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O efeito da redução de pressão no consumo de água nas unidades habitacionais – Uma nova visão de combate as perdas

Resumo

As empresas de saneamento têm enfrentado grandes desafios para suprir a falta de demanda de água nas cidades, pois além da escassez desse recurso, a concentração populacional nessas áreas tem contribuído na verticalização das moradias e os dimensionamentos hidráulicos para essa tipologia habitacional, merece uma maior atenção, pois pouco se atua nos sistemas prediais, fonte de diversas perdas e desperdícios. Além disso, esta parcela de volume desperdiçado não é contabilizada nos balanços hídricos atualmente utilizados e recomendados pela International Water Association (IWA), conforme a Tabela 01 abaixo:

artigo

Afim, de se estudar uma maior eficiência e uso racional do sistema de distribuição nos ramais prediais, para verificação do consumo foi construído uma bancada experimental, em um Laboratório de Hidráulica na FATEC/SP, para realizar um estudo da demanda de água a partir do uso de uma válvula redutora de pressão, para além de garantir as pressões máximas admitidas pela normatização, também serem instaladas como controle de perdas e demandas. Para isso foram realizados testes em dispositivos hidráulicos utilizados em uma unidade domiciliar (torneira de lavatório, ducha, torneira de cozinha e do tanque), Com os resultados obteve-se curvas de vazão versus à pressão para cada dispositivo, e assim foi possível simular o consumo para uma família. Desta forma, no âmbito da preconização da sustentabilidade e a otimização do dimensionamento do sistema, contribuir com a redução do volume total consumido e assegurar o equilíbrio entre a oferta e demanda de água.

Introdução

A água potável é um bem essencial á vida e segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a água é considerada direito humano e prevê que todos tenham quantidade suficiente, segura, aceitável fisicamente, acessível e a custos razoáveis para os usos pessoais e domésticos (ONU, 2016).

Tendo em vista, que as ações humanas são responsáveis pelas alterações e modificações do planeta e a percepção de que o mundo possui recursos finitos e que não estão sendo usados de maneira adequada, propiciam no modelo de sustentabilidade, onde o desenvolvimento deve ser aliado ao não esgotamento dos recursos existentes (AWAD; LEITE, 2012).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) a quantidade de água fornecida para o abastecimento a população é maior que a quantidade necessária para o bom desempenho das atividades dos usuários. Esta situação se deve, entre outras, pela inadequada operação e manutenção dos sistemas prediais hidráulicos, onde existem perdas e desperdício da água (CBCS; MMA; PNUMA, 2014).

O processo de desenvolvimento sustentável dos recursos naturais advém exclusivamente das alterações comportamentais da sociedade, onde deve satisfazer as necessidades atuais sem comprometer as gerações futuras de suprir suas próprias necessidades (AWAD; LEITE, 2012).

No modelo atual a sociedade se utiliza desse recurso de forma imprudente, sendo a demanda maior do que a capacidade da natureza de produzir, fornecer e devolver a população, acarretando na sua escassez (AWAD; LEITE, 2012).

A insuficiência da disponibilidade da água para o consumo, em suas diversas utilidades, culminou com a pior crise já ocorrida na história da cidade de São Paulo, em julho de 2014, o volume útil do sistema Cantareira se esgotou, sendo que este sistema atende mais da metade da população que gira em torno de 8,1 milhões de pessoas (COHEN, 2016).

A Companhia de Saneamento Básico da Cidade de São Paulo (SABESP), responsável pelo abastecimento, optou por adotar algumas medidas para manter o fornecimento de água para à população, como: a diminuição das pressões na rede, bônus para população, vinculadas no valor da conta conforme faixas de redução e campanhas de conscientização. Após o inicio dessas ações constatou-se que a gestão da pressão foi responsável por 46% da redução, em relação à parcela economizada de 21,4m3/s (SABESP, 2015).

De acordo com BARROS (2016), mesmo depois de todo o processo implantado, os condomínios não conseguiram atingir as metas de economia de água propostas pelo governo, e em alguns casos até aumentaram o consumo. A crescente urbanização contribui com a tendência na verticalização das construções residenciais e comerciais nas cidades, que pode resultar em um aumento considerável no consumo de água pelos condomínios.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dispõe na norma NBR 5626/1998, que o sistema hidráulico predial deve ser desenvolvido para atender os consumidores e usuários com pressões suficientes, proporcionando conforto, segurança e eficiência na distribuição de água sem interrupções no fornecimento.

Com o uso adequado e eficaz da água nos edifícios, a demanda para o abastecimento populacional poderá sofrer significativa redução e os programas institucionais de gestão existentes para o combate e o uso racional deste recurso deverão ser ampliados, atualizados e implantados com articulações entre o poder publico e privado (CBCS; MMA; PNUMA, 2014).

Atualmente os projetos de instalações prediais são elaborados para atender as especificações técnicas contidas na norma de modo a não ultrapassar a pressão máxima estabelecida, sendo que os dispositivos que regulam as pressões instaladas apenas em regiões onde ultrapassam o limite permitido.

No entanto a NBR 5626/98 (Instalações prediais de água fria) está sendo revisada para se adequar a novas tendências e tecnologias desenvolvidas ao longo desse período, no texto base da revisão e unificação da NBR7198/93 (Projeto e execução de instalações prediais de água quente) uma das alterações a ser implantada será a redução da pressão estática, passando a ser adotada a pressão máxima de 300 KPa (30 mca), uma redução de 100 KPa (10 mca), mas ainda não foram implantados e estabelecidos os novos critérios discutidos. (GNIPPER, 2015).

O controle de pressão é de fundamental importância na redução das perdas e de demanda, pois está diretamente relacionada ao volume utilizado pelos usuários. Por isso a necessidade de analisar o consumo e o comportamento dos equipamentos hidráulicos em cada zona de pressão, para garantir o suficiente para o seu

funcionamento, determinando uma pressão adequada e eficiente para as unidades domiciliares nos condomínios.

Desta forma foi desenvolvido um estudo experimental com o objetivo de avaliar e quantificar os ganhos com a redução de pressão na utilização de aparelhos sanitários em uma unidade habitacional de um condomínio vertical.

Autores: Carina Chaves de Oliveira; Andresa Priscila Dias Silvério; Luiz Eduardo Mendes e Robson Fontes da Costa.

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