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Resolvendo a Crise da Água

Crise da Água

Um arquipélago tropical de tirar o fôlego, com imponentes esculturas rochosas que pairam sobre praias deslumbrantes e águas azul-turquesa exuberantes repletas de vida marinha, Fernando de Noronha se sente intocada pelo resto do mundo

Fernando de Noronha

A remota cadeia de ilhas vulcânicas fica no Oceano Atlântico, a cerca de 220 milhas (354 quilômetros) da costa nordeste do Brasil. Seu status de proteção significa que apenas um número limitado de pessoas pode pisar em suas praias.

Para aqueles que tiveram a sorte de fazer a viagem, esta vibrante natureza selvagem tem tudo.

Mas, até recentemente, a realidade para quem mora em Fernando de Noronha era bem diferente. Apesar de estarem cercados pelo oceano, os 4.000 habitantes da ilha lutaram pelo acesso à água potável durante anos. A infraestrutura existente – que incluía um reservatório para coleta de água da chuva e outro sistema menor para dessalinização da água do mar – era insuficiente para atender à demanda, enquanto a estiagem durante a estação seca atingiam outras fontes de água doce, como nascentes naturais.

“Quem olha para aquelas águas cristalinas não imagina que a ilha passa por períodos de seca severa”, explicou Artur Ricardo Macedo dos Santos, gerente de negócios da Compesa, concessionária responsável pela água na ilha, que faz parte do estado de Pernambuco.

“Chove em média quatro meses por ano – de março a junho – e 90% dessa água da chuva retorna ao mar devido à drenagem natural do terreno rochoso.”

 

Resolvendo a Crise da Água

A produção de água potável na ilha aumentou quase cinco vezes quando a nova planta foi inaugurada em 2021.

Água adicional teve que ser enviada do continente brasileiro e racionada, então os moradores da ilha tiveram que fazer isso durar.

“Só tínhamos água fresca uma ou duas vezes por semana, seja pela falta de abastecimento da ilha ou quando chovia”, lembra Santiago Salazar, fotógrafo local que mora em Fernando de Noronha há cinco anos.

“As pessoas tinham que gastar muito dinheiro em tanques de armazenamento de água”, disse ele. “As famílias, em particular, tinham que garantir que tivessem capacidade de armazenamento suficiente para lidar com a escassez de água, então só podiam fazer coisas básicas como lavar roupas no dia em que o abastecimento acontecia. Foi difícil e muito estressante.”

Um Direito Humano Básico

No mundo todo, o número de pessoas com acesso à água potável – o mais básico dos direitos humanos – está aumentando. Em 2020, 74% do mundo experimentou serviços de água potável tratados com segurança – contra 70% em 2015. No entanto, isso deixa cerca de dois bilhões de pessoas vivendo sem água potável, com a maioria dessas pessoas vivendo em áreas rurais e geograficamente mais isoladas.

Resolvendo a Crise da Água

 

A Compesa decidiu que a solução seria um novo sistema de dessalinização para purificar a água do mar, algo que a cadeia de ilhas tinha em abundância. Eles fizeram uma parceria com a Fluence, especialista global em tratamento de água, para construir a planta.

Mas este não era um projeto qualquer.

“É um ambiente único, com desafios muito especiais”, disse José Roberto Ramos, Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Fluence. “As ilhas são um tesouro ecológico brasileiro, então existem muitas regulamentações sobre os níveis de ruído, o uso de materiais como produtos químicos e até mesmo o transporte de equipamentos do continente para a ilha.”

Com a planta no local, a Fluence então instalaria uma tecnologia inovadora de osmose reversa (RO) desenvolvida pela japonesa Toray para remover contaminantes da água do mar, bombeando-a através de uma membrana semipermeável. Esta membrana – composta por polímeros sintéticos e projetada especificamente para a dessalinização da água do mar – requer menos energia para retirar o sódio e outras partículas microscópicas, além de produzir água potável muito mais segura do que processos alternativos.

Resolvendo a Crise da Água

“Essa tecnologia é sustentável”, disse Ramos. “Não gera poluição, e o sal retirado da água retorna para o mar diluído.”

E, segundo a Compesa, é simples de manejar.

“A qualidade da água pode ser facilmente controlada, e podemos identificar a necessidade de manutenção ou substituição das membranas da Toray monitorando a instrumentação que a acompanha”, explicou dos Santos.

Logo que a planta e os novos conjuntos de bombas entraram em funcionamento na ilha em 2021, a produção de água dessalinizada aumentou quase cinco vezes, com a capacidade saltando para 72 metros cúbicos de água produzida por hora (m3/h) em comparação com 15 metros cúbicos por hora anteriormente. Isso significava que a ilha não precisaria mais depender de água potável trazida do continente para reforçar o abastecimento local.

Uma solução global

Ramos, da Fluence, acredita que esta é uma solução mais verde, mais eficiente e econômica para lidar com a escassez de água em outras comunidades em todo o mundo – algo que ressoa profundamente com a Toray.

No sul da Califórnia, que é particularmente propenso à seca, a Toray tem desempenhado um papel crucial na garantia de um abastecimento de água sustentável para a região. O condado de Los Angeles vinha trazendo água com alto custo do rio Colorado e do norte da Califórnia até que a autoridade local estabeleceu o projeto Water Independence Now (WIW) para acabar com essa dependência concentrando-se em fontes de água disponíveis localmente, como as águas residuais.

O Centro Albert Robles, uma instalação avançada de tratamento de água de reúso, inaugurado em 2019 e que utiliza a tecnologia Toray para disponibilizar o processo por três etapas de ultrafiltração, osmose reversa e luz ultravioleta com oxidação avançada, para purificar até 56.000 metros cúbicos de água de reúso tratadas por dia, bombeadas da Usina de Reúso de Água San Jose Creek. Anteriormente, a água de reúso era bombeada de volta para o oceano. Atualmente, o Centro produz água potável para até quatro milhões de pessoas em todo o condado de Los Angeles.

Tranquilidade

De volta a Fernando de Noronha, o impacto de sua nova estação de tratamento de água própria  na vida dos moradores da ilha tem sido notável.

“As pessoas estão muito mais felizes”, disse Salazar. “Não só a qualidade da água é muito melhor, como eles têm a tranquilidade de não precisar pensar em armazenar grandes reservas de água. Depois de um dia de trabalho, eles sabem que podem ir para casa e tomar banho a qualquer momento.

Moradores da Ilha,

Moradores da Ilha, como Antonio José da Silva  agora têm água tratada suficiente para cultivar suas próprias hortaliças.

“Outra diferença notável é que muitas pessoas agora mantêm pequenas hortas – algo que era impensável antes , pois a água era simplesmente preciosa demais.”

Antes da nova instalação, Antonio José da Silva – que nasceu na ilha – tinha que captar água de poços improvisados quando o abastecimento secava.

“Não havia abastecimento diário”, disse. “E nunca houve água suficiente para todos”.

“Mas agora temos água na torneira e podemos sustentar uma população crescente. Em 1980, havia apenas 800 pessoas aqui. Agora são mais de 4 mil.”

Missão da Toray

Para a Toray, desenvolver tecnologia para um bem maior está em seu DNA.

“A sustentabilidade é a questão global mais importante do século 21”, disse Satoshi Shimoyama, vice-presidente corporativo da Divisão de Tratamento de Água e Meio Ambiente da Toray. “As mudanças climáticas, a escassez de água e o esgotamento de recursos são apenas alguns dos crescentes desafios ambientais que nosso planeta enfrenta.

“Desde que a Toray foi fundada em 1926, sempre acreditamos que os materiais podem mudar vidas, fiéis ao nosso princípio corporativo fundamental de contribuir para a sociedade. Nossa missão é fornecer tecnologias inovadoras e materiais avançados que forneçam soluções reais para os desafios que o mundo enfrenta, equilibrando desenvolvimento e sustentabilidade.

“A tecnologia de membranas é uma delas. Nossa missão é triplicar o volume total anual de água tratada globalmente até 2030.”

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A história inspiradora de Tri Huynh, presidente e CEO da Toray Membrane USA, que veio para os EUA como refugiado político e agora lidera a campanha da empresa nos Estados Unidos para produzir água tratada para milhões de pessoas.

Fonte: Toray


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