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Avaliação da toxicidade de solução aquosa contendo nimesulida e ibuprofeno após degradação via processos oxidativos avançados

Resumo

A preocupação em torno da contaminação de fármacos em matrizes aquáticos tem se tornado um assunto recorrente na comunidade científica. Isto acontece, uma vez que esse tipo de substância tem sido frequentemente encontrado em saídas de estações de tratamento de efluentes industriais e de esgoto domésticos, em quantidades que podem causar sérios danos à saúde dos seres vivos.

Desse modo, processos de polimento como os processos oxidativos avançados (POA) têm sido utilizados para tratar águas residuárias com sucesso. Contudo, é necessário avaliar a toxicidade dos compostos de degradação formados para garantir que a degradação não venha a causar maiores danos para a população e o meio ambiente. O presente trabalho avaliou a toxicidade de uma solução aquosa contaminada com nimesulida e ibuprofeno após submissão a degradação via POA.

Primeiramente, verificou-se que o processo foto-Fenton empregando reator de bancada com lâmpada sunlight foi eficiente na degradação dos fármacos (>90%) em estudo, sendo, portanto, a solução final obtida submetida a análise da toxicidade. Este estudo foi realizado frente às sementes de Lactuta Sativa (alface), Cichorium endívia (chicória), Ocimum basilicum (manjericão) e do grão Americano Hard (trigo).

Constatou-se que no que diz respeito a germinação das espécies estudadas a solução antes do tratamento apresentou uma menor quantidade de sementes germinadas, o mesmo não ocorreu com a solução após o tratamento, a qual se comportou de forma muito parecida com o controle negativo. A análise do crescimento radicular corroborou os dados obtidos da germinação, indicando que a solução após submissão ao POA não apresentou toxicidade frente às espécies estudadas.

Introdução

Apesar de apresentar inúmeros benefícios, os fármacos têm sido considerados como micro contaminantes que apresentam potenciais efeitos tóxicos, uma vez que são capazes de causar efeitos adversos, quando presentes em ecossistemas aquáticos, à saúde humana e de animais (ZIYLAN; INCE, 2011). Dentre os fármacos uma classe que merece destaque, já que são muito utilizados pela população mundial, são anti-inflamatórios não esteroidais (AINE); pertencem a esta classe o nimesulida e o ibuprofeno.

O nimesulida possui, além do grande poder anti-inflamatório, propriedades antipiréticas e analgésicas, sendo receitado para afecções dentárias e dor pós-operatória. É um medicamento que dentre os efeitos causados por sua prolongada utilização estão as lesões no fígado, fazendo com que alguns países revissem o perfil de segurança de sua utilização (TAN, 2007; SILVA et al.,2014). Já o ibuprofeno é indicado no alívio da febre, dores traumáticas, dores de cabeça, dores musculares e articulares, inflamações dentárias e dor de garganta (STOYANOVA et al., 2016). Segundo Cleuvers (2004) a ecotoxicidade do ibuprofeno sofre um aumento considerável quando este encontra-se presente em ecossistema aquático junto com outros AINE.

É por essas razões que é imprescindível buscar tratamento das águas e efluentes em que se verifica a presença de poluentes persistentes como os fármacos. Para promover a degradação esses compostos, uma vez que os tratamentos convencionais de tratamento de águas e efluentes não se mostram eficientes, têm sido utilizados os processos oxidativos avançados (POA). Os POA consistem em uma classe de técnicas promissoras que busca minimizar o impacto causado ao meio ambiente, já que atua degradando os poluentes e mineralizando a matéria orgânica. O processo ocorre pela liberação de espécies altamente oxidantes, em geral, radicais hidroxila (ARAÚJO et al., 2016).

Uma vez promovida a degradação dos compostos de interesse surgiu uma preocupação em torno dos compostos intermediários formados. Karci (2014) afirma ser necessária uma investigação com maior profundidade da toxicidade dos processos empregados no que diz respeito a inibição do crescimento dos organismos vivos. Escher et al. (2011) ressaltam a necessidade da realização de testes de toxicidade sobre efeitos adversos de diferentes organismos, sendo comum realizá-los frente a microrganismos, plantas, algas, invertebrados e peixes, para que assim possa garantir além da degradação do poluente que o meio não apresenta toxicidade.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a toxicidade de uma solução aquosa submetida a processos oxidativos avançados à semente de Lactuta sativa (alface), Cichorium endívia (chicória), Ocimum basilicum (manjericão) e do grão Americano hard (trigo).

Autores: Rubens Teles Monteiro; Rayany Magali da Rocha Santana; Léa Elias Mendes Carneiro Zaidan; Daniella Carla Napoleão e Valdinete Lins da Silva.

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