BIBLIOTECA

Mudanças climáticas ameaçam sequestro de carbono nas florestas, diz estudo

A partir de uma análise de dados do Serviço Florestal dos EUA, um estudo observou um desequilíbrio na produtividade florestal devido às mudanças climáticas. Publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) na última terça-feira (16), a pesquisa aponta que uma lentidão no crescimento de árvores tem afetado a capacidade de remoção de gás carbônico da atmosfera (processo também conhecido como sequestro de carbono).

As florestas têm um importante papel na regulação do clima do planeta; anualmente, elas sequestram cerca de 25% das emissões de carbono humanas. Contudo, essa capacidade depende do equilíbrio entre alguns efeitos das mudanças globais.

“Estamos testemunhando mudanças no funcionamento das florestas à medida que os ecossistemas florestais respondem aos fatores de mudança global, como a fertilização por dióxido de carbono (CO2) e as mudanças climáticas”, disse Aaron Hogan, pesquisador de biologia da Universidade da Flórida, em comunicado.

Produtividade Florestal

Mede-se a produtividade florestal pelo crescimento das árvores e o acúmulo de biomassa. Secas e patógenos florestais afetam a produtividade de forma negativa, ao passo que a fertilização por dióxido de carbono aumenta a fotossíntese e melhora o crescimento das plantas.

“O Serviço Florestal dos EUA vem monitorando o crescimento e a sobrevivência de mais de um milhão de árvores nos EUA há várias décadas”, disse Jeremy Lichstein, que lidera a pesquisa com Hogan. “Estávamos interessados em ver se seus dados forneciam evidências do aumento das taxas de crescimento das árvores, conforme previsto pela hipótese da fertilização com dióxido de carbono.”

A partir de dados de 1999 a 2020, o estudo analisou 113.806 medições em florestas não plantadas. Nesse período, a produtividade florestal aumentou em grande parte do leste dos Estados Unidos, onde acompanhou-se o aquecimento moderado por aumentos moderados na precipitação. Já no oeste do país, que sofreu com aquecimento mais severo e diminuição de precipitação, houve uma desaceleração da produtividade.

Além disso, a equipe destaca que o sequestro de carbono não é permanente e pode-se reverter pelas mudanças no clima.

“Essa reversão já está ocorrendo no oeste dos EUA e há sinais de que também pode estar ocorrendo em outras regiões do mundo afetadas pela seca, como a Amazônia”, explicou Lichstein.

A pesquisa aponta que é provável que os ecossistemas armazenem menos carbono no futuro; logo, projeções futuras do clima e do aumento do nível do mar podem ser muito otimistas quando não consideram esse fator.

“Menos armazenamento de carbono nos ecossistemas significa mais carbono na atmosfera e, portanto, mais aquecimento e aceleração das mudanças climáticas”, lembrou o pesquisador.

Apesar da ocorrência de incêndios florestais, a equipe ressalta que a queda da produtividade no oeste dos EUA não deve ser atribuída ao aumento das taxas de mortalidade das árvores.

“Nosso estudo mostra que a perda adicional de carbono do ecossistema nas florestas do oeste está ocorrendo devido ao declínio das taxas de crescimento das árvores”, reforça Lichstein.

“Precisamos ter florestas saudáveis em conjunto com a redução de emissões para restaurar o equilíbrio global de carbono e limitar as mudanças climáticas”, concluiu Hogan.

Fonte: UM SÓ PLANETA


ÚLTIMAS NOTÍCIAS: TRANSIÇÃO ENERGÉTICA PODE AJUDAR NA REINDUSTRIALIZAÇÃO DO PAÍS, DIZ DIRETOR DA PETROBRAS

ÚLTIMAS NOTÍCIAS: GOVERNO DE SP APRESENTA MAIOR USINA SOLAR FLUTUANTE DO PAÍS NA REPRESA BILLINGS

ÚLTIMOS ARTIGOS: