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A qualidade da água do rio Peixe Boi

Resumo

O rio Peixe Boi assume grande importância no Estado do Pará e na Amazônia, pela sua relevância socioeconômica, em particular para as comunidades que coabitam a sua bacia, entretanto o aumento populacional, a urbanização e a ação humana têm gerado problema de contaminação e de poluição hídrica. O objetivo do artigo foi analisar a qualidade da água do rio Peixe Boi, levando em conta seus aspectos físicos, químicos e biológicos. O estudo foi realizado a partir da Pesquisa Exploratória, cuja amostra coletada permitiu gerar Indicadores de Qualidade da Água, com classificação de Ruim, Boa e Ótima, cujos valores atribuídos aos resultados emitidos pela análise laboratorial foram comparados aos parâmetros de qualidades físicas, químicas e biológicas do Protocolo Analítico de Normalização Técnica da Resolução n. 357/2005 do CONAMA. As evidências revelaram que, dos elementos físicos, químicos e biológicos analisados, quatro variáveis garantem ótima condições de qualidade de água no rio Peixe Boi, notadamente o Nitrogênio, Oxigênio, pH e, principalmente, a ausência de coliformes fecais. Por outro lado, a análise mostrou que a cor, fósforo, turbidez e materiais orgânicos apresentam valores bem acima do padrão recomendado pelo CONAMA, com impactos negativos para a qualidade da água. Conclui-se este artigo afirmando que a qualidade física do rio Peixe Boi é ótima, embora da sua cor escura e do elevado valor de fósforo, pois os demais indicadores analisados se demonstraram favoráveis, principalmente com baixo teor de acidez. A qualidade biológica da água do rio pesquisado também foi considerada ótima, visto que as análises indicaram ausência de coliformes fecais e de algas diversas, as quais trazem prejuízos à saúde humana. Quanto ao aspecto químico do rio pesquisado, as análises indicaram que a água não de boa qualidade, pois foi constatada a presença de materiais orgânicos de resíduos vegetais e domésticos, seguido de elevada turbidez. Enfim, a água do rio pesquisado é favorável ao consumo humano e a prática da balneabilidade, servindo de fonte de trabalho e de renda para a população local, embora alguns elementos pesquisados apresentem valores acima dos níveis toleráveis pela Legislação e com mais visibilidade durante o verão amazônico.

Introdução

O objeto formal de investigação desta pesquisa é a água que, grosso modo, significa “liquido incolor e inodoro essencial à vida. É a parte liquida da terra” (XIMENES, 2000, p. 802). Água é o nome comum que se aplica ao estado líquido do composto de Hidrogênio e de Oxigênio, cuja descoberta foi atribuída ao químico francês Joseph Louis Gay-Lussac e o naturalista alemão Alexander Von Humboldt que, em1804, demonstraram que a fórmula da água é H2O, isto é, dois volumes de hidrogênio e um de oxigênio (BRASIL, 2014).

A água é um elemento vital e condiciona a vida na terra, a partir de diversos fins de usos (TOMASONI; PINTO; SILVA, 2009). A água é um elemento essencial e indispensável à vida não apenas por suas características peculiares, mas pelo fato de que nenhum processo metabólico ocorre sem sua ação direta ou indireta (BRAGA et al., 2002).

No que se refere à distribuição da água, 97% se encontra nos oceanos, 2% está em forma de gelo e o 1% restante é a água doce dos rios, lagos, águas subterrâneas, umidade atmosférica e do solo (BRASIL, 2014). Dai nota-se o porquê apenas uma pequena parte da água está disponível ao consumo humano.

Todavia, o uso diversificado da água pelas sociedades humanas, quando realizada de forma inadequada, provoca alterações nos recursos hídricos e, por conseguinte, afeta a qualidade da mesma e que, por fim, traz consequências para a saúde humana e para o meio ambiente. O conceito de qualidade da água é algo relativo, pois depende do uso a que se destina, podendo ser para balneabilidade, consumo humano, irrigação, etc., ou seja, para cada uma dessas finalidades existe um padrão de qualidade especificado para a sua mensuração e consumo.

No Brasil, um dos marcos da preocupação com a qualidade da água, foi a partir do ano de 1997, quando foi aprovada a Lei Federal n. 9.433/97 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Essa legislação dispõe instrumentos para o enquadramento de corpos estranhos em classes aceitáveis, em conformidade com o tipo de uso da água (BRASIL, 2005).

Para consolidar essa Lei, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA, instituiu a Política Normativa Nacional de uso da água, através da Resolução n. 357, de 2005, a qual estabelece parâmetros aceitáveis de elementos estranhos para seus diferentes usos, sendo que os principais indicadores da qualidade da água são mensurados sob seus aspectos físicos, químicos e biológicos (BRASIL, 2014).

O aumento do fluxo populacional acentua a procura por água, o que resulta na busca por novas fontes, influenciando na qualidade do próprio líquido, na medida em que essa pressão gera desequilíbrio ambiental que, por sua vez, se traduz na perda da biodiversidade, afetando assim as bacias hidricas, como na bacia do Rio Peixe Boi, sem contar nos prejuízos socioeconômicos para as comunidades locais. Inclusive, para reduzir a degradação do meio ambiente e salvar o habitat aquático da humanidade, “as sociedades devem reconhecer que o meio ambiente, em especial a água é um bem finito” (BRASIL, 2014, p. 10).

Não é precisa ir muito longe, nobre leitor, para se constatar que também ações predatórias contribuem para contaminar recursos líquidos, visto que nas grandes metrópoles urbanizadas, como a Capital Belém, são visíveis a céu aberto, resíduos, rejeitos, detritos e dejetos de naturezas distintas nos leitos dos canais e rios, tornando-se obstáculos ao curso da água. Como resultado disso, vivenciamos transtornos de enchentes, proliferação de doenças e que trazem prejuízos à saúde pública, fruto do problema da poluição hídrica.

Este problema de poluição hídrica dos rios e que reflete o quadro de deterioração por qual o sistema aquático amazônico, em particular do Estado do Pará, foi a fonte de motivação e de interesse para se desenvolver este Artigo, a partir do tema da “Qualidade da Água no rio Peixe Boi”, cujo ambiente de pesquisa é o Município de Peixe Boi.

Diante dessa proposta, elegemos Algumas Questões de Estudo para nortear a investigação no trabalho de campo: Alguns elementos físicos condicionam a coloração da água, como a presença de substâncias orgânicas, o que nos levou a seguinte pergunta: Qual a qualidade física da cor da água do rio Peixe Boi? As condições ácidas e orgânicas da água determinam o seu consumo, isto é, certos elementos químicos não podem exceder parâmetros aceitáveis, sob risco de afetar à saúde da população, cuja preocupação é como esta qualidade química do rio Peixe Boi? No ambiente aquático há também a presença de Micro-organismos, como as bactérias de coliformes fecais e as bactérias cianofíceas, cujos excessos afetam a saúde pública, derivado da contaminação da água. Então, Como se encontra a qualidade biológica da água do rio Peixe Boi?

O objetivo geral deste artigo é analisar a qualidade da água do rio Peixe Boi, levando em conta seus aspectos físicos, químicos e biológicos.

Quanto aos objetivos específicos, buscamos alcançar os seguintes: a) Avaliar a qualidade física da cor da água; b) Mensurar a qualidade química; e c) Explicar sobre a qualidade biológica da água do rio Peixe Boi. Contudo, buscamos respostas para estas metas.

Esta pesquisa se justifica em função da existência do grave problema da poluição hídrica dos rios, colocando em risco o bem estar, a qualidade de vida e a saúde pública, visto que estes atributos dependem da qualidade da água, pois os ambientes aquáticos são usados em todo o mundo, notadamente para o abastecimento e consumo do liquido precioso pelas populações.

Autores: Leandro Kazuyuki Hosogoshi; Leonardo Araújo Neves; Mylena Cristina Sena Manso e Nayana do Socorro Farias de Sousa.

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