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Abelhas têm sofrido estresse por mudanças climáticas nos últimos 100 anos

Abelhas estresse

Coleções de insetos em museus no Reino Unido indicam sinais estressantes em exemplares do século 20 devido a condições climáticas cada vez mais quentes e úmidas

Pesquisadores analisaram abelhas de uma rede de museus do Reino Unido e identificaram nos insetos sinais de estresse ligados às mudanças climáticas ao longo do último século. Os resultados da análise foram descritos em dois artigos científicos publicados em 18 de agosto nos periódicos Journal of Animal Ecology e Methods in Ecology & Evolution.

Abelhas estresse
Foto Crédito: Museu de História Natural de Londres

Journal of Animal Ecology – 2022 – Arce – Signatures of increasing environmental stress in bumblebee wings over the past

Abelhas estresse – Os autores das pesquisas usaram, pela primeira vez, técnicas de DNA antigo para sequenciar os genomas das abelhas com mais de 100 anos. O grupo de experts, incluindo especialistas do Imperial College London e do Museu de História Natural de Londres, descobriu que os animais sofriam estresse por conta de condições cada vez mais quentes e úmidas.

O primeiro estudo investigou com imagens digitais as formas das asas de zangões de quatro espécies do Reino Unido, provenientes do ano 1900. A presença de asas direita e esquerda muito diferentes em sua simetria indicou que os insetos sofreram estresse durante o desenvolvimento, afetando seu crescimento.

Havia indícios ainda de que os fatores estressantes aumentavam à medida que o século 20 avançava, sobretudo a partir de 1925. Análises posteriores mostraram que cada espécie de abelha apresentou um padrão maior de estresse na segunda metade do século. Em anos mais quentes e úmidos, houve maior assimetria de asas.

Segundo o autor sênior do estudo, Richard Giill, o fato dessas condições ambientais se tornarem mais frequentes sob as mudanças climáticas significa que os zangões podem “passar por um momento difícil ao longo do século 21”.

Abelhas estresse
Imagem dorsal de uma abelha fêmea da espécie Bombus hortorum alfinetada (Foto: Andres N. Arce et.al)

Em uma segunda pesquisa, a mesma equipe de cientistas sequenciou com sucesso os genomas de mais de 100 abelhas de museu com mais de 130 anos. Usando uma única perna de cada um dos insetos, os pesquisadores quantificaram a preservação do DNA deles, contando de modo inédito com métodos também usados ​​para estudar mamutes-lanudos e humanos antigos.

O grupo pretende usar esses dados agora para estudar como os genomas das abelhas mudaram ao longo do tempo, compreendendo como populações inteiras se adaptaram ou não a mudanças ambientais. Isso poderá permitir os pesquisadores determinarem como o estresse pode levar à perda de diversidade genética.
Victoria Mullin, pesquisadora do Museu de História Natural de Londres, porém, avalia que as coleções de insetos são um “recurso finito” e que “entender a melhor forma de utilizá-los para estudos genéticos é importante”.

Conforme explica o autor sênior da pesquisa, Ian Barnes, que também trabalha no museu, um dos problemas com as coleções é que a qualidade de material genético pode ser muito variável, dificultando prever que tipo de análise é possível.

Mas as novas descobertas podem mudar isso: “Agora temos uma ideia muito melhor sobre a preservação de DNA em coleções de insetos, o que é um grande impulso para nosso trabalho contínuo para entender a história e o futuro das populações de insetos”, ele diz.

Por: Revista Galileu

Autores: Andres N. Arce1, Aoife Cantwell-Jones, Michael Tansley, Ian Barnes, Selina Brace, Victoria E. Mullin, David Notton, Jeff Ollerton, Emma Eatough, Marcus W. Rhodes, Xueni Bian, James Hogan, Tony Hunter, Simon Jackson, Ashleigh Whiffin, Vladimir Blagoderov, Gavin Broad, Steve Judd, Phaedra Kokkini, Laurence Livermore, Mahika K. Dixit, William D. Pearse, Richard J. Gil.

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