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Dimensionamento da Estação de Tratamento de Resíduos da ETA Nobres-MT

Resumo

O desaguamento do lodo tem como objetivo a redução do volume, para facilitar ou mesmo possibilitar o transporte e/ou disposição final dos resíduos do tratamento. Tal processo é realizado nas operações de desidratação, as quais podem ser realizadas por sistemas mecânicos e naturais. Os leitos de secagem, sistemas de fácil operação e econômicos, são constituídos por camada suporte, meio filtrante e sistema de drenagem. Para elaboração do projeto, foi concentrado esforços para buscar as características quantitativas e qualitativas do lodo produzido pela ETA, constituída de 2 unidades de tratamento, para posterior dimensionamento das unidades da estação de tratamento de resíduos. Para a quantificação da vazão de lodo dos pontos de descarga, foram realizadas 2 campanhas. Em relação aos aspectos qualitativos do lodo, foram efetuadas 6 campanhas, abrangendo o período de abril a dezembro de 2015, para amostragens, considerando os períodos com ocorrência de chuva e seca, e posterior análise em laboratório para determinação dos valores de pH, cor, turbidez, sólidos totais, sólidos totais fixos, sólidos totais voláteis, sólidos sedimentáveis, fósforo, nitrogênio e demanda química de oxigênio. Com os dados coletados, estimou-se a produção e volume de lodo seco, volume da água de lavagem dos filtros produzidos pela ETA e foi elaborado uma estação de tratamento de resíduos, sendo 1 tanque de equalização e regularização da vazão do descarte de lodo dos floculadores e decantadores com um volume de 60 m³, 1 tanque de equalização e regularização da água de lavagem dos filtros comvolume de 60 m³ e um sistema de desaguamento de lodo por leitos de drenagem com área total de 162 m².

Introdução

Desde muito tempo, lodos de ETA têm sido destinados para os corpos hídricosmais próximos, e geralmente na própria água que a estação processa. Entretanto, sabe se que este lançamento causa diversos impactos no meio ambiente. Estes por sua vez, são função direta das características físicas, químicas e biológicas do lodo e do corpo receptor. A princípio citam-se: aspectos estéticos decorrentes da elevação da cor e turbidez dos mananciais, o que prejudica a utilização e reduz a penetração de luz, diminuindo a atividade fotossintética e a concentração de oxigênio dissolvido, além de assoreamento e aumento da concentração de metais. O aumento da concentração de metais causa toxicidade aos organismos aquáticos, e podem aumentar a degradação destes ambientes, (CORNWELL et al. 1987; SOUZA FILHO, 1998; RICHTER, 2001 e LIBÂNIO, 2005).

Devido à crescente demanda por água de boa qualidade, em atendimento as exigências para potabilização e ao aumento do grau de contaminação dos corpos d’água, as companhias de saneamento têm cada vez mais aumentado as quantidades de produtos químicos aplicados na água captada, para torná-la potável. Grandes quantidades de lodo são produzidas diariamente, notadamente nas estações de médio e grande porte, impondo um desafio constante à minimização de sua produção e ao tratamento e disposição adequada (HAAK, 2011).

O tratamento da água é realizado através da aplicação de sais de ferro e alumínio, provocando a sedimentação das impurezas da água, formando flocos que são sedimentados/ flotados e posteriormente filtrados para a clarificação final. Este lodo é basicamente líquido, com uma concentração de sólidos em suspensão em 0,004 e 4,0% representando entre 0,2 e 5,0% do volume de água tratada (PROSAB, 2006).

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE (2008), em 2008, o Brasil possuía 5564 municípios, dos quais 56,4% (3141) utilizavam mananciais superficiais para seu abastecimento, e, deles, 26,7% (838) das fontes de captação recebiam algum tipo de poluição ou contaminação. Do total de municípios brasileiros, 37,7% (2098) tratavam lodo nas ETAs e cerca de 67,4% (1415) dispunham os resíduos em rios, geralmente, semqualquer tipo de tratamento. O número de ETAs em operação no ano de 2008 era de 6040 (DI BERNARDO, 2011).

A destinação adequada do lodo gerado nas ETA tem ocupado a agenda dos gestores de companhias de saneamento, agências de bacias hidrográficas, órgãos ambientais e ambientalistas de algumas regiões do Brasil, especialmente aquelas mais densamente ocupadas e desenvolvidas economicamente. Isto devido à pressão dos órgãos ambientais fiscalizadores. Bem como pela necessidade das empresas de saneamento apresentarem bons indicadores de desempenho ambiental, exigidos para obtenção de novos financiamentos nacionais ou internacionais (RIBEIRO, 2008).

Apesar da legislação brasileira exigir que os resíduos gerados em ETAs sejam tratados antes de, direta ou indiretamente, serem lançados nos cursos de água ou no solo, é fácil observar a falta de conscientização dos responsáveis pelo abastecimento de água e de coleta, tratamento e disposição de esgotos sanitários de muitas cidades – quanto à necessidade urgente em resolver o problema relacionado à disposição adequada desses resíduos (Di Bernardo, 2011). Essa situação, além de condenável do ponto de vista ambiental, é insustentável também do ponto de vista legal, sendo que lodos de ETA são classificados como resíduos sólidos pela NBR 10004 (ABNT, 2004), seu lançamento in natura no meio ambiente é vedado pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos, disposta pela Lei n° 12.305 (BRASIL, 2010).

A desidratação ou remoção de uma parcela de água do lodo tem por objetivo a redução do volume. A remoção da água livre dos sólidos pode ser realizada através de sistemas naturais (leitos de secagem, lagoas de lodo, bag’s) e sistemas mecânicos (filtro prensa, prensa desaguadora, centrífuga e filtros a vácuo). Devem ser estudadas alternativas para solucionar o problema do lodo em cada ETA. A tecnologia de tratamento e disposição do lodo deve ser compatível com as condições locais, com a disponibilidade de área, localização, existência de mão-de obra qualificada e principalmente ser técnica e economicamente viável (OLIVEIRA, 2010).

O Brasil apresenta condições favoráveis de espaço e recursos naturais que quando aliadas ao baixo custo de instalação e operação, indicam potencial vantagem na adoção de sistemas naturais para o tratamento de resíduos de ETAs, em especial os leitos de drenagem/secagem (SILVEIRA, 2012).

Em função da qualidade da água bruta, da capacidade da ETA, dos produtos químicos usados e do tipo de tecnologia, podem ser gerados resíduos com características diversas, o que dificulta a extrapolação de dados de uma situação para outra. Vale dizer que, em cada caso, é preciso coletar amostras nas unidades que geram os resíduos e caracterizá- los qualitativa e quantitativamente. Informações podem ser obtidas em estudo dos dados de registros operacionais de ETAs existentes. Obviamente, devem ser realizados estudos nas unidades das ETAs, com vista à diminuição da quantidade de lodo, pois as Estações de Tratamento de Resíduos – ETRs apresentam custos relativamente elevados de implantação, operações e manutenção (DI BERNARDO, 2011).

Autores: Gustavo Anderle; Stuart C. Bueno Da Silva e Welitom Ttatom Pereira Da Silva.

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