes nela. Os micro-organismos indicadores mostram que as águas estão poluídas com material fecal de origem humana ou de outros animais de sangue quente. Os micro-organismos indicadores mais frequentes são Escherichia coli, Streptococcus faecalis, Shigella, Salmonella e Clostridium perfringens, presentes normalmente no intestino grosso do homem e dos animais (PELCZAR, 1996).

Ribeirão Preto, município localizado no interior do Estado de São Paulo, é multiprivilegiado do prisma da água, além de estar localizado sobre o Aquífero Guarani, dispõe de várias microbacias hidrográficas, todas pertencentes à bacia hidrográfica do rio Pardo, que percorrem a zona urbana. Dentre estas, a microbacia do córrego dos Campos foi eleita como objeto de estudo. O córrego dos Campos apresenta 7.608 m de extensão em seu curso de água principal e sua microbacia ocupa 5,28% da área da bacia do Ribeirão Preto, contando com área de 20 km² (ZANON, 2006; HAGY, 2009; FREITAS, 2006).

No entorno do córrego, localizam-se indústria de bebidas, escolas, parques, além dos moradores urbanos. Há ainda um projeto para a construção de um parque na área da antiga fazenda Baixadão, que se localiza no vale do córrego dos campos (RIBEIRÃO PRETO, 2012). De distintos modos estes sujeitos são envolvidos pela existência desta microbacia, e de modos diferentes a percebem e se apropriam dela e de suas águas. O estudo realizado por Zanon (2006) revelou a intensa urbanização da área da microbacia e a grande expansão da mancha urbana (cerca de cinco vezes em 20 anos).

O córrego dos campos é classificado como classe 2, de acordo com o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, Resolução n° 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2005), compreendendo águas que podem ser destinadas: ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e à aquicultura e à atividade de pesca.

Assim, a água do córrego poderia ser utilizada para as atividades descritas acima, porém o córrego possui alta taxa de urbanização no seu entorno e embora a água superficial não seja utilizada para abastecimento da população, ela pode ser utilizada para outros fins, porém o contato com águas contaminadas pode trazer prejuízos à saúde. Assim é de extrema importância analisar e verificar qualidade das águas do córrego comparando-as com os parâmetros da legislação.

Considerando a importância deste recurso hídrico para o município de Ribeirão Preto, o objetivo deste trabalho é analisar os resultados de registros do monitoramento da qualidade da água através de análises físicoquímicas e microbiológicas, desde sua nascente até sua foz, durante o período de 2014 a 2017, identificando as principais interferências e as possíveis medidas mitigadoras.

Autores: Analu Egydio dos Santos; Mariana Costa de Oliveira e Estéfanie Buzanello Nicomédio.

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