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A evolução da cobertura de abastecimento de água e de instalações sanitárias na região metropolitana do vale do aço, em minas gerais (1991-2010): O caso de Coronel Fabriciano

Resumo

A fim de contribuir para a reflexão e o debate sobre a questão, particularmente em relação a metodologia utilizada pelo IBGE, este trabalho apresentará e analisará a evolução percentual da população residente atendida pela cobertura de abastecimento de água e de instalações sanitárias, e não somente esgotamento sanitário, por entender o primeiro conceito mais amplo, nos 4 municípios da região metropolitana do Vale do Aço, em Minas Gerais, entre os anos de 1991 e 2010, com destaque para Coronel Fabriciano, polo regional histórico esvaziado pela emancipação de Ipatinga e de Timóteo, após a implantação, a partir da década de 1950, de um parque siderúrgico e metalúrgico formado em torno da instalação da Usiminas. Para tanto, procedeu-se ao cruzamento dos dados absolutos da população moradora em domicílios particulares permanentes, dos três últimos Censos Demográficos (1991, 2000 e 2010), com o total da população beneficiada pela rede regular de abastecimento de água e de instalações sanitárias em cada um dos 4 municípios selecionados, com o objetivo de identificar a razão (percentual) da população coberta por este serviço, em vez de apenas os domicílios contemplados, conceito oficialmente utilizado pelo IBGE. Na análise dos dados, chama a atenção o fato de que, embora diferentes, haja uma igualdade, no cálculo do IBGE, entre as taxas de cobertura de abastecimento de água e de cobertura de instalações sanitárias. Ao contrário de outras grandes instituições de pesquisa de referência, inclusive internacionais, o IBGE considera como instalação sanitária todas as formas de escoadouro utilizadas nos domicílios brasileiros, mesmo as mais precárias, incluindo o despejo direto no solo e em corpos hídricos. Somente a falta de banheiro é considerada como ausência de instalação sanitária. Também chama a atenção o retrocesso na cobertura tanto de abastecimento de água quanto de instalações sanitárias em todos os municípios da região, no período analisado, à exceção de Timóteo. Coronel Fabriciano, porém, apesar da inflexão, involuiu a um nível inferior àquele observado em Ipatinga, seu antigo distrito e município mais dinâmico do Vale do Aço mineiro.

Introdução

A região metropolitana do Vale do Aço (RMVA), de acordo com a delimitação oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui 4 municípios: Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo. Corresponde a uma sobreposição à microrregião de Ipatinga, formada por 13 municípios, dentro da mesorregião Vale do Rio Doce, ou Mesorregião do Leste Mineiro, utilizada nos Censos Demográficos, para enfatizar a polarização urbana e industrial exercida por este município, particularmente seu parque siderúrgico e metalúrgico, formado a partir da década de 1950, em torno da instalação da Usiminas. Poucos anos após a instalação da siderúrgica, em 1964, Ipatinga, então distrito, emancipa-se de Coronel Fabriciano, que também foi penalizado pela emancipação de Timóteo, sede da antiga Acesita (Companhia de Aços Especiais Itabira), atual Aperam South America.

Apesar da influência exercida por Ipatinga na rede e na hierarquia urbana regional, oficialmente a RMVA é considerada uma região metropolitana emergente ou incipiente, o que significa que ela se caracteriza pela ausência de uma metrópole ou cidade-polo. Mesmo assim, ela conta com um colar metropolitano (área de expansão de potencial incorporação futura à região metropolitana), conforme pode-se observar no mapa a seguir, composto por 22 municípios: Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Braúnas, Bugre, Córrego Novo, Dionísio, Dom Cavati, Entre Folhas, Iapu, Ipaba, Jaguaraçu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Periquito, Pingo-d’Água, São João do Oriente, São José do Goiabal, Sobrália.

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Autores: Fernanda Ramos Ferreira e William Souza Passos.

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