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Como o ozônio pode ajudar a qualidade da água potável?

Ozônio – Água Potável

Como o ozônio pode ajudar a qualidade da água potável?

Recentemente, em Brasília, a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, instaurou um processo administrativo a partir da investigação realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística que examinou resultados de análises laboratoriais de unidades de tratamento de água que tiveram dados lançados no SISAGUA nos últimos cinco anos.

Foi evidenciada a existência de substâncias químicas e radiológicas nocivas à saúde, em valor acima do máximo permitido (VMP), na água de 1.194 municípios, abastecidos por 300 instituições responsáveis pelas unidades de tratamento de água ou pelos sistemas de distribuições.

Foram encontrados contaminantes como: arsênio, cromo, ácidos haloacéticos totais, trihalometanos totais, 2,4,6-triclorofenol), selênio, bário (nitrato), dentre outros.

Infelizmente a qualidade das nossas águas de captação a cada dia pioram e para que o tratamento seja eficaz é necessário modernizar as estações de tratamento de água.

O uso do ozônio é uma forma de modernizá-las.

Nos EUA, a partir de 2000–2002, a taxa de crescimento da capacidade instalada de ozônio foi em média de cerca de 25%, indicando que sistemas maiores estão sendo instalados em ETAs com capacidades de tratamento significativamente maiores.

Conforme gráfico abaixo, até 2011 os EUA possuíam cerca de 250 plantas de ozônio em estações de tratamento de água potável.

Fonte: Worldwide Ozone Capacity for Treatment of Drinking Water and Wastewater: A Review

 

O ozônio deve ser gerado no local de uso a partir do oxigênio presente no ar ou com oxigênio de alta pureza. A geração de ozônio no local economiza muito espaço de armazenamento, além de ser ecofriendly.

O ozônio é usado no tratamento de água potável para uma variedade de propósitos, incluindo:

  • Desinfecção: o ozônio é um dos germicidas mais potentes e eficazes usados no tratamento de água. É eficaz contra bactérias, vírus e cistos de protozoários.
  • Oxidação de poluentes inorgânicos, incluindo ferro, manganês e sulfeto;
  • Oxidação de micropoluentes orgânicos, incluindo compostos de sabor e odor, poluentes fenólicos e
    alguns pesticidas; e
  • Oxidação de macropoluentes orgânicos, incluindo remoção de cor, aumentando a biodegradabilidade de compostos orgânicos, controle de precursores de DBP e redução da demanda de cloro.

O ozônio pode ser utilizado em vários estágios de tratamento. Três locais comuns são:

  • Pré-ozônio: ozonização da água bruta antes da mistura rápida.
  • Ozônio intermediário: ozonização da água sedimentada antes da filtração.
  • Pré-ozônio e ozônio intermediário: água bruta e água sedimentada.

De acordo com USEPA (1999):

O uso de ozônio pode reduzir a formação de subprodutos halogenados em águas contendo baixas concentrações de brometo.

A aplicação de ozônio pode produzir aldeídos, aldocetoácidos e ácidos carboxílicos. No entanto, estes podem ser removidos em um filtro biologicamente ativo.

O ozônio pode substituir totalmente o cloro ou dióxido de cloro nas etapas de pré-oxidação e oxidação principal.

Além disso, embora sempre seja necessária alguma forma de cloro residual nas redes de distribuição, o ozônio pode reduzir drasticamente seu uso, melhorar a qualidade da água e ainda ser mais econômico que outros oxidantes.

Autor: Ligia Camara

Referências

Ministério da Justiça e Segurança Pública, Operação Guardiões das Águas: Ministério da Justiça instaura processos administrativos contra 300 instituições responsáveis por unidades de tratamento de água e sistemas de distribuição. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/operacao-guardioes-das-aguas-ministerio-da-justica-instaura-processos-administrativos-contra-300-instituicoes-responsaveis-por-unidades-de-tratamento-de-agua-e-sistemas-de-distribuicoes. Acesso em 12 SET 2022

LOEB, B. L.; THOMPSON, C. M.; DRAGO, J.; TAKAHARA, H.; BAIG S. Worldwide Ozone Capacity for Treatment of Drinking Water and Wastewater: A Review. Ozone: Science & Engineering, 2012.

USEPA (U.S. Environmental Protection Agency) Guidance Manual – Alternative Disinfectants and Oxidants. (1999). Washington, D.C. Report n.815-R-99-014.

RAKNESS, K.L. (2005) Ozone in Drinking Water Treatment: Process Design, Operation, and Optimization, Denver, CO: Am. Water Works Assoc.

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