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Monitoramento de agrotóxicos em águas superficiais de regiões agropecuárias do Paraná

Resumo

Atividades humanas poluem os recursos hídricos, acarretando na perda da qualidade das águas e impactos socioambientais. Dentre os contaminantes típicos, têm-se os agrotóxicos, que são comuns na região do Paraná, conhecido pelo seu potencial agrícola. As moléculas de pesticidas são difíceis de serem removidas pelo processo convencional de tratamento de água. Além disso, são persistentes no meio aquático e representam risco à saúde humana e animal. Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar e monitorar a presença de agrotóxicos em águas de mananciais superficiais das bacias hidrográficas do Rio Tibagi e do Rio Iguaçu, no estado do Paraná. Na Bacia Hidrográfica do Rio Tibagi, foram realizadas três coletas no Ribeirão Cafezal e no Rio Tibagi (08/08/2016, 05/12/2016 e 09/02/2017). Já na Bacia Hidrográfica do Rio Iguaçu, foram coletadas amostras em duas represas, Reservatório Iraí e Reservatório Piraquara II, no dia 04/10/2016. O método de preparo de amostras consistiu em extração em fase sólida (SPE), utilizando cartuchos C18 ODS. O monitoramento da presença de agrotóxicos foi realizado pela técnica de Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada à Espectrometria de Massas (UPLC-MS/MS). O método cromatográfico implementado permite a identificação e quantificação de 17 agrotóxicos distintos. A segunda coleta realizada no Rio Tibagi (05/12/2016) foi a que apresentou presença de maior número de diferentes agrotóxicos e também indicou a maior concentração quantificada dentre as demais, resultando em 177,4 ng L-1 para o herbicida Atrazina. No caso do Ribeirão Cafezal e do Rio Tibagi, as coletas efetuadas em período mais quente e chuvoso indicaram presença de maior número de diferentes compostos e em concentrações, no geral, mais elevadas. Para os agrotóxicos estudados neste trabalho que são listados na Resolução CONAMA no 357/2005 e/ou na Portaria MS no 2.914/2011 (Malation, Atrazina, Carbendazim, Diuron, Tebuconazol, Carbofurano, Alaclor, Metolacloro e Simazina), todas as concentrações observadas apresentaram-se abaixo dos limites estabelecidos e em concentrações da ordem de ng L-1.

Introdução

As atividades humanas vêm, nas últimas décadas, poluindo os ambientes aquáticos de maneira desenfreada. A constante perda da qualidade dessas águas acarreta em problemas socioambientais, de forma que a sociedade e os governos têm cobrado a minimização dos danos, através de leis e programas educacionais.

A utilização de agrotóxicos na agricultura gera problemas graves de contaminação às águas superficiais e subterrâneas. A contaminação ocorre, principalmente, pelo lançamento direto, pelas lavagens de equipamentos, pelos cultivos nas margens de recursos hídricos e pelo carreamento da chuva.

Os agrotóxicos são constituídos por moléculas biologicamente ativas, difíceis de serem removidas pelo processo convencional de tratamento de água. Herbicidas como a atrazina, por exemplo, possuem abrangente aplicação, mas são bastante persistentes no meio aquático, apresentando efeitos nos sistemas neuroendócrino e reprodutivo e potencial carcinogênico (ZANINI et al., 2014).

As estações de tratamento de água constantemente se deparam com a presença de agrotóxicos em águas, sendo necessária tecnologia eficiente para a redução da concentração desses compostos aos padrões de potabilidade. No Brasil, a Portaria do Ministério da Saúde no 2.914, de 2011, trata dos padrões de potabilidade da água e lista diversos agrotóxicos que devem ser monitorados.

De acordo com Voltan et al. (2016), o tratamento de água pela técnica de ciclo completo não é eficiente para a remoção de microcontaminantes orgânicos, tais como os agrotóxicos. Portanto, é necessária a investigação da qualidade da água bruta e a adoção de tecnologias de pré ou pós-tratamento economica e ambientalmente viáveis, as quais sejam também satisfatórias para a remoção desses compostos.

Em relação às Bacias Hidrográficas do Paraná, a agropecuária é a principal atividade econômica da Bacia do Rio Tibagi, com plantações de soja, milho, feijão, trigo e café. Tanto no Alto, quanto no Baixo Tibagi, tem-se áreas de agricultura intensa. Nas cabeceiras da Bacia Hidrográfica do Rio Iguaçu, verifica-se alta concentração de atividades industriais (a maioria relacionada à agropecuária), comerciais e de serviços. Já no interior, tem-se a predominância da atividade agropecuária, destacando-se as culturas de soja e trigo e pastagens (PARANÁ, 2010).

No ano de 2011, o volume de agrotóxicos comercializados no Paraná foi de 96,1 milhões de kg. Convém ressaltar que este é o terceiro maior estado consumidor de agrotóxicos no Brasil (SIAGRO, 2012). A Bacia do Baixo Iguaçu apresenta indicador de consumo de agrotóxico superior a 10 kg ha-1 ano. As bacias do Alto e Baixo Tibagi também possuem registros de elevado consumo de agrotóxicos, com volumes variando de 8 a 10 kg ha-1 ano. Sendo assim, essas regiões devem ser priorizadas quando se trata de ações de monitoramento da informação e controle ambiental (PARANÁ, 2013).

Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar e monitorar a presença de agrotóxicos em águas de mananciais superficiais das bacias hidrográficas do Rio Tibagi e do Rio Iguaçu, no estado do Paraná, utilizados também para abastecimento humano.

Autores: Thais Borini de Melo; Sarah Sasaki Jurkevicz; Vilson Gomes da Assunção Júnior; Amanda Alcaide Francisco e Cássia Reika Takabayashi Yamashita.

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