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Utilização de pó de casca de coco como bioadsorvente para remoção dos corantes vermelho congo e azul direto de efluentes

Resumo

A indústria têxtil é uma das indústrias que mais necessita de água no seu processo produtivo. Essa indústria origina diferentes resíduos, principalmente efluentes líquidos coloridos, com composição química tóxica para os homens e para o meio ambiente. Torna-se de grande importância o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos para remoção da cor nesses efluentes líquidos industriais. A adsorção apresenta, de maneira geral, baixo custo, facilidade operacional e, além disso, não ocasiona a formação de substâncias prejudiciais ao meio ambiente e permite o reaproveitamento do adsorvente. O presente trabalho buscou avaliar o uso de casca de coco em pó como bioadsorvente para tratamento de efluente contendo os corantes vermelho congo e azul direto. Para desenvolvimento da pesquisa, foram realizados experimentos de adsorção em triplicata, com agitação mecânica, e as amostras de efluente sintético foram analisadas antes e após o processo de adsorção em pó de casca de coco. Os resultados obtidos indicaram uma eficiência de remoção de corante superior a 90% para adsorção em pH ácido. Conclui-se que o pó de casca de coco pode ser utilizado como bioadsorvente no tratamento de efluentes contendo os corantes vermelho congo e azul direto, diminuindo o desperdício de água e proporcionando o reaproveitamento de resíduos.

Introdução

A indústria têxtil necessita de grande quantidade de água durante as diferentes etapas de processamento. No final do processo têm-se grande quantidade de efluentes contaminados (CÉLIA, 2011). Os efluentes têxteis são bastante coloridos devido aos corantes que não se fixam às fibras durante o processo de tingimento (KUNZ, 2000). O lançamento de corantes em rios e lagos diminui a penetração da luz solar nas águas e causa impactos na vida marinha, além de prejudicar os processos de fotossíntese. Além disso, pesquisas mostram, que certos tipos de corantes têm potencial carcinogênico e mutagênico (KUNZ, 2000).

O tratamento de efluentes têxteis exige uma forma de remover os corantes da água para que essa seja reutilizada no processo industrial, ou, até mesmo, seja encaminhada para consumo da população após tratamento adequado. Existem vários tipos de tratamento para efluentes têxteis. Em geral as indústrias tratam seus efluentes através de processos de coagulação e floculação ou com sistema de lodos ativados. Apesar de eficiente, esse processo gera certo acúmulo de lodo e, geralmente, não remove completamente o corante. Sendo assim, é importante o desenvolvimento de novas técnicas para tratamento dos efluentes têxteis (KUNZ, 2000). Outros processos também utilizados são a osmose reversa, a troca iônica e a adsorção. Dentre os processos citados, a adsorção é um dos processos mais utilizados devido à sua eficiência e baixo custo.

O carvão ativado é um adsorvente microporoso, que pode ser produzido através de vários substratos de baixo custo tais como: madeira, hulha, lignina, casca de coco, açúcares etc. ou seja, materiais carbonáceos de origem vegetal, animal ou mineral. A eficiência desse adsorvente está na sua grande área superficial e na grande quantidade de grupos funcionais (GUILARDUCI, 2005). Tendo em vista a aplicação de adsorventes no tratamento de efluentes têxteis, a proposta do uso de bioadsorventes tem o objetivo de tratar efluentes de forma eficiente, sustentável e com baixo custo.

A bioadsorção é uma característica de substratos naturais e até mesmo microrganismos de acumular em sua superfície, substâncias como metais pesados, íons, etc. (VOLESKY, 2004). Os bioadsorventes são substratos, muitas vezes considerados sem nenhuma importância econômica como: cascas de frutas e legumes, bagaço de cana, sementes, entre uma infinidade de outros. A eficiência deste método, pode ser observada em diferentes pesquisas. Diehl et al. (2011) observaram bons resultados para a adsorção do corante azul de metileno com o uso de cascas de frutos florestais, ao longo de 90 minutos de tempo de contato com a solução sintética do corante enquanto Rocha et al. (2012) observaram eficiências elevadas para a adsorção do corante cinza reativo com o uso de mesocarpo de coco em pó, obtendo valores de pH e granulometria de adsorvente ideais para o tratamento deste tipo de corante com o mesocarpo de coco em pó.

No Brasil, são gerados diversos tipos de resíduos agroindustriais, em virtude da grande produção agrícola do país. Esses resíduos poderiam ser usados como bioadsorventes já que incluem bagaços de cana de açúcar, caju, coco verde e outras frutas. Sendo assim, o Brasil tem potencial para se tornar um grande utilizador da bioadsorção no tratamento de efluentes e, desse modo, além de contribuir para um menor desperdício de recursos hídricos no país, poderia também amenizar o problema da disposição dos resíduos gerados pela agroindústria.

O objetivo da presente pesquisa é a obtenção de uma alternativa econômica, sustentável e eficiente para remoção dos corantes químicos de efluentes industriais, através da utilização de pó de casca de coco como bioadsorvente, contribuindo, ainda, para um reaproveitamento de resíduos agroindustriais.

Autores: João Victor Mendes Cunha e Patrícia Procópio Pontes.

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