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Proposta de alternativa para tratamento de águas residuárias oriundas do restaurante universitário do setor básico da UFPA/Belém

Resumo

Este trabalho teve como objetivo propor, dimensionar e analisar técnica e economicamente diferentes alternativas para o sistema de tratamento de águas residuárias do Restaurante Universitário (RU) da UFPA, campus Belém. O restaurante já possui um pré-tratamento composto por caixas de gordura e tanque séptico; no entanto, pesquisas recentes verificaram que a carga orgânica efluente a esse tratamento ainda é bastante alta, inclusive mais elevada do que as típicas de esgotos domésticos. Por essa razão, as alternativas propostas neste trabalho foram abordadas como sistemas destinados ao tratamento de esgoto industrial. Tais alternativas, bem como os parâmetros de projeto utilizados para seus respectivos dimensionamentos, foram definidas considerando-se as características do efluente do RU analisadas nos estudos supramencionados. A primeira proposta consistiu-se de um sistema composto por UASB + LA (Upflow Anaerobic Sludge Blancket reactor + Lodos Ativados) e, a segunda, de um sistema composto por UASB + FBP (Upflow Anaerobic Sludge Blancket reactor + Filtro Biológico Percolador). Após as análises, verificou-se que o sistema UASB + FBP apresentaria maiores vantagens em relação aos custos tanto de implantação quanto de operação, e dessa forma, definiu-se este sistema como a alternativa mais viável para este caso. Diante desta verificação, foi realizada a concepção de um pré-projeto de uma ETE para o campus da UFPA visando o tratamento deste efluente. Verificou-se ainda que a maior parte dos custos operacionais seria devido ao pagamento de operadores, sendo relativamente inexpressivos os encargos referentes ao consumo de energia elétrica.

Introdução

A imediata remoção de águas residuárias de suas fontes de geração, seguida de adequado tratamento, reuso e/ou disposição final na natureza é de fundamental importância para a proteção da saúde pública e do meio ambiente. Em relação aos efluentes industriais, especialmente, a redução de sua carga poluidora deve deixar de ser vista apenas como um procedimento opcional pelas empresas; pelo contrário, deve ser considerada como um passo vital para preservação de recursos hídricos e para saúde de todos seus usuários. (NEMEROW, 2007, p. 25).

No que tange às responsabilidades das Instituições de Ensino Superior (IES), Tauchen e Brandli (2006, p. 504 e 505) discorrem que o destaque que as IES representam no processo de desenvolvimento tecnológico, na preparação dos estudantes e no fornecimento de conhecimento e informações deve ser utilizado também para construir uma sociedade mais justa e sustentável. Nessa perspectiva, as IES devem, dentre outras medidas, apresentar soluções aos impactos ambientais por elas causados para que sirvam de exemplo no cumprimento da legislação, e deixem, assim, o campo teórico rumo à prática. Ao implantarem tais práticas, ainda que de forma isolada, as universidades estarão caminhando em direção a um desenvolvimento cada vez mais sustentável (BERTOLINO, 2007).

Em termos de tratamento de efluentes, a UFPA deu um importante passo, pois já possui um projeto de estação de tratamento de esgoto com a primeira etapa em fase de instalação, prevendo, a priori, atender apenas ao Setor III (Setor Saúde). No entanto, dentro da universidade existem estabelecimentos cujos efluentes não se caracterizam como domésticos e devem, portanto, ser tratados como esgotos industriais, como é o caso do seu restaurante universitário, conforme estudos realizados por Vasconcelos (2014) e Almeida (2015). Nestes casos, torna-se pertinente a análise de alternativas descentralizadas ao seu tratamento, a fim de se verificar a possibilidade de melhores soluções, tanto do ponto de vista técnico quanto econômico.

Como referência a tal prática, têm-se países da Europa e os Estados Unidos, onde é incomum estações de tratamento municipais modernas receberem águas residuárias de complexos industriais. Nestes lugares, a atual tendência é que as indústrias tratem seus próprios efluentes em ETEs especialmente projetadas para tal, ainda que esta não seja a alternativa mais econômica para as mesmas (GRAY, 2004, p. 26; PEIRCE, WEINER e VESILIND, 1998, p. 106; WEINER e MATTHEWS, 2003, p. 168).

Diante do exposto, o presente trabalho apresenta um estudo de alternativas para o tratamento do efluente gerado no RU da UFPA. Após revisão de literatura e consulta a especialistas da área, definiu-se analisar, técnica e economicamente, duas alternativas de tratamento. A primeira alternativa consistiu em um sistema composto de UASB + LA e, a segunda, em UASB + FBP.

Autores: Adenilson Campos Diniz; André Luiz da Silva Salgado Coelho; Hélio da Silva Almeida; Amanda Queiroz Mitoso e Yuri Bahia de Vasconcelos.

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