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ETE compacta RBC como alternativa para sistemas isolados de tratamento de esgoto

Resumo

Um dos grandes desafios para o setor de saneamento no século XXI é a preservação dos recursos hídricos, que são severamente impactados pelas ações antrópicas. A coleta e o tratamento adequado de esgoto doméstico constantemente é prejudicada devido a expansão urbana acelerada, que não acompanha a expansão do sistema de esgotamento sanitário. Para atender comunidades isoladas, onde a rede coletora de esgoto que não estão interligados ao sistema de tratamento, seja pela topografia da região ou pela sua localização isolada do coletor principal. Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) compactas apresentam vantagens para atender estas comunidades, tanto pela área necessária para a implantação, custo reduzido do projeto e operação simplificada. Entre os diferentes projetos de ETE no mercado se destaca as do tipo RBC (ROTATING BIOLOGICAL CONTACTOR), com a vantagem de ser construída em módulos individuais, permitindo ampliação da vazão do projeto pelo acréscimo de novos módulos, transferência do local de instalação ou como alternativa para a recuperação de uma planta já instalada, como iremos demonstrar neste estudo.

Introdução

A preservação dos recursos hídricos é de suma importância para o desenvolvimento sustentável, garantindo assim este recurso as futuras gerações. Para tanto é necessário encontrar soluções viáveis na gestão destes recurso e evitar a sua degradação. Entre as diversas fontes de contaminação das águas, se destaca o descarte de esgoto doméstico, que deveriam ser coletados e encaminhados para uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Os tipos de Estações de Tratamento de Esgoto mais comuns são: lagoas facultativas, lagoas aeradas, reator anaeróbico de fluxo ascendente e lodos ativados, cada um destes projetos apresentam suas características e parâmetros operacionais, com qualidades e desvantagens próprias. Entre os diferentes projetos de Estações de Tratamento de Esgotos no mercado destacamos o RBC (ROTATING BIOLOGICAL CONTACTOR) (Figura 1), com a vantagem que podem ser construída em módulos individuais o que permitem a ampliação da vazão do projeto pelo acréscimo de novos módulos e transferência do local de instalação.

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ETEs do tipo RBC foram utilizados primeiro na Alemanha Ocidental em 1959, consistindo de um tratamento biológico no qual uma série de discos rotativos, pareados lado a lado, são parcialmente imersos no efluente. As bactérias presentes no efluente, formam colônias que cobrem toda a superfície dos discos, formando uma camada denominada biofilme. A rotação dos discos permitirá uma alternância entre a superfície imersa no efluente e exposto ao ar, deste modo irá permitir que as bactérias absorvam tanto o oxigênio do Ar quanto a matéria orgânica presente no efluente, degradando as impurezas por um processo predominantemente aeróbico. Uma camada do biofilme estará em contato com a superfície do biodisco e não terá contato com o oxigênio do ar, favorecendo o desenvolvimento de bactérias anaeróbicas e permitindo a degradação anaeróbica de uma pequena fração do efluente (Figura 2). Uma das vantagens que este processo apresenta em relação ao lodo ativado é a robustez do sistema, o qual possui um mecanismo para a rotação dos discos e quando ocorre a interrupção do fluxo de efluentes, os biofilmes formados continuam ativos por muito mais tempo, desde que estes permaneçam em rotação.

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A ampliação urbana nem sempre é acompanhada pela extensão do sistema de esgotamento sanitário, com frequência novas áreas urbanizadas apresentam trechos da rede coletora de esgoto que não estão interligados ao sistema de tratamento (Figura 3), seja pela topografia da região ou pela sua localização isolada do coletor principal, nestes casos ETEs compactas apresentam vantagens para atender essas comunidades, tanto pela área necessária para a implantação, custo reduzido do projeto e operação simplificada.

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Na região atendida por nossa unidade há um condomínio de alto padrão, o qual possuía uma ETE de lodo ativado. A estação em questão foi implanta pela incorporadora do empreendimento em 2005 e apresentava uma série de problemas operacionais como efluente chegando por batelada, necessidade de operação assistida, estrutura subutilizada e equipamentos degradados o que tornava necessário a retirada constante da carga do tanque de aeração e uma renovação do lodo ativado, para restaurar o tratamento biológico. A planta também apresentava problemas de manutenção inadequada, com um tratamento primário ineficiente que permitia um grande acumulo de detritos nos tanques de aeração. Para uma reforma adequada desta planta seria necessária uma reestruturação muito ampla o que geraria custos próximos ao de uma ETE nova e estava limitada pelo espaço físico para a execução da obra, além da necessidade da interrupção completa do processo de tratamento por um longo período. Neste cenário a unidade precisava encontrar alternativas para recuperar o processo de tratamento de modo a minimizar o impacto ao meio ambiente, considerando as restrições físicas da área, com custo viável e que oferecesse melhores condições operacional. A partir destas diretrizes a opção de utilizar elementos de uma ETE compacta modular se apresentavam os mais adequados. Diante deste cenário a escolha por um sistema que utiliza módulos do tipo RBC demonstrou ser adequada, devido as suas características de operação, custo de implantação e mobilidade, a qual permitem reaproveitar os módulos em outras unidades em caso de desativação da planta.

Autores: Regis Coelho de Souza e Vagner Emanuel de Myra.

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