Reciclagem de plásticos
A maior parte do plástico “reciclável” que todos usamos acaba nos aterros sanitários
Reciclagem de plásticos – É um problema de logística e economia. É preciso haver uma maneira melhor de lidar com esse enorme fluxo de resíduos. Uma empresa chamada CRDC Global pode ter uma solução viável.
Os plásticos desempenham uma ampla gama de papéis cruciais na sociedade moderna, mas também representam um grande desafio na eliminação de resíduos.
Particularmente quando se trata de bens de consumo embalados, do inglês “consumer packaged goods” (CPG), a realidade prática é que apenas uma pequena fração do plástico é realmente reciclada e grande parte acaba indo para aterros sanitários ou para cenários ainda mais indesejáveis de “fim de vida”, como a incineração ou liberado no meio ambiente.
O problema foi agravado em 2018, quando a China parou de aceitar esses resíduos para triagem manual.
Reciclagem de plásticos
Existem muitas estratégias positivas sendo implementadas para lidar com esta crise de resíduos, incluindo uma melhor coleta no mundo em desenvolvimento, materiais alternativos decomponíveis e coleta totalmente seletiva de plásticos no nível empresarial.
Há também uma nova tecnologia baseada em imagem hiperespectral que pode diferenciar os vários transparentes ou plásticos com base em como eles “olham” para comprimentos de onda de luz fora da faixa visível.
Há uma alternativa inovadora que está ganhando força porque aborda o desafio da classificação e também oferece uma proposta de valor positiva.
A CRDC Global desenvolveu uma maneira de transformar resíduos plásticos misturados em um agregado sintético leve, um substituto para a areia usada na fabricação de concreto e asfalto.
Essa opção se beneficia de um alinhamento geográfico entre onde os resíduos plásticos são gerados e onde a maior parte da construção está em andamento – grandes centros populacionais.
Do ponto de vista comercial, este é um cenário push/pull – a indústria CPG precisa de uma solução para resíduos plásticos e a indústria da construção precisa de uma alternativa à areia.
Se você olhar no fundo ou na lateral dos recipientes de plástico “reciclável”, há um número entre 1 e 7.
Em termos de reciclagem, apenas “1s” e “2s” (PET e HDPE) são candidatos práticos para reciclagem em novos recipientes e há uma tolerância quase zero para qualquer mistura de tipos ou contaminação com rótulos ou matéria orgânica.
Plásticos marcados de “3” a “6” são de valor mínimo para reutilização e “7” significa “outros” e essencialmente não tem valor.
A CRDC desenvolveu um processo que pode receber uma carga mista incluindo todas essas categorias de plástico e transformá-la em uma nova resina plástica.
O processo é a “ideia” do CEO Donald Thomson. Ross Gibby, COO, batizou criativamente sua saída de “RESIN8”.
Nessa fase são adicionados alguns minerais naturais – semelhantes aos que são usados para “calagem” de solos agrícolas.
Essa mistura é derretida e extrudada como uma espuma que endurece em algo semelhante a uma rocha de lava de plástico.
É finalmente moído em grânulos do tamanho e graduação de areia fina.
Esse material pode então ser adicionado ao cimento em uma proporção de 2% a 25% para fazer concreto para qualquer coisa, desde blocos pré-formados até estruturas ou superfícies vazadas.
A areia de alta qualidade é um recurso escasso em muitas regiões e seu transporte é muito caro.
Uma alternativa local é um conceito muito atraente para a indústria da construção, desde que seja funcional e visualmente equivalente.
Além disso, o concreto feito com RESIN8 tem várias vantagens em relação ao concreto convencional.
É mais leve; fornece maior isolamento térmico e absorve mais ruído.
É tão forte e duradouro. Ao final de sua vida útil, o concreto feito com RESIN8 pode ser reciclado para ser usado como agregado em concreto novo.
A CRDC Global começou com capital inicial e por meio de empréstimos da Alliance To End Plastic Waste e seu CEO Donald Thomson é motivado por seu desejo de deixar um mundo melhor para seus netos.
Eles mudaram para uma mistura de escritórios familiares e investidores institucionais e criaram seis instalações de pequena escala durante um estágio de prova de conceito e atualmente têm três instalações de grande escala na Pensilvânia, Costa Rica e África do Sul.
Sua visão é ter 20 locais operando dentro de 3 anos, cada um produzindo cerca de 20 mil toneladas de substituto de areia de agregado sintético a cada ano.
A empresa tem um plano de ação global e seu conselho inclui pessoas de todo o mundo que se reúnem via Zoom.
Reciclagem de plásticos – 27 países diferentes manifestaram interesse em começar a usar a tecnologia.
Também há pesquisas em andamento sobre o processo em universidades nos Estados Unidos, Costa Rica, África do Sul, Reino Unido e Austrália.
A CRDC Global está cooperando com um grande projeto de limpeza no Alasca, que tem um grande problema com os resíduos plásticos, principalmente da Ásia, que atravessam o oceano e terminam nos 33 mil quilômetros de costa daquele estado.
Existem vários modelos de como isso pode funcionar.
Todos os resíduos plásticos existentes podem ser transportados (plástico ou plásticos 3-7) para um local do CRDC.
Eles também trabalharam com uma conexão direta com o consumidor que chamaram de “A Bolsa que Constrói”, muitas vezes por meio de apresentações em escolas nas quais encontram crianças motivadas e “mães futebolistas” e pais que gostam da ideia de ajudar com o problema.
O slogan que eles ensinam aos potenciais ajudantes é que a maioria dos plásticos acabará encontrando um dos três destinos – “queimado, enterrado ou construído”, sendo o último um resultado muito melhor.
Esses participantes voluntários recebem um estoque de sacolas verdes rotuladas que esses consumidores podem levar aos pontos de coleta – ensacando todos os plásticos juntos ou, melhor ainda, separando 1s e 2s facilmente identificáveis para uma sacola e outra com qualquer outro tipo de plástico tudo.
No cenário posterior, a CRDC é capaz de gerar renda por meio da verdadeira reciclagem dos 1s e 2s para ajudar a pagar pelo sistema de coleta geral.
Os consumidores são facilmente treinados para identificar com precisão as coisas que são feitas de plástico e, no processo, têm uma ideia de quanto plástico precisam/usam.
O processo CRDC pode usar outras coisas além de contêineres CPG, na verdade, todo o fluxo de resíduos termoplásticos pós-consumo.
Mesmo a folha/plástico usada como embalagem para algo como uma barra de granola pode ser manuseada neste sistema.
Plásticos “compostáveis” ou totalmente biodegradáveis provavelmente serão eliminados durante a etapa de alta temperatura, mas também podem fazer parte do RESIN8 se persistirem.
Se essa abordagem for amplamente expandida, ela poderá fornecer uma melhor alternativa de fim de vida para a maioria dos plásticos, porque há muita demanda potencial do lado da construção.
Fonte: forbes
Traduzido e adaptado por: Flávio H. Zavarise Lemos
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