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Multitemporal da área afetada pós rompimento da barragem de fundão e caracterização do rejeito de minério de ferro

Resumo

As alterações relacionadas ao equilíbrio ecológico e o impacto gerado pelas atividades humanas, estão intimamente ligadas ao desenvolvimento tecnológico. No mundo, o segmento minerário denota elevada representatividade para o setor econômico. E, seus impactos são iminentes, por exemplo, tem-se o rompimento da barragem de Fundão que causou alterações no meio físico, biótico e socioeconômico devido ao carreamento de rejeito a jusante da barragem. Neste contexto, o presente trabalho, tem por objetivo realizar o mapeamento da área afetada, bem como caracterizar amostras da lama que atingiu o distrito de Bento Rodrigues, por meio de ensaios morfológicos e químicos. Para tanto, utilizou-se o programa ArcGis 10.2.2, uma vez que o mesmo fornece uma plataforma para avaliação espacial, gerenciamento, mapeamento e modelagem. Os ensaios morfológicos e químicos foram realizados com amostras coletadas conforme procedimento da ABNT NBR 10007/04. Posteriormente, o material coletado foi homogeneizado e quarteado. A análise morfológica foi realizada por meio das micrografias obtidas em um Microscópio Eletrônico de Varredura da marca HITASHI, modelo TM 3000, com detectores de elétrons retroespalhados. E, o estudo da composição química foi realizado por espectrometria de absorção atômica e ICP_OES/ICMS. As micrografias obtidas mostram a presença de cristais em distintos tamanhos e formas que variam, em média, de 0,1 a 1 mm. Além disso, foi observado colorações distintas que podem ser associadas a presença de óxidos de hematita e/ou magnetita. Ademais, puderam-se observar partículas que indicam materiais argilosos, esses contam com feições microestruturais de “crostas ou preenchendo cavidades”. Os ensaios químicos revelaram um percentual de 97,85 e 1,27 de Fe e Al, respectivamente. Outros elementos foram registrados em percentagens menores. Conclui-se que o rejeito é impactante ao ambiente por apresentar concentração de contaminantes, que causam danos a flora, a fauna e o homem. Ademais, o rejeito estudado tem afetado pontualmente o ambiente.

Introdução

Dentro do empreendimento minerário o rejeito é a matéria mais difícil de ser controlada, porque o material que é liberado da planta de beneficiamento é constituído por uma parte sólida e densa com partículas maiores (underflow) e outra líquida, formada por um conjunto de água e partículas finas (Overflow/lama). Além disso, outros produtos utilizados no processo de beneficiamento do minério podem ser encontrados. Esses materiais, após saírem da planta de beneficiamento são conduzidos por dutos e dispostos em barragem (VALADÃO, ARAUJO, 2007).

As barragens de rejeitos são estruturas que visam dispor o material proveniente do beneficiamento de forma controlada. Atualmente, as metodologias mais aplicadas para a construção de barragem de rejeito empregam um dos seguintes métodos: jusante (downstream), montante (upstream) ou de linha de centro (CHAVES, 2012). Apesar da existência dos fatores de segurança e metodologias na construção de barragens mais seguras, na maioria das vezes é utilizado o modelo de menor custo (VALADÃO, ARAUJO, 2007). Esse fator aliado à má operação dos processos pode comprometer a estrutura da barragem (ARAÚJO, 2006). Assim, tal empreendimento fica vulnerável, caso medidas de controle e manutenção da barragem não sejam tomadas (IBAMA, 2015; ARAÚJO, 2016).

O impacto ambiental e social causado pelo rompimento de uma barragem é de difícil mensuração. Para exemplificar, pode-se citar o rompimento da barragem de rejeito de minério de Ferro (barragem de Fundão), da empresa SAMARCO, no dia 05 de novembro de 2015, que atingiu o subdistrito pertencente ao município de Mariana – MG, denominado Bento Rodrigues (BAETA, et al., 2015; IBAMA, 2015). O acidente trouxe consequências adversas para o meio físico, biótico e socioeconômico, principalmente para a população que residia em Bento Rodrigues que foi drasticamente afetada pela corrente de lama de rejeito que “varreu” o povoado, com o derramamento de aproximadamente trinta e quatro milhões de m3 de rejeito. Essa quantidade de rejeito afetou também outras cidades, a jusante de Bento Rodrigues ao longo do rio Doce, até desaguar no oceano Atlântico, uma extensão de mais de 600 km (MPF, 2016; IBAMA, 2015).

Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo avaliar por meio de análise temporal geoespacial o impacto sobre os elementos naturais e antrópicos da superfície de Bento Rodrigues, Mariana – MG, após o rompimento da barragem de Fundão. Também foi objetivo avaliar a composição do rejeito coletado em Bento Rodrigues.

Autores: Flávio Luiz Santos Soares; Magno André Oliveira; Alan Rodrigues Teixeira Machado; Naiara Cristina de Almeida e Nayara Assumpção Duarte.

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