BIBLIOTECA

Análise do ciclo de vida de sistemas de tratamento de efluentes urbanos utilizando microalgas e wetlands construídos

Resumo

O uso do software SimaPro 8.04 com o método Impact 2002+ foi aplicado para análise do ciclo de vida (ACV) de sistemas combinados de Wetlands Construídos. No Cenário 1 foi considerado o sistema Microalgas (MA) + Wetlands Construído de Fluxo Vertical. Já no Cenário 2 foram considerados os sistemas UASB + Wetlands Construídos de Fluxos Vertical e Horizontal. A unidade funcional foi o volume de efluente tratado, considerando a extrapolação para um fluxo de referência de 20 anos (estimativa de 1200 m3 de efluente final tratado). Foi o considerada a adoção do berço ao túmulo para a amplitude da ACV, sem inclusão das estratégias de transporte. Os dados foram de avaliação durante 2 anos para o sistema MA + WCFV e quatro meses para os sistemas RA + WCFV e RA +WCFH. Dentro desta Análise do Ciclo de Vida os fatos que mais chamaram a atenção foram o impacto causado ao meio ambiente na fase de construção (92,3%) relacionados a utilização de polietileno de alta densidade (32,8%) areia (27,2%) e polivinilclorado (18,8%). Já na fase de operação o maior impacto foi a utilização de energia elétrica no sistema Microalgas Pré-Wetlands devido a dependência de recursos não renováveis. Em termos de ponderação, o inventário de nateriais apresenta 1,1 Pt associados aos Recursos não Renováveis e 0,92 Pt associados com a Saúde Humana. Já em termos de operação a Saúde Humana está associada com 150 mPt dos impactos, enquanto que mudanças climáticas apresentam 80 mPt.

Introdução

A falta de sistemas de tratamento de esgoto doméstico em pequenos municípios e na zona rural, aliado a atual expansão de condomínios residenciais, reforçam a necessidade de sistemas de tratamento de esgotos domésticos compactos e simplificados no Brasil (GUTIERREZ, 2014). Uma das alternativas é o uso de vegetação para remediação de águas servidas, sendo uma possibilidade na manutenção da qualidade dos recursos hídricos. Esta é uma forma sustentável de gerenciamento integrada dos mesmos e desperta grande interesse no mundo inteiro, surgindo como uma alternativa para o tratamento de efluentes (COSTA, 2004).

Conforme Philippi e Sezerino (2004) a utilização de wetlands com macrófitas aquáticas é uma alternativa para a falta de tratamento das águas residuais, que afeta principalmente as zonas rurais do Brasil, sendo que nessas áreas não existem problemas de falta de espaço, mas sim a necessidade de tecnologias simples, econômicas e que exigem pouca energia. A utilização desses sistemas é uma alternativa viável, natural, sustentável e eficaz.

A utilização de microalgas para tratamento de águas servidas também tem se mostrado uma solução sustentável, segundo Sousa (2014), a fixação do dióxido de carbono proveniente dos gases de combustão e a remoção dos nutrientes das águas residuais na produção de microalgas é uma alternativa muito promissora, econômica e ambientalmente, podendo ser utilizada inclusive para a fixação do CO2 produzido por complexos industriais.

Neste contexto visualiza-se a necessidade de investimento em saneamento e tecnologias ambientais para a minimização dos impactos associados à construção e operação de unidades de tratamento. Para facilitar a escolha do método a ser empregado no tratamento de águas servidas podem-se utilizar ferramentas de análise na área ambiental, destacando-se a metodologia de Análise do Ciclo de Vida que busca identificar os impactos ambientais de um sistema através da contabilização de todos os fluxos de matéria e de energia.

Buscando identificar os impactos relacionados com a remediação por sistemas de Microalgas e Wetlands Construídos, foi aplicado neste estudo a ACV, estabelecendo comparativo com mesma unidade funcional e fluxo de referência para o tratamento dos efluentes do campus Central da UNISC. Neste estudo foi utilizado o programa SimaPro® 8.0.4, que permite calcular impactos associados ao processo, verificando possibilidades de prognósticos ambientais.

Autores: Naira Dell Osbel; Elizandro Oliveira Silveira; Júlia Fernanda Radtke; Carlos Alexandre Lutterbeck e Ênio Leandro Machado.

ÚLTIMOS ARTIGOS: