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Perdas em sistemas de distribuição de água: Estudo baseado em revisão sistemática

Resumo

No Brasil os indicadores de desempenho do setor de saneamento mostram uma alta ineficiência, apesar de nos últimos 10 anos ter sido observada uma redução de 6% no total das perdas, cerca de 40% do total de água produzida ainda é desperdiçada, quando, segundo o Banco Mundial, o valor aceitável para os países em desenvolvimento está entre 4% e 8%. Outro ponto a ser observado diz respeito a qualidade das informações disponíveis na grande rede mundial de computadores quando o assunto é “perdas em sistemas de distribuição de água”, com informações dispersas ou apenas sobre ações gerenciais pontuais no monitoramento ou na apresentação de dados históricos sobre as perdas. Problema recorrente de relevância mundial, as perdas são responsáveis por substanciais prejuízos financeiros, sociais e ambientais, tanto às empresas quanto à sociedade, além de inferir em questão ambiental quando forçam à exaustão os mananciais de água no intuito de suprir a demanda de consumo. O objetivo desta pesquisa foi identificar a produção científica e literatura cinza disponível a fim de encontrar quais são os métodos, técnicas ou tecnologias utilizadas para detectar e mitigar os efeitos das perdas em sistemas de distribuição de água. O trabalho foi executado em duas etapas. Na primeira, realizou-se uma revisão de literatura e, posteriormente, um mapeamento sistemático da literatura a fim de identificar evidências publicadas na área de estudo. Dos estudos realizados podemos destacar uma importante contribuição, em função de perdas em sistemas de distribuição de água, identificando como são detectadas, quais são estratégias utilizadas para combater as perdas, e quais são as ferramentas ou métodos que auxiliam durante este processo.

Introdução

A água é um recurso natural limitado e seu consumo descontrolado leva à exaustão dos mananciais, ocasionando questões de ordem ambiental e agravando questões de ordem social quando da ocorrência de desabastecimentos ou impossibilidade de fornecimento de água para a população. Considerando as recomendações da (WHO, 2011) o acesso aos serviços de saneamento básico devem englobar o fornecimento da água tratada de forma ampla e irrestrita à população, no intuito de prover qualidade de vida por meio da promoção à saúde.

Em face à escassez de água vivida nos últimos anos a boa gestão dos recursos hídricos assume um papel prioritário nas definições de políticas públicas, pois impactam severamente nos diversos setores econômicos da sociedade, no meio ambiente e na qualidade de vida da população. (EPA, 2010).

Um dos aspectos importantes observados no setor de saneamento são as perdas de água, que ocorrem durante todos os processos operacionais do sistema de abastecimento de água. Apesar de sua menor representatividade no consumo, em média 30% do consumo total, as maiores perdas de água são encontradas com maior frequência nas redes de distribuição urbanas que fornecem água para os setores da indústria e comércio e para o consumo residencial.

As perdas são de fato inerentes, mas indesejáveis, aos sistemas de abastecimento de água. Constituem o índice de perdas, um dos principais indicadores de desempenho das empresas do setor de saneamento. Reduzir as perdas, em todo o sistema de abastecimento, se mostra como um grande desafio do setor, na medida que afeta diretamente os aspectos social, financeiro e ambiental quando da disponibilidade de água para captação e posterior oferta. Por isto se faz necessário o devido controle através da gestão das perdas, possibilitando o melhor aproveitamento da capacidade hídrica. Este trabalho teve como objetivo geral realizar um mapeamento sistemático da literatura, no intuito de identificar quais métodos, estratégias e ferramentas são utilizadas para detectar e combater as perdas em sistemas de distribuição de água. Foi realizado um mapeamento sistemático da literatura que avaliou a literatura cinza disponível e a produção científica de empresas e pesquisadores da área de saneamento;

O trabalho foi executado em duas etapas. Na primeira, realizou-se uma revisão de literatura, comumente um passo inicial em qualquer pesquisa empreendida, utilizada para confirmar a escolha da área de pesquisa a ser trabalhada e para identificar evidências publicadas na área de estudo. Também fornece uma concepção inicial sobre o corpo de conhecimento. Posteriormente, investigou-se através de um mapeamento sistemático da literatura, um tipo de investigação científica considerado como estudo observacional de trabalhos anteriores ou estudo de recuperação e análise crítica da literatura. Amplamente são utilizadas as recomendações propostas por (KITCHENHAM; CHARTERS, 2007) que dividem o processo de conduzir um mapeamento sistemático em 3 passos: a) planejamento; b) condução; e, c) relato. O planejamento tem como saída o protocolo do mapeamento contendo o escopo e as questões de pesquisa que levam à construção de uma expressão geral de busca. Na condução da pesquisa os trabalhos são identificados e os dados são extraídos, neste momento também é feita a síntese e análise dos dados. Por fim, no relato é produzido um relatório final de resultados que encerra o processo de mapeamento tendo como saída o resultado final e discussão dos dados.

Dos estudos realizados podemos destacar uma importante contribuição, em função de perdas em sistemas de distribuição de água, identificando como são detectadas as perdas, quais estratégias para combater as perdas são utilizadas, e quais são as ferramentas ou métodos que auxiliam durante este processo.

O desenvolvimento desse trabalho contou com o apoio e a participação da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), juntamente com o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, do Centro de Tecnologia e Geociências, da Universidade Federal de Pernambuco.

Autores: João Ferreira da Silva Júnior; Gleibson Rodrigo Silva de Oliveira; Sérgio Francisco Tavares de Oliveira Mendonça e Fernanda Maria Ribeiro de Alencar.

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