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Análise da qualidade da água dos afluentes paulistas e fluminenses da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul

Resumo

A análise da qualidade da água é uma importante característica que assegura o devido uso da mesma. Através dos parâmetros de qualidade da água pré-estabelecidos pelos órgãos ambientais é possível realizar esta análise e assim, tomar decisões a fim de mantê-la ou melhora-la. O presente trabalho avaliou a qualidade da água dos afluentes paulistas e fluminenses da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul quanto aos parâmetros: oxigênio dissolvido (OD), coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), nitrogênio total, fosfato total, turbidez e sólidos totais. Foram feitos testes estatísticos não paramétricos para comparar as estações paulistas e fluminenses e para comparar entre as estações de cada estado. Os resultados mostraram diferença significativa entre as estações paulistas e fluminenses na maioria dos parâmetros. O mesmo ocorreu entre as estações de cada estado, sendo cada parâmetro avaliado individualmente.

Introdução

O rio Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaina no estado de São Paulo e sua bacia possui cerca de 62.074 km2. Ela abrange 184 municípios, sendo 39 no estado de São Paulo, 88 em Minas Gerais e 57 no Rio de Janeiro, estado cuja maior parte de sua área (63%) encontra-se nesta bacia (CEIVAP, 2016 a). De acordo com o Censo Demográfico realizado em 2010 (IBGE), a maior parte da população residente na área da bacia é urbana. A Bacia possui grande importância no abastecimento hídrico, no fornecimento de energia e na atividade pesqueira. Também percebe-se grande presença de esgotos nas águas, contribuindo, desta forma, para a degradação dos rios, tendo em vista que 95% dos esgotos produzidos na região não possuem tratamento e são lançados nos cursos d’água diariamente (AGEVAP, 2006). Os principais afluentes são os rios Jaguari, Paraibuna (MG/RJ), Pirapetinga, Pomba, Muriaé, Una, Bananal, Piraí, Piabanha e Dois Rios, sendo os mais penalizados pela poluição (CEIVAP, 2016 b).

Por estar localizada em uma das regiões mais desenvolvidas do Brasil, abriga grandes polos industriais e populacionais. Destaca-se a bacia do rio Muriaé com as atividades de mineração de areia, rocha ornamental e extração de calcário. Na região da rodovia BR 116, que liga o Rio de Janeiro à São Paulo estão presentes  grandes montadoras de automóveis, indústrias siderúrgicas e químicas. As atividades pecuárias são mais intensas na região do Baixo Paraíba do Sul, no estado do Rio de Janeiro.

Em consequências das atividades de uso do solo realizadas na bacia é possível observar diversas interferências que ocasionam impactos na qualidade das águas. Entre elas estão: sobrecargas de esgotos e efluentes industriais lançados, cargas difusas, processos erosivos e assoreamento, remoção de recursos minerais para a construção civil sem a devida recuperação ambiental, ocupação desordenada do solo, entre outros (IGAM, 2016). Tais impactos acarretam, além de altas concentrações de matéria orgânica e turbidez, um baixo teor de oxigênio dissolvido, configurando os corpos d’água como poluídos.

As características físicas, químicas e biológicas são representadas através de parâmetros que traduzem o nível de qualidade da água (VON SPERLING, 2007). Como citado anteriormente, a concentração de oxigênio dissolvido e o nível de turbidez são exemplos de parâmetros que, conforme as suas quantificações, caracterizam a qualidade da água. As tentativas de representar em um único valor o significado de um conjunto de dados deram origem a diversos indicadores de qualidade da água (LIBÂNIO, 2010). Como exemplo têm-se os índices de diversidade desenvolvido por Shannon e Wiener em 1949, o de saprobidade elaborado por Pantle e Buck em 1955, além do de qualidade da água desenvolvido pela U. S. National Sanitation Foundation (NSF) em 1970.

Esse último citado, também conhecido como IQA (Índice de Qualidade das Águas), é utilizado no Brasil para avaliar a qualidade de água bruta visando a sua adequação para o abastecimento público, após tratamento. É composto por nove parâmetros, sendo eles oxigênio dissolvido (OD), coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), nitrogênio total, fosfato total, temperatura da água, turbidez e sólidos totais. O fato de alguns parâmetros importantes para abastecimento público, tais como substâncias tóxicas, microrganismos patogênicos e substâncias que interferem nas propriedades organolépticas da água não fazerem parte do cálculo faz com que a avaliação tenha algumas limitações. Entretanto, esses fatores não impedem a sua ampla utilização no território brasileiro. Cada parâmetro possui seu respectivo peso, que foram fixados em função da sua importância para a conformação global da qualidade da água (ANA, 2016).

Desta maneira, o presente trabalho tem como objetivo avaliar estatisticamente os afluentes paulistas e fluminenses da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, levando em consideração alguns parâmetros do Índice de Qualidade das Águas (IQA), excluindo-se dessa análise a temperatura da água tendo em vista que este parâmetro não estava contido no conjunto de dados utilizados. Para isso realizar-se-á uma análise descritiva e comparativa dos afluentes citados através de testes de hipóteses.

Autores: Deborah Martins de Carvalho; Aline Ribeiro Alkmim; Silvia Maria Alves Correia Oliveira e Lívia Duarte Ventura Melo.

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