BIBLIOTECA

Avaliação da viabilidade técnica e econômica de desinfecção com tecnologia UV para produção de água de reuso

Resumo

A cloração é o método de desinfecção de águas mais consolidado no Mundo, sendo adotado, por exemplo, para a produção de águas de reuso para fins não potáveis. Embora altamente eficiente para redução da maioria dos microrganismos patogênicos, este método tem implicação em outros parâmetros que podem ser importantes ao cliente/consumidor da água produzida (como condutividade e cloretos). Neste contexto, foram realizados testes com a tecnologia ultravioleta (UV) para desinfecção do efluente tratado da ETE Jesus Netto (Ipiranga-SP), focando a redução da dosagem total de cloro. A avaliação técnica da tecnologia UV indicou que sua adoção implica em uma menor formação dos parâmetros condutividade e cloreto, tomando como referência o método atual aplicado na ETE (cloração). Em termos de eficiência de desinfecção (redução de E.Coli), observou-se que a dose mínima necessária para conferir eficiência equivalente ao método atual é de 30 mJ/cm². Os testes realizados com a combinação dos métodos cloro+UV demonstraram que é possível reduzir as doses de UV e cloro para ¼ da dose necessária caso fossem aplicados métodos isolados. A avaliação econômica indicou que a adoção dos métodos combinados se tornaria mais econômica do que o método atual (apenas com cloro) após um período de menos de 9 anos de operação, devido principalmente à redução significativa de cloro aplicado na ETE. Isto comprova que, além do ganho de qualidade que a água de reuso teria ao adotar a tecnologia testada, também seria vantajoso economicamente adotar a tecnologia UV.

Introdução

A cloração é o método de desinfecção de águas (potáveis e residuárias) mais consolidado mundialmente, sendo que destrói os microorganismos pela oxidação do material celular (METCALF & EDDY, 2004). A desinfecção com cloro é adotada, por exemplo, para produção de águas de reuso para fins não potáveis.

A aplicação deste método, por meio de dosagem de hipoclorito de sódio (NaOCl) confere elevada segurança à água de reuso produzida, com eficiência de remoção de E. Coli, principal microrganismo indicador, superior a 4 log de remoção (> 99,99%). No entanto, a escolha deste método tem implicação em outros parâmetros que podem ser importantes ao cliente/consumidor da água produzida.

Os parâmetros cloreto e condutividade, por exemplo, são influenciados pela dosagem de NaOCl em níveis que podem exceder os níveis desejados pelo cliente, em especial para fins industriais, o que pode ser negativo à venda da água de reuso.

Contudo, deve-se ter a clareza de que as dosagens de outros produtos químicos, como coagulantes adotados em etapas do processo, também podem favorecer o aumento das concentrações destes parâmetros (cloreto e condutividade), dependendo do produto aplicado.

Embora a dosagem de cloro na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) seja importante para, além da desinfecção, abater a cor e manter um residual de cloro na água produzida, a redução das dosagens dos produtos químicos (cloro e coagulante) pode minimizar a geração do íon cloreto pelo processo de tratamento.

Neste contexto, foram realizados testes com a tecnologia ultravioleta (UV) para desinfecção do efluente tratado da ETE, o qual possibilitará uma redução da dosagem total de cloro. Como benefício, a tecnologia UV tem por característica inativar uma maior variedade de microrganismos patogênicos do esgoto.

Em teste preliminar da tecnologia, verificou-se que a eficiência da desinfecção é dependente da dose-UV aplicada (a qual depende do tempo de contato no reator UV) e da qualidade da água (em termos de transmitância UV) (Arnesen et al., 2015). No presente trabalho, buscou-se desenvolver e operar uma unidade piloto que melhor simulasse as condições da escala real da ETE, para avaliar a viabilidade técnica e econômica de implantação na estação.

Autores: Allan Saddi Arnesen; Márcio Luiz Rocha P. Fernandes; Edilson de Oliveira Prado e Márcio Alves Silva.

ÚLTIMOS ARTIGOS: