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Eletrofloculação no tratamento de efluentes industriais: Suporte às práticas de gestão ambiental

Resumo

O desenvolvimento da atividade industrial significa, em geral, aumento do consumo de recursos naturais como a água e, com isso, a poluição resultando no problema de eliminação desses resíduos. Um dos seguimentos que enquadram-se nesse perfil é a indústria têxtil. Nesse sentido, a eletrofloculação apresenta-se como uma alternativa de tratamento dos rejeitos gerados no ramo, configurando-se um método de caráter eletroquímico que tem por base a geração de bolhas de gás (geralmente H2), o que possibilita a substituição dos aditivos floculantes. Logo, presente artigo teve como objetivo comprovar a eficiência do processo de eletrofloculação no tratamento de efluente gerado por uma indústria têxtil localizada na cidade de Juazeiro-BA. Como principais resultados desse estudo de caso, notou-se uma redução de 95,77 % na DQO, 93,88 % na concentração de Fósforo, 98,75 % de redução no nível de turbidez, além de 92,21 % no quantitativo concentrado de sólidos totais e 99,17 % de clarificação do efluente, em média.

Introdução

A poluição ambiental é uma ameaça potencial à manutenção dos recursos naturais. O crescimento do setor industrial aliado com o uso cada vez maior de insumos, acarreta no aumento das poluições no meio ambiente, sendo uma discussão que requer uma atenção significativa (NAMPOOTHIRI et al., 2016). Em outras palavras, tem-se que o desenvolvimento de indústrias e urbanização extensiva significa aumento do consumo de água e poluição resultando no problema de eliminação desses resíduos e, infelizmente, as normas impostas pela legislação (quando existem) são por vezes facilmente desrespeitadas (ABDALLH et al., 2016).

Nesse contexto, as atividades de cunho industrial representam uma importante fonte de poluentes, contribuindo para um aumento significativo nas concentrações de elementos tóxicos nos corpos d’água (SALEH et al., 2014). O que pode-se notar é que a tendência de industrialização crescente no mundo inteiro poderá resultar na geração de efluentes industriais em grandes quantidades com alto conteúdo orgânico, que se tratado adequadamente, pode-se minimizar o impacto gerado por este no meio (FAZAL et al., 2015).

O rejeito residual das atividades industriais apresenta grandes quantidades de material suspenso (sólidos), coloidais e sólidos dissolvidos (minerais e orgânicos). além de diversas substâncias tóxicas (MING; DE-SHENG, 2010). Entretanto, a composição do fluido rejeito promovido nas industriais varia com base no tipo de atividade e/ou segmento, o que envolve um conjunto determinado de contaminante e composição poluente com classificação geral em inorgânicos e águas residuais industriais orgânicas (ROSENWINKEL et al., 2005; SANTOS et al., 2017).

Incorporada nesse cenário, a indústria têxtil (objeto desse estudo) produz grandes volumes de água oriundas do beneficiamento de seus produtos, rejeito que representa aproximadamente 90% do consumo geral da indústria por tonelada de peça produzida (VON SPERLING, 2007; KARCI, 2014). Ledakowicz et al. (2001) apontam que significativos volumes de efluentes são gerados com alta carga de contaminantes complexos, de natureza química resistente e altamente persistentes aos processos de biodegradação.

Ademais, esse material potencial poluidor apresenta alto índice concentrado de coloração em razão da presença de corantes que não se fixam adequadamente às fibras durante o processo de manufatura (LEDAKOWICZ et al., 2001). Pode-se citar ainda como parte compositora do rejeito: compostos orgânicos, compostos inorgânicos (o que representa alta Demanda Química de Oxigênio (DQO)), sólidos em suspensão e outros mais (GUARATINI; ZANONI, 2000; CISNEROS et al., 2002).

Dentro das possibilidades de tratamento desse tipo particular de efluente, há uma gama de processos que podem atender às necessidades locais. Dentre os métodos, encontra-se a eletrofloculação. De forma resumida, trata-se de um método de caráter eletroquímico que tem por base a geração de bolhas de gás (geralmente H2), o que possibilita a substituição dos aditivos floculantes. Esse processo é dividido em quatro fases principais: geração de pequenas bolhas de gás; contato entre as bolhas e as partículas em suspensão; adsorção das pequenas bolhas na superfície das partículas e ascensão do conjunto partículas para a superfície (flotação) (PASCHOAL; TREMILIOSI-FILHO, 2005).

De acordo com Mollah et. al. (2004) o método utiliza eletrodos metálicos, em geral de Alumínio ou Ferro, para fornecer íons ao rejeito fluido, pela ação de corrente elétrica aplicada, caracterizando-se como um processo complexo que agrega vários fenômenos físicos e químicos. Porém, apesar da complexidade, comparando-se com outros métodos convencionais, essa técnica tem sido adotada com maior frequência no ambiente industrial. Tal fato é reflexo da simplicidade de operação e aplicação em diversos tipos de efluentes.

Há várias citações acerca de sua aplicabilidade, como na descontaminação de águas subterrâneas (POON, 1997), no tratamento de rejeitos da indústria de processamento de coco (CRESPILHO et al., 2004), em fluidos poluidores da indústria de óleo (MOSTEFA; TIR, 2004; SANTOS et al., 2006), em lavanderias (GE et al., 2004) e também na remoção de íon fluoreto (SHEN et al.,2003), além de ter sido empregado na indústria de alimentos e remoção de polifenóis (CRESPILHO; REZENDE, 2004); na remoção de flúor de ambientes aquosos (BAZRAFSHAN et al., 2012), citando ainda o tratamentos de efluentes de curtumes (MURUGANANTHAN et al., 2004), e outros mais.

Isto posto, o presente artigo tem como objetivo comprovar a eficiência do processo de eletrofloculação no tratamento de efluente gerado por uma indústria têxtil localizada na cidade de Juazeiro-BA, evidenciando ainda o suporte que o método eletro-químico agrega às práticas de gestão ambiental da empresa.

Autor: Pedro Vieira Souza Santos.

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