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Dez maneiras de aproveitar um oceano de oportunidades

Precisamos proteger e restaurar uma parte maior do oceano, gerenciar a atividade de forma sustentável e reduzir os impactos das mudanças climáticas

Soluções para a saúde dos oceanos, vida marinha e proteção contra as mudanças climáticas.

Feche os olhos e pense no oceano. O que lhe vem à mente? Imensidão, aventura, sensação do desconhecido? O maravilhoso mundo da vida marinha, com criaturas de todas as cores, formas e tamanhos, talvez?

Consegue sentir algum cheiro, ouvir algum som? O cheiro de sal e das algas, o som das ondas quebrando na praia? Não importa o que lhe venha à mente, uma coisa é certa: o oceano é fundamental para nós, seres humanos.

Ele produz mais da metade do oxigênio que respiramos e é a principal fonte de alimento e renda para mais de três bilhões de pessoas no mundo.

Infelizmente, essa parte incrível e essencial do nosso mundo corre perigo. A temperatura global da superfície do oceano atingiu um novo recorde, apenas cerca de 8% do oceano está protegido por lei e cerca de um terço dos pesqueiros monitorados no mundo sofrem com pesca excessiva. Já perdemos, globalmente, metade dos manguezais e de todos os recifes de coral. E a poluição continua aumentando: 80% do esgoto global é lançado sem tratamento para os oceanos e mais de oito milhões de toneladas de plástico são jogadas no oceano a cada ano.

É hora de enfrentarmos essas ameaças – não uma de cada vez, mas todas elas. Isso significa que precisamos proteger e restaurar uma parte maior do oceano, gerenciar a atividade de forma sustentável e reduzir os impactos das mudanças climáticas. Sim, pode haver águas turbulentas pela frente, mas a TNC está trabalhando com parceiros, comunidades e formuladores de políticas públicas em várias partes do mundo inteiro traçar um novo rumo para um futuro mais brilhante e azul.

1. Criando outras áreas protegidas, e mais bem protegidas

Da vasta extensão do oceano, apenas uma pequena parte encontra-se protegida atualmente. Precisamos conservar pelo menos 30% dos oceanos globais por meio de áreas protegidas ou conservadas. E precisamos gerenciar efetivamente as atividades em todo o oceano para sustentar a saúde a longo prazo, aumentar a resiliência às mudanças climáticas e apoiar populações de peixes saudáveis. Entre os exemplos estão áreas marinhas protegidas (AMPs) lideradas por indígenas no Canadá, no coração global da biodiversidade marinha na Indonésia, a Micronésia, a maior barreira de corais do Ocidente e muitas outras regiões ao redor do mundo.

2. Alavancando financiamentos de longo prazo para proteção em larga escala.

Dois terços do planeta são cobertos pelo oceano, mas ele recebe apenas uma fração do financiamento dedicado à proteção da natureza. É por isso que a rede da TNC em vários países está desenvolvendo soluções financeiras inovadoras para proteção do oceano. Conheça projetos do Gabão a Belize, de Barbados a Seychelles, nos quais financiamentos inovadores, e ciência e planejamento da conservação, estão ajudando governos e comunidades a criar e gerenciar efetivamente áreas protegidas, ou conheça as primeiras apólices de seguro que protegem recifes de coral no México e no Havaí.

3. Pesca sustentável

A pesca excessiva, a destruição do habitat e a captura de espécies não-alvo são as principais ameaças à vida oceânica e ao nosso suprimento alimentar global. Iniciativas como a abordagem FishPath ao manejo da pesca e a criação da empresa Pacific Island Tuna mostram novas maneiras de gerenciar os recursos marinhos. Além disso, estamos aprendendo lições valiosas com projetos focados na pesca costeira no Havaí, na pesca da concha-rainha no Caribe e na pesca da anchoveta no Peru. A atividade pesqueira ilegal, não declarada e não regulamentada continua minando os esforços para gerir as populações de peixes e causando perdas econômicas significativas. A TNC está atuando junto com a União Europeia, e com várias outras regiões, para ajudar a melhorar a transparência e a rastreabilidade das cadeias de suprimentos de pescados.

4. Trabalhando com comunidades

Os povos indígenas e as comunidades locais são guardiões essenciais de muitas das paisagens naturais remanescentes do mundo e de áreas costeiras críticas. Quando convidada a colaborar, a TNC trabalha em parceria com povos indígenas e comunidades locais para apoiar sua visão, aprender com suas experiências de manejo e ampliar sua liderança. As comunidades estão abrindo caminho – seja a pesca de polvo liderada por mulheres no Quênia, a conservação de tartarugas-gigantes ameaçadas de extinção nas Ilhas Salomão (também liderada por mulheres) ou a pesca liderada pela comunidade no Peru, que recuperou seus estoques pesqueiros, à beira do colapso. No Brasil, o projeto Águas do Tapajós tem trabalhado com comunidades de pescadores no estado do Pará apoiando o fortalecimento institucional das organizações de pescadores e pesquisas científicas para monitorar a biodiversidade e a qualidade da água.

5. Conservação e restauração dos recifes de coral

Os recifes de coral cobrem menos de 1% da superfície mundial, mas sustentam 25% de toda a vida marinha. São também extremamente importantes para as pessoas, apoiando a pesca, o turismo e a proteção de áreas costeiras – os recifes podem absorver até 97% da energia de uma onda. Alguns recifes descobertos recentemente são capazes de resistir aos impactos das mudanças climáticas. No entanto, a menos que tomemos medidas imediatas, podemos perder até 90% dos recifes de coral ao longo de nossas vidas. Na Flórida e no Caribe, esforços urgentes e inovadores de restauração estão ajudando a dar aos corais uma nova esperança. Em várias partes do mundo, a TNC vem trabalhando com comunidades, ONGs, governos, empresas e agências de financiamento para aumentar urgentemente a conservação e restauração desses belos e vitais jardins subaquáticos.

6. Combatendo a mudança climáticas

Habitats costeiros como manguezais, ervas marinhas e marismas são essenciais para o armazenamento de enormes quantidades de carbono – chamado carinhosamente de “carbono azul” (para saber mais, assista ao nosso vídeo explicativo). Sua destruição libera gases de efeito-estufa de volta na atmosfera, exacerbando o aquecimento global. Conservar e restaurar esses habitats é fundamental para manter o sequestro de carbono e impedir sua liberação na atmosfera. Ações comunitárias e de parceiros na Virgínia e no Caribe mostram o que é possível. E esses habitats fazem mais do que apenas limitar o aquecimento adicional – assim como os recifes de coral, eles também servem como barreiras naturais, protegendo comunidades costeiras da erosão e de tempestades.

7. Intensificando a aquicultura regenerativa

A aquicultura é a forma de produção de alimentos que mais cresce – e também pode ser uma das mais eficientes do ponto de vista ambiental. Isso é especialmente verdadeiro no caso de bivalves (ostras e vieiras) e algas marinhas, que são favoráveis ao clima e quase não precisam de ração adicional ou água doce. Seja ajudando os produtores de ostras a se recuperarem de choques econômicos, restaurando meios de subsistência e habitat com o cultivo de algas marinhas em Belize e na Indonésia, ou colaborando com a NASA na localização inteligente de fazendas de peixes em Palau usando espécies nativas, a aquicultura, feita corretamente, pode nos ajudar a traçar um caminho mais sustentável.

8. Usando a ciência, advocacia e educação

Para garantir que nosso trabalho de conservação seja escalável e capaz de gerar as transformações necessárias para as pessoas e para a natureza, precisamos de políticas baseadas em evidências e fundamentadas na ciência, o forte da TNC. A educação também é essencial, e nosso programa NatureLab está ajudando a educar alunos de todas as idades – e seus pais – sobre tópicos como comunidades costeiras na linha de frente e justiça climática.

9. Contribuindo para a política global

Em dezembro de 2022, os líderes mundiais chegaram a um acordo sobre um novo conjunto de metas globais para proteger a natureza que inclui o manejo sustentável das áreas de pesca e a conservação de 30% do oceano até 2030 – daqui a apenas sete anos. Os líderes também negociaram um novo tratado sobre o “alto mar” em março de 2023, ainda não ratificado pelos países, que lança um apelo para a conservação e o manejo mais sustentável do alto mar. São compromissos ousados, um próximo passo essencial, mas é preciso, hoje, tomar medidas urgentes para colocá-los em prática.

10. Adaptação às mudanças

Com a elevação das temperaturas, o aumento da população e as mudanças constantes em nosso planeta, se quisermos preservar a vida nos oceanos, temos que estar preparados para nos adaptarmos. Habitats oceânicos saudáveis – de recifes e ervas marinhas a pântanos e dunas – ajudam a nos defender dos impactos climáticos e a criar comunidades mais resilientes (assista ao nosso vídeo explicativo de adaptação climática para saber mais). A ação no Dia dos Oceanos é fundamental, e estamos comprometidos com a agir todos os dias para proteger nosso planeta.

Fonte: tnc


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