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O efeito da alcalinidade da água sobre a sobrevivência e o crescimento das larvas do Curimbatá, prochilodus lineatus (characiformes, prochilodontidae), mantidas em laboratório

Resumo

Neste trabalho procurou-se verificar a influência de diferentes níveis de alcalinidade da água sobre a sobrevivência e o crescimento de larvas de Prochilodus lineatus Valenciennes, 1836. O experimento de laboratório consistiu em três tratamentos, cujos valores médios de alcalinidade foram: A – 15,76 mg CaCO3/L, B – 32,37 mg CaCO3/L e C – 55,28 mg CaCO3/L. Foram monitorados os valores de temperatura máxima e mínima do ar e da água, alcalinidade, dureza, cálcio, magnésio, pH e condutividade. O experimento, conduzido durante 42 dias, teve três tratamentos com dezoito repetições cada um. Foram determinadas as curvas de crescimento em comprimento total e em peso seco, as relações peso seco-comprimento total, o fator de condição relativo e a sobrevivência das larvas para cada tratamento. Os resultados obtidos para o crescimento em comprimento total e em peso seco evidenciam diferenças significativas entre os tratamentos, sendo o tratamento B aquele em que o melhor desempenho foi observado, e os tratamentos A e C foram semelhantes. A sobrevivência das larvas submetidas aos três tratamentos foi semelhante. A manutenção de larvas de curimbatá sob valores médios de alcalinidade de 32,37±3,73 mg CaCO3/L e de cálcio de 15,73±1,23 mg Ca+2/L (tratamento B) é recomendada, por proporcionarem melhor desempenho em crescimento, expresso em comprimento total e em peso seco.

Introdução

O cálcio tem importante papel na produtividade global dos ecossistemas aquáticos, por fazer parte de importantes processos químicos e fisiológicos frequentemente, em respostas favoráveis da biota em curto período de tempo.

Principalmente por razões comerciais, os efeitos da acidificação e calagem sobre os peixes têm recebido mais atenção que a manipulação de outros fatores abióticos, devido ao fato de este procedimento incrementar a sobrevivência de espécies sensíveis à acidez (WEATHERLEY, 1988), interferir na troca iônica que ocorre nas brânquias (FLIK et al., 1996), combater enfermidades de peixes (SINGHAL; JEET; DAVIES, 1986) e atuar no transporte celular ativo durante a fase embrionária e após a eclosão dos ovos (HWANG; TSAI; TUNG, 1994).

Diversas investigações têm reportado o incremento da sobrevivência, após a calagem, de espécies como Tilapia aurea (ARCE e BOYD, 1975), Salmo trutta (BROWN e LYNAM, 1981), S. gairdneri (KRETSER e COLQUHOUN, 1984), Salmo salar (WHITE; WATT; SCOTT, 1984) e Perca fluviatilis (ERIKSSON e TENGELIN, 1987). Em lagos, cujos estoques de peixes decresceram muito devido à pesca, a calagem pode restaurá-los rapidamente com o efeito positivo do aumento da alcalinidade sobre o crescimento e a reprodução (ERIKSSON et al., 1983; HASSELROT e HULTEBERG, 1984). Isto tem sido atribuído principalmente ao aumento da sobrevivência dos primeiros estágios, especialmente larvas, as quais são mais sensíveis a fatores relativos à acidez (ERIKSSON et al., 1983; GUNN e KELLER, 1984; ROSSELAND e SKOGHEIM, 1984). Contudo, BENGTSSON; DICKSON; NYBERG (1980) registraram mortalidade de peixes e a relacionaram com a calagem, que, quando realizada com elevada concentração de metais na água, pode provocar a precipitação de hidróxidos nas brânquias e, conseqüentemente, levar os peixes à morte, devido ao estresse sobre os sistemas de osmorregulação e ventilação. Em outras situações, em que rios, cujas águas apresentam altos níveis de pH e alumínio, observou-se que a neutralização por calagem levava à recuperação dos valores normais de íons no plasma dos peixes (ROSSELAND et al., 1986).

Assim, este trabalho procurou verificar se existe influência da alcalinidade da água sobre a sobrevivência e o crescimento de larvas de curimbatá, Prochilodus lineatus.

Autores: Nilton Eduardo Torres Rojas; Odete Rocha e José Américo Bordini do Amaral.

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