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Avaliação e prospecção de materiais biosustentáveis para construções de baixa renda

Resumo

A construção civil encontra-se entre as indústrias mais poluentes do mundo, consumindo entre 40 a 75% dos recursos naturais e contribuindo expressivamente na emissão de material particulado e gás carbônico . Dentro deste cenário, surgiu como possível solução, a bioconstrução termo dado a edificações que visam diminuir a agressão ao meio ambiente, procurando construir em harmonia com a natureza, preservando a mesma e os recursos naturais, e estar em equilíbrio com o meio em que se vive. A necessidade de se buscar inovações, principalmente destinadas a construções que atinjam a toda a população e não apenas uma seleta fatia do mercado consumidor com alto poder aquisitivo, visto que a maior parcela da população não se encontra neste patamar fez com que o presente estudo fosse desenvolvido. O presente trabalho visou a elaboração de uma proposta de construção sustentável para conjuntos habitacionais, levando em consideração a aceitação do público alvo e estudo técnico dos materiais propostos. Foi possível notar que embora grande parte da população consiga entender a importância da bioconstrução, muitos não estão dispostos a pagar mais por essa, fazendo-se notar a necessidade de baratear e tornar acessível tal vertente. Quanto aos materiais foi possível observar que é necessário levar em consideração a parte da obra a ser analisada, visto que esta é um meio complexo e que as mesmas conclusões não podem ser aplicadas ao todo, não obstante há possibilidades extremamente interessantes como o tijolo sustentável.

Introdução

“… princípios básicos da construção sustentável foram baseados nos materiais, o solo, a energia e a água, sendo eles: reduzir consumo de recursos, reutilizar recursos sempre que possíveis, reciclar materiais em fim de vida do edifício, proteger recursos naturais e eliminar materiais tóxicos e os subprodutos em todas as fases do ciclo de vida” (KIBERT, 2016).

Construir de forma sustentável trata-se de buscar soluções de forma a agredir menos o meio ambiente, visando a diminuição de impactos (SANGUINETTO, 2011). Desta forma estudar itens importantes de uma construção que podem ser melhorados ou aperfeiçoados, a fim de se criar um modelo de casa integral ou parcialmente bioconstruída que possa ser seguida e implantada na prática.

Agopyan (2013) afirma que embora a indústria da construção civil esteja entre as mais poluentes do mundo, seu ritmo não pode diminuir, pois isso acarretaria em deixar grande parte da população mundial em uma situação precária de moradia (DORIA; NUNES, 2015). Segundo estudos da Fundação Lafarge Holcim, da Suíça, que tem por objetivo selecionar e apoiar iniciativas de construção sustentável atreladas a excelência arquitetônica e qualidade de vida, mais da metade da população mundial mora em áreas urbanas, sendo desta forma necessária a viabilização da progressão da construção civil porém de forma sustentável (LafargeHolcimFoudation, 2016).

Diante da percepção da saturação do meio ambiente com o acúmulo de resíduos, a construção sustentável começou a ser estudada, como uma tentativa de se gerar menos poluentes, aproveitando melhor os recursos naturais e fazendo construções adequadas a cada clima, como citado e estudado por Agopyan.

Os benefícios de uma casa ou construção sustentável são inúmeros. O resíduo da construção é cerca de três vezes menor do que os de uma construção civil tradicional (LOUVIGNÉ, 2010), gasta-se bem menos energia, pois antes da casa ser construída estuda-se de forma exaustiva o local para que haja grande obtenção de luz, além da avaliação da posição de janelas, para que favoreça a ventilação e por consequência a economia de energia com ventiladores ou ar-condicionado (SANGUINETTO, 2011).

É possível notar também, os diversos aspectos da construção que podem ser total ou parcialmente bioconstruídos. Um exemplo são as esquadrias, que podem usar materiais diferenciados e inovadores, como no caso de madeira reciclada e ainda designs diferenciados de acordo com cada necessidade. Não obstante, há ainda aqueles que dificilmente sairão do convencional como a parte de elétrica ou fundações, mas que ainda assim poderão ter detalhes que contribuirão para um bom resultado da obra como a utilização de um cimento sustentável (CORRÊA, 2009).

Ainda assim, diversos estudos tem demonstrado que quem vive ou trabalha em um local sustentável ou bioconstruído possui melhor rendimento, contribuindo para menor estresse. Portanto, uma construção sustentável pode contribuir não somente para o meio ambiente, mas também para quem o habita (SANGUINETTO, 2011).

Para Sachs (2002) o desenvolvimento social é necessário e mais que isto, precisa-se da união de cientistas naturais e sociais para que o resultado vislumbrado seja alcançado, de modo que se consiga aperfeiçoar e evoluir ambos quesitos. Para Agoypan, Vanderley, Goldemberg (2010) o desafio encontra-se ainda em descobrir o equilíbrio entre proteção ambiental, justiça social e viabilidade econômica, visto que é necessário diminuir o impacto ambiental e aumentar a justiça social dentro das possibilidades econômicas (apud DORIA; NUNES, 2015). A proposição do trabalho em questão responde justamente a esta problemática, pois busca encontrar meios que validem a construção de moradias sustentáveis, com um valor acessível e que consiga atingir uma ampla gama da sociedade, contribuindo também para maior igualdade social.

Autores: Luisa Centofanti de Lima e Mariana Zuliani Theodoro de Lima.

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