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Recirculação das águas de lavagens dos filtros da estação de tratamento de água – ETA Gavião, que abastece Fortaleza – CE e região metropolitana

Resumo

O sistema de abastecimento de água da região metropolitana e do município de Fortaleza é atendido por meio da Estação de Tratamento de Água – ETA Gavião com capacidade nominal de 10 m³/s. O manancial de abastecimento é assegurado pelos reservatórios artificiais superficiais que compõem o eixo de açudes Pacajús-Pacoti/Riachão-Gavião. A situação crítica da capacidade de armazenamento dos açudes no Nordeste Brasileiro e em especial no Estado do Ceará, influenciado pela seca durante os últimos cinco anos, propiciou a diminuição da oferta de água para abastecimento, levando a empresa de saneamento a implantar de maneira emergencial dispositivos de recirculação de água para atender os volumes requeridos. Devido essa crise hídrica a ETA produz atualmente 6,8 m³/s. O presente trabalho vem propor uma alternativa emergencial para a “Recuperação das Águas de Lavagem dos Filtros da Estação de Tratamento de Água GAVIÃO”, sem considerar nesta etapa o tratamento e disposição do lodo, sendo este ainda disposto na wetland. Como medida emergencial, para minimizar os efeitos da seca, foi projetado um sistema para recuperação das águas de lavagem dos filtros da ETA, contemplando Captação, Estação Elevatória de Água Recuperada (EEAR) e Adutora de Água recuperada. Com base nas análises realizadas, foi observado que o ponto mais a jusante da ETA, as concentrações de alumínio, DQO e sólidos suspensos totais apresentaram características físico-químicas e bacteriológicas de melhor qualidade, contudo no trecho da saída da lavagem dos filtros os respectivos valores foram considerados elevados na ordem de 107%, 10,3% e 141%, respectivamente, Quanto ao aspecto bacteriológico as condições à montante apresentaram maior predominância de E.coli. O estudo contemplou também a comparação da qualidade da água do manancial de abastecimento com a água recirculada no ponto mais a jusante, apresentando resultados variações entre os parâmetros turbidez, condutividade, cloreto, sulfato, sódio, alumínio e manganês. Aspectos relacionados a qualidade da água tratada foram comparados antes e depois do processo de recirculação da água, demonstrando que o parâmetro turbidez foi que apresentou maior variação. Entretanto o principal objetivo, de incremento do volume de água a ser ofertado ao abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, foi atingido.

Introdução

O abastecimento de água da Região Metropolitana de Fortaleza é assegurado pelos reservatórios artificiais superficiais que compõem o eixo de açudes Pacajús-Pacoti/Riachão-Gavião. A partir de 1993, o sistema de abastecimento recebeu reforço com a construção do Canal do Trabalhador, extensão de 102 km e capacidade máxima de adução em 6 m³/s.

Esse incremento é fruto do transporte das águas lançadas do Açude Orós por via do Rio Jaguaribe, sendo em Itaiçaba seu destino e o ponto de captação para iniciar a transferência de água ao Açude Pacajus e, deste, recalcadas por meio de Estações Elevatórias para o Sistema Integrado Pacoti/Riachão/Gavião.

A Estação de Tratamento de Água (ETA) que realiza o abastecimento da cidade de Fortaleza e região metropolitana – ETA/Gavião possui instalações próximas às margens do Açude Gavião. Apresenta capacidade nominal de produção de 10 m³/s e a adução da água após tratamento é realizada por meio de adutoras que transferem a água para dois reservatórios apoiados no morro do Ancuri. A capacidade de armazenagem de cada um desses reservatórios é de 40.000 m³.

Existe outra planta de tratamento chamada ETA Oeste que produz 1 m³/s de água tratada para abastecer as cidades Caucaia e região oeste da Capital, que já possui uma Estação de Tratamento de Resíduos – ETRG para recuperação das águas de lavagens de filtros. Que não será debatido aqui, pois o objeto do presente trabalho é a ETA Gavião.

Inicialmente, a ETA Gavião foi projetada para funcionar com tecnologia convencional de tratamento. A estrutura contemplava câmara de mistura rápida e floculadores mecanizados, decantadores de fluxo horizontal e filtros rápidos por gravidade. Posteriormente, em 1995, a tecnologia de tratamento foi modificada, passando de convencional à filtração direta descendente, com acréscimo de 25% na área filtrante. Os incrementos de processo e infraestrutura elevaram a capacidade da ETA para 6,9 m³/s, e mais tarde, em 2007, foi elevada para 10 m³/s com a construção de seis novas unidades de filtração. Devido o agravamento da crise hídrica, a ETA produz hoje, apenas, 6,8 m³/s.

A tecnologia utilizada para tratamento das águas de lavagem de filtros é a de wetlands (terras úmidas), que escoam para rio Cocó. A depuração do lodo nesse sistema se dá através: da ação de filtragem mecânica – que é dependente da granulometria e composição do solo; da retenção de cátions e ânions – relacionada a capacidade de troca iônica do solo; e da ação biológica – realizada pelos microrganismos presentes no solo e pelo requerimento de nutrientes para o crescimento das plantas (CHAVES, 2012). Portanto, para escolha do ponto de captação da água de lavagem dos filtros, foram realizadas coletas na entrada e na saída do wetland. O volume das águas da lavagem dos filtros, corresponde a 5% da produção.

Um levantamento realizado pelo Ministério da Integração Nacional revela que o Ceará tem a pior crise hídrica do Nordeste e, se não houver um aumento no volume de chuvas, o quadro tende a agravar-se ainda mais.
Como medida emergencial, para minimizar os efeitos da seca, foi projetado um sistema para recuperação das águas de lavagem dos filtros da ETA. Uma comissão foi organizada para analisar e definir uma alternativa viável, considerando os aspectos econômicos e de qualidade do efluente.

Após várias reuniões ficou definido que a melhor alternativa: O bombeamento da água de lavagem pós-wetland de volta para a ETA, obtendo-se permissões temporárias dos órgãos ambientais e reguladores, até que se tenha o projeto da ETRG definitiva. O projeto concebido propõe as seguintes intervenções: Captação, Estação Elevatória de Água Recuperada (EEAR) e Adutora de Água recuperada.

Portanto, o presente trabalho vem propor uma alternativa emergencial para a “Recuperação das Águas de Lavagem dos Filtros da Estação de Tratamento de Água GAVIÃO”, sem considerar nesta etapa o tratamento e disposição do lodo, sendo este ainda disposto na wetland.

Autores: Delano Sampaio Cidrack; Alisson Carlos Melo Oliveira; Ana Maria Roberto Moreira e José Airton Pereira Lima.

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