BIBLIOTECA

Diagnóstico para direcionamento das ações de redução de perdas de água tratada

Resumo

O setor de abastecimento público de água tratada debate com frequência cada vez maior o assunto problema perdas de água para abastecimento público e ações para combatê-lo. O presente artigo trás a descrição de um trabalho de combate à perda de água que começou em 2009. Além dos benefícios óbvios da redução do volume de perdas físicas perdido também houve as seguintes motivações: 1. No sistema de trabalho o índice de perda percentual é maior do que a média nacional e 2. Ocorrência de intermitência no abastecimento na estiagem devido redução brusca no volume de água disponível no manancial de captação e aumento do consumo doméstico. A redução nas perdas é o caminho mais rápido para reduzir a intermitência no município uma vez que obras de ampliação demandam longo tempo para serem finalizadas. Os esforços para essa redução estão gerando dados positivos tais como o amadurecimento da equipe, evolução no trabalho e redução no índice de perdas. Naturalmente, a situação chegou a um ponto em que as ações principais foram executadas e o índice de perdas percentual vem se tornando mais estável. Veio a necessidade de aperfeiçoar as atividades em áreas detectadas como as mais problemáticas. Vários medidores foram instalados em pontos estratégicos do município e passaram a ser monitorados mensalmente. Foram utilizadas informações como o volume de água disponibilizado por região e o volume medido nos hidrômetros da área abastecida com a água que passa pelo medidor. Com a finalidade de analisar o método de tomada de decisão a respeito da região prioritária de trabalho, foi separado um setor do município com quatro medidores de área delimitada. Foram comparados os vazamentos ocorridos na região em 2015 e 2016, o volume perdido, as perdas percentuais, a perda em litro por dia por ligação e o volume perdido por ligação em metros cúbicos. Foi utilizado Sistemas de Informações Geográficas (SIG) para visualizar essas informações no mapa da área de estudo. Todas as quatro regiões apresentaram perdas percentuais abaixo da média nacional: 25%, 22%, 15% e 6%. A perda em litro levando-se em consideração o número de ligações por dia possibilitou uma interpretação distinta da perda em porcentagem. Para o sistema em questão, foi um indicador interessante por apontar uma região onde o trabalho, para combater perda física ou comercial, ocorreria com o menor número de ligações. Essa conclusão pode ser mais bem trabalhada para perdas mais elevadas. A conclusão foi a importância do conhecimento detalhado da área de estudo e a utilidade do SIG para visualização dos resultados e da região a ser trabalhada.

Referencial teórico

A oferta e disponibilidade global de água doce são limitados, enquanto a demanda é crescente. Mais de 1,3 bilhões de pessoas sofrem a escassez de água doce no mundo, os custos operacionais se tornaram mais elevados e o valor pecuniário da água vem encarecendo. Por tanto, a preocupação com o risco de escassez de água vem aumentando para um número cada vez maior de países (MACHADO, 2003).

O crescimento da população, a ocupação desordenada do solo, o desperdício de água tratada, a poluição, erosão, desertificação e contaminação do lençol freático causados pelo desenvolvimento industrial e tecnológico reduzem a disponibilidade de água em suas fontes naturais (MACHADO, 2003).

A gestão da oferta de água se baseia no aumento da exploração das fontes naturais de captação de água bruta para o atendimento à população crescente. Considerando a escassez da água natural, o aumento da procura e exploração de novas captações é possível verificar o desacordo com as práticas para a sustentabilidade dos recursos hídricos (SILVA, 2006).

A conservação da água pode ser definida como a integração de todas as medidas cabíveis para assegurar a sua disponibilidade de forma eficiente e equitativa, visando os seguintes resultados: redução no consumo de água tratada e água bruta, desperdício, perdas e poluição e volume captado. Também podem ser citados o aumento da eficiência do uso da água e novas tecnologias e procedimentos para viabilidade do reuso da água (RECESA, 2008).

O balanço hídrico para sistemas de abastecimento urbano estabelecido pela IWA (Associação Internacional de Água) divide as perdas de água em perdas aparentes e reais. As perdas aparentes são aquelas em que a água é consumida e não é contabilizada em decorrência dos seguintes fatores: 1. Consumo não autorizado decorrente de ligações clandestinas, fraudes nos hidrômetros e erros cadastrais (ligações ativas que por uma falha no cadastro comercial estão como inativas ou inexistentes); 2. Falhas na macro e micromedição. As perdas reais são aquelas em que a água escapa dos ramais e redes devidos vazamentos e extravasamentos de reservatórios (GOMES, 2009).

Existem vários indicadores para realizar um diagnóstico do sistema para o controle de redução das perdas de água. O estudo pode ser realizado considerando o sistema de abastecimento como um todo ou como subsistemas.

A perda percentual (calculada pela razão entre o volume perdido e o volume de entrada no sistema) é o indicador mais utilizado para análise das perdas. O uso deste indicador favoreceria empresas com alto consumo, baixas pressões e intermitência no abastecimento (MANCA, 2015).

As perdas percentuais de água tratada são obtidas pela análise do volume de água perdido no sistema considerando a diferença entre a água disponibilizada e consumida em determinado setor. A análise das perdas reais em termos percentuais da água de entrada no sistema pode ser útil na avaliação da eficiência de utilização dos recursos hídricos da região Porém a análise desse índice é inapropriado para avaliação de um sistema de distribuição de água para abastecimento público (IWA, 2000). Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) vem sendo utilizado em várias empresas de saneamento. Sua definição é a seguinte:

“Um Sistema de Informações Geográficas é um sistema de informações projetado para a coleta, armazenamento e análise de objetos e fenômenos, sustentados pela localização geográfica. Os SIG utilizam dados geograficamente referenciados e dados não espaciais, incluindo operações de análises e suporte a decisões.” (CALIJURI, 1993).

No saneamento um SIG pode ser utilizado com diversas finalidades, por exemplo: Cadastro técnico, planejamento hidráulico, rastreamento das equipes de campo, elaboração de mapas temáticos de acordo com o bando de dados da empresa, dentre vários outros.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar um diagnóstico de perdas de um sistema de distribuição de água tratada.

A intenção é discutir os resultados tendo como foco o método e o significado prático de cada parâmetro, assim espera-se que a proposta seja útil para que as empresas de saneamento obtenham melhores resultados na recuperação de água tratada perdida com menor tempo e esforços possíveis. O sistema de estudo foi dividido em regiões de acordo com a instalação de medidores com o objetivo de orientar as atividades de combate às perdas nas regiões onde o volume de água tratada seja mais expressivo. Os resultados foram utilizados como exemplos para servirem de ponto de partida de discussão de sistemas maiores e mais complexos. Todos os indicadores propostos foram analisados também com mapas temáticos onde foi possível visualizar os resultados na região exata onde eles foram detectados.

Autores: Patrícia Freitas Góis;  Renan Silva de Paula; Pablo Alencar de Carvalho Marques; Naildes Fernandes Vieira e Davi Jose Araújo Filho.

ÚLTIMOS ARTIGOS: