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Concepção de ETE com vistas a minimização de produção de lodo via rota tecnológica de biomassa imobilizada anaeróbia e aeróbia

Resumo

A busca por tecnologias inovadoras é uma atividade frequente em todos os tipos de industrias e não poderia ser diferente no saneamento. Na busca por processos com menor áreas de implantação, consumo energético e produção de lodo, buscou-se um sistema com uso de biomassa imobilizada, de forma a favorecer o crescimento dos microrganismos responsáveis pelo tratamento de esgoto e com configuração adequada para obter reduções de custos operacionais e de implantação. Nesse intuito, foi implantada uma estação em escala real com base nessa configuração inovadora e foram monitorados os parâmetros de DBO, DQO, SST e NH4+ para o afluente e efluente, de maneira a avaliar a performance da unidade de tratamento de esgoto. A unidade apresentou remoções iguais ou superiores a 90% para todos os parâmetros e atingiu aos padrões de lançamento necessários segundo a legislação do estado do Rio de Janeiro. Além disso, se comparada a outras tecnologias de tratamento, a produção de lodo simulada foi inferior e variou entre 33 a 55%. Neste contexto, a solução adotada para tratamento de efluentes nessa unidade foi considerada como factível de replicação e os diferenciais interessantes frente a outras tecnologias de tratamento.

Introdução

A busca por tecnologias inovadoras é uma atividade constante no setor de saneamento, visando a redução da área de implantação, do consumo energético, da geração de resíduos sólidos e, quando possível, da mão de obra. O foco em tornar as unidades mais eficientes em diversos aspectos está diretamente relacionado com as incertezas que o setor vive, como a escassez de áreas para implantação de projetos ou a volatilidade do mercado de energia, onde as tarifas flutuam conforme a demanda.

Nessa linha de atuação, foi pesquisada e implantada uma solução para tratamento de efluentes sanitários em um município da região metropolitana do Rio de Janeiro, com destaque para redução de área utilizada para implantação de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) e a produção de lodo inferior ao de processos convencionais de tratamento.

O processo em questão tinha como base a utilização de material suporte inerte para adesão celular, com elevada área superficial e capacidade hidrodinâmica, o que implica na elevada concentração de micro-organismos nos reatores biológicos, uma vez que o fator limitante passa a ser a quantidade de substrato e não mais a área disponível para a adesão. Ainda mais, em razão da adesão dos micro-organismos ao material foi possível trabalhar com reatores de fluxo ascensional com velocidades superiores aos processos tradicionais similares, passando a ser o limitante do processo a capacidade de conversão da matéria orgânica pelas bactérias.

A partir dessas características, foi elaborado um novo conceito de reator de fluxo ascendente com zona anaeróbia seguida de aeróbia, onde a separação das zonas reacionais era feita pelo material suporte e pelas condições aplicados ao meio, ou seja, ausência ou presença de oxigênio dissolvido. O sistema conta ainda com um decantador externo para retenção de sólidos. Além disso, a produção de lodo esperada é inferior a de outros processo, uma vez que os micro-organismos ficam aderidos e acabam tendo tempos de retenção celular mais elevado.

Nesse contexto, objetiva-se exibir os resultados operacionais dessa unidade, que poderá ser comparado ao de outras tecnologias de tratamento de efluentes.

Autores: Rodrigo Alves dos Santos Pereira; André Lermontov; Philippe Lopes da Silva Araujo e Moacir Messias de Araujo Junior.

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