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Uso combinado de wetlands construídos com fluxo vertical e microalgas como tratamento terciário descentralizado para remoção e recuperação de nutrientes de efluente domésticos

Resumo

O uso combinado de wetlands construídos (WC’s) e microalgas como sistema de tratamento, tanto secundário como terciário, desempenha uma importante complementação aos mecanismos já existentes para tratamento de efluentes, seja pela sua simplicidade ou pela sua operação de baixo custo. Neste contexto, o presente trabalho objetivou o tratamento de efluente proveniente de um reator anaeróbio do campus da Universidade de Santa Cruz do Sul, RS, caracterizado como águas amarelas e negras, advindas principalmente dos sanitários. A configuração da linha em série de tratamento contou com um tanque e superfície de acrílico rugosa para adesão das microalgas com recirculação de vazão de 520 L.h-1, seguido de dois wetlands construídos de fluxos verticais descendentes plantados com a macrófita Hymenachne grumosa, com tempo de retenção hidráulico total de 21 dias. O sistema encontra-se em fase inicial. Para o presente estudo, as eficiências ao final do sistema para condutividade, turbidez, sólidos totais dissolvidos e absorbância, carbono orgânico total, carbono inorgânico, carbono total, nitrogênio total, n-amoniacal e fósforo solúvel foram 47,8%; 98,2%; 48,1%, 73,2%, 55,7%, 75,5%, 72,9%, 67,9%, 99,8% e 47,0% respectivamente, resultados que indicam um sistema promissor para tratamento de efluente doméstico.

Introdução

Métodos biológicos para tratamento de efluentes, tanto secundário como terciário, tais como sistemas de microalgas e wetlands construídos (WC’s), desempenham uma complementação aos mecanismos já existentes para tratamento de efluentes, seja pela sua simplicidade ou pela sua operação de baixo custo (Okurut et al. 1999; Kadlec e Wallace 2008), além de dispensarem a aplicação de produtos químicos, apresentarem melhor eficiência termodinâmica de biodegradação e permitirem o reuso dos produtos finais (Lourenço et al. 2015; Sukačová et al. 2015).

A aplicação de microalgas no tratamento de efluente data há mais de 60 anos, inicialmente com o propósito de promover a oxigenação do efluente (Oswald et al. 1953). Os principais componentes para o desenvolvimento desses microrganismos fotossintetizantes são fósforo, nitrogênio, dióxido de carbono e energia solar, através dos quais acumulam matéria orgânica (Blanken et. al. 2013; Suganya et al. 2016). Maximizado pela alta taxa de desenvolvimento, as microalgas são eficientes na remoção e estocagem de nutrientes e com isso, para a redução de cargas eutrofizantes, além de apresentarem custo reduzido, baixa geração de lodo, oxigenação do efluente e não exigem tempo de retenção longo (Boelee et al. 2011; Choi e Lee 2012).

WC’s constituem um ambiente com alta taxa biológica, que simulam os mecanismos de redução e biodegradação de poluentes que ocorrem naturalmente em áreas alagadas sem, contudo, exigir gastos energéticos, já que a energia utilizada basicamente provém de fontes naturais como o sol, vento, solo, plantas e microrganismos, sendo assim, a energia requerida pelas diferentes configurações de WC’s não ultrapassam 0,18 kw.h.m-3 (Brix 1999; Wallace 2006; Austin and Nivala 2009). Seu uso para tratamento de águas e de efluente pode dar-se em diferentes configurações conforme o regime hidráulico utilizado: fluxo superficial e subsuperficial com regime vertical ou horizontal (Kadlec e Wallace 2008). Virtualmente, podem ser subdividos em sumidouros em termos de remediação (coluna de água, substrato, microbiota e flora) (Shilton et al. 2012; Shelef et al. 2013).

Neste contexto, o presente trabalho objetivou o uso integrado de filtro de microalgas e dois tanques de wetlands construídos de fluxo vertical descentende junto à Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) de um campus universitário para remoção e/ou redução de cargas poluidoras, principalmente as eutrofizantes.

Autores: Gleison de Souza Celente; Gustavo Stolzenberg Colares; Ênio Leandro Machado e Eduardo A. Lobo.

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