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Abaixo o desperdício

O Brasil, entre outros desafios, enfrenta a cultura do desperdício da população, e está disposto a vencer esse obstáculo

Ao contrário de nossos pais e avôs, nossas escolhas hoje provocam muito mais impactos ambientais que 30, 40 ou 50 anos atrás. Há uma tendência natural pela utilização de energia elétrica obtida de fontes renováveis, como os ventos, o sol e a água. Ou ainda pela biomassa obtida pela queima de bagaço de cana-de-açúcar, por exemplo. Essa mudança de paradigma, intensificada após o racionamento de eletricidade no Brasil em 2001, está consolidada na sociedade brasileira e tem contribuído para criar uma cultura nova em termos de consumo consciente no país.

É disso que estão se preocupando centenas de empresas no mundo todo. Como continuar produzindo, gerando emprego e renda, sem ultrapassar a barreira de agressão ao planeta? Qual a equação da sustentabilidade que garante desenvolvimento, bem-estar, qualidade de vida e preservação do meio ambiente e das condições de vida na natureza?

Mesmo sem conseguir desviar totalmente a atenção para o problema, o Brasil percebeu que deve priorizar o esforço para zerar a poluição e a emissão de gases do efeito estufa, preservar os ecossistemas, utilizando-se dos conceitos da eficiência energética, seja pela substituição das fontes poluentes e não-renováveis por outras alternativas limpas e renováveis.

A situação ganhou contornos preocupantes à medida que o desperdício de energia no Brasil atinge R$ 10 bilhões por ano, algo em torno de 10% de toda a energia gerada pelo país, segundo cálculos do governo federal. Uma comparação mais concreta aponta que o desperdício é do tamanho da geração de cinco usinas nucleares do porte de Angra 3, com 1.400 MW de potência instalada.

Um caso emblemático de desperdício é o das geladeiras ineficientes. Esses equipamentos respondem, em média, por 22% de uma conta de luz, mas as facilidades de aquisição de modelos mais eficientes esbarram no preço. As geladeiras com o selo Procel A (mais econômicas) invariavelmente são as mais caras. A simples substituição da geladeira velha por um modelo eficiente pode representar uma economia de consumo da ordem de quase 3%, que equivale ao gasto médio mensal com o ferro elétrico ou com a aparelhagem de som.

Algumas distribuidoras de eletricidade do Brasil, entre elas as do grupo CPFL Energia, estão sensíveis a essa realidade. Milhares de geladeiras estão sendo substituídas em diversas cidades do interior paulista e litoral, beneficiando a população de menor poder aquisitivo. A idéia é retirar a geladeira antiga, que consome mais energia, trocando-a por um modelo eficiente, sem custo para o cliente de baixo poder aquisitivo.

Outra iniciativa com esse objetivo envolve a doação de milhares de lâmpadas eficientes, entregues para a população carente em kits com três unidades, além da substituição de chuveiros por modelos mais econômicos, que utilizam soluções que amenizam a utilização da eletricidade. Essas três ações fazem com que a conta de luz de uma residência possa ser reduzida em até 80%. Estamos falando aqui obviamente de unidades de baixo poder aquisitivo.

Por tudo isso, os primeiros resultados já começam a ser percebidos nas faturas de consumo de eletricidade. Para complementar essa logística, um pequeno exército de técnicos e especialistas percorre as regiões mais carentes levando dicas e orientações de uso racional de energia elétrica. Essa prática, um verdadeiro trabalho de formiguinhas, tem contribuído para incutir novas posturas em um cliente nem sempre acostumado a evitar o desperdício, na maioria das vezes por desconhecimento.

O Brasil, entre outros desafios, enfrenta a cultura do desperdício da população, e está disposto a vencer esse obstáculo. As empresas concessionárias de energia elétrica e a população em geral têm o firme compromisso de facilitar essa tarefa, tendo como parâmetro um mundo melhor para todos.

Carlos Augusto é gerente de Projetos Especiais da CPFL Energia

FONTE: http://www.revistasustentabilidade.com.br/

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